Simplesmente um Sentido
“... Admira-se, por vezes,
que a mediunidade seja concedida a pessoas indignas e capazes de fazer mau uso
dela...”
“... a mediunidade se
prende a uma disposição orgânica da qual todo homem pode estar dotado, como a
de ver, de ouvir, de falar...”
(Capítulo 24, item 12.)
Mediunidade
é uma percepção mental por meio da qual a alma sutiliza, estimula e aguça seus
sentidos, a fim de penetrar na essência das coisas e das pessoas. E uma das
formas que possuímos para sentir a vida, é o “poder de sensibilização” para ver
e ouvir melhor a excelência da criação divina.
Faculdade
comum a todos, é nosso sexto sentido, ou seja, o sentido que capta, interpreta,
organiza, percebe e sintetiza os outros cinco sentidos conhecidos.
Nossa
humanidade, à medida que aprende a desenvolver suas impressões sensoriais
básicas, automaticamente desenvolve também a mediunidade, como conseqüência.
Também conhecida como intuição ou inspiração, é ela que define nossa interação
com o mundo físico-espiritual.
As
reflexões direcionadas para as áreas morais e intelectuais são muito
importantes, pois abrem contatos como “perceber” ou com o “captar”, o que nos
permite ouvir amplamente as “sonoridades espirituais” que existem nas faixas
etéreas, das diversas dimensões invisíveis do Universo.
Por outro
lado, a mediunidade nunca deverá ser vista como “láurea” ou “corretivo”, mas
unicamente como “receptor sensório” - produto do processo de desenvolvimento da
natureza humana.
Foram
imensos os tempos da ignorância, em que a ela atribuíam o epíteto de “dádiva
dos deuses” ou “barganha demoníaca”; na atualidade, porém, está cada vez mais
sendo vista com maior naturalidade, como um fenômeno espontâneo ligado a
predisposições orgânicas dos indivíduos.
Ver,
todos nós vemos, a não ser que tenhamos obstrução dos órgãos visuais; já as
formas de ver são peculiares a cada sensitivo. Escutar é fenômeno comum; no
entanto, a capacidade de ouvir além das aparências das coisas e das palavras
articuladas é fator de lucidez para quem já desenvolveu o “auscultar” das
profundezas do espírito.
Além do
mais, a facilidade de comunicação com outras dimensões espirituais não é dada
somente aos chamados “agraciados” ou “dignos”, conforme nossa estreita maneira
de ver. Como a Natureza Divina tem uma visão igualitária, concedendo a seus
filhos, sem distinção, as mesmas oportunidades de progresso, é autêntica a
sábia assertiva: “Deus não quer a morte do ímpio”, (1) mas que ele cresça e
amadureça dispondo da multiplicidade das faculdades comuns a todos, herança
divina do Criador para suas criaturas.
Por isso,
encontramo-la nos mais diferentes patamares evolutivos, das classes sociais e
intelectivas mais diferenciadas até as mais variadas nacionalidades e credos
religiosos. Embora com denominações diferentes, a mediunidade sempre esteve
presente entre as criaturas humanas desde a mais remota primitividade.
A propósito,
não precisamos ter a preocupação de “desenvolver mediunidade”, porque ela, por
si só, se desenvolverá. É imprescindível, entretanto, aperfeiçoá-la e
esmerá-la quando ela se manifestar espontaneamente. Nunca forçá-la a “acontecer”,
porque, ao invés de deixarmos transcorrer o processo natural, nós iremos
simplesmente “fazer força”, ou
melhor, “agir improdutivamente”.
Em vista
disso, treinamentos desgastantes para despertar em nós “dons naturais” é
incoerente. Saber esperar o amadurecimento dos órgãos infantis é o que nos
possibilitou ver, falar, andar, ouvir, sentir, saborear ou preferir. Por que
então a mediunidade, considerada uma aptidão ontogenética do organismo humano,
necessitaria de tantas implicações e imposições para atingir a plenitude?
Aprofundando
nossas apreciações neste estudo, encontramos, no “dia de Pentecostes”, (2) uma
das maiores afirmações de que são espontâneas as manifestações mediúnicas e de
que é natural seu despertar junto aos homens, quando foram desenvolvidas
repentinamente as possibilidades psicofônicas dos apóstolos ao pousar “línguas
de fogo”, isto é, “mentes iluminadas” sobre suas cabeças, sem que eles
esperassem ou invocassem o fenômeno.
A
sensibilização progressiva da humanidade é uma realidade. Ela se processa, nos
tempos atuais, de maneira indiscutível, pois, em verdade, “o Espírito é
derramado sobre toda a carne”, (3) tomando os efeitos espirituais cada vez mais
eloqüentes, incontestáveis e generalizados.
(1) Ezequiel 33:11.
(2) Atos 2:1 ao 8.
(3)Atos 2:17.
RENOVANDO ATITUDES
ESPIRITO HAMMED
MEDIUM FRANCISCO ESPIRITO SANTOS NETO
Capítulo 24, item 12
0 comentários:
Postar um comentário