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10 de abr. de 2013

HOMENS APARÊNCIA


 


 
 

    A falta de uma consciência idealista, na qual predomina o bem geral sem os impulsos egoístas que trabalham em favor do imediatismo, torna difícil a realização da liberdade.

Para lográ-la até a plenitude, faz-se mister um seguro co­nhecimento interior do homem, das suas aspirações e metas, bem como os instrumentos de   trabalho  com os quais preten­de movimentar-se.

Ignorando as reações pessoais sempre imprevisíveis, fa­cilmente ele tomba nas ciladas da violência ou entrega-se àdepressão, quando surgem dificuldades e as respostas ao seu esforço não correspondem ao anelado.

Incapaz de controlar-se, mantendo uma atitude criativa e otimista, mesmo em face dos dissabores, a liberdade se lhe transforma em uma conquista vazia, cuja finalidade é per­mirtir-lhe extravasar os impulsos primitivos e as paixões agressivas, em atentado cruel contra aquilo que pretende: o anseio de ser livre.

O homem livre, sonha e trabalha, confia e persevera, se­meando, em tempo próprio, a feliz colheita porvindoura.

Não se pode conseguir de um para outro momento a li­berdade, nem a herdar das gerações passadas. Cada indiví­duo a conquista lentamente, acumulando experiências que amadurecem o discernimento e a razão de que se utiliza no momento de vivenciá-la.

Ela começa na escolha de si próprio, conforme o enunci­ado cristão do “amar ao próximo como a si mesmo” se ama, por quanto não existindo este sentimento pessoal de respeito à própria individualidade, que propõe os limites dos direitos na medida dos deveres executados, não se pode esperar con­sideração aos valores alheios, com a conseqüente liberdade dos outros indivíduos.

Esse amor a si mesmo ergue o homem aos patamares su­periores da vida que a sua consciência idealista descortina e o seu esforço produz. Meta a meta, ele ascende, fazendo op­ções mais audaciosas no campo do belo, do útil, do humano, deixando pegadas indicadoras para os indecisos da retaguar­da. Sua personalidade se ilumina de esperança e a sua condu­ta se permeia de paz.

Lentamente, são retiradas as aparências do conveniente social, do agradável estatuído, do conforme desejado, para que a legítima identidade apareça e o homem se torne o que realmente é.

Na consciência profunda está ínsita a verdadeira liberda­de, que deve ser buscada mediante o mergulho no âmago do ser e a reflexão demorada, propiciadora do autoconhecimen­to.

Em realidade o homem é livre e nasceu para preservar este estado.

Esvaziados de objetivos elevados, os movimentos dos grupos sociais como dos indivíduos proporcionam a anar­quia, que se mascara de liberdade, destacando-se a violência de um lado e o conformismo de outro, sem um relaciona­mento saudável entre as criaturas. Dissimulam-se os senti­mentos para se apresentarem bem, conforme o figurino vi­gente, detestando-se fraternalmente e vivendo a competição frenética e desgastante para cada qual alcançar a supremacia no grupo, agradando o ego atormentado.

Desencadeia-se um distúrbio no conjunto social, que afe­ta o homem, por sua vez perturbando mais o grupo, em círcu­lo vicioso, no qual a causa, gerando efeitos, estes se tornam novas causas de tribulação.

Reverter o sistema injusto e desgastante, no qual se mede e valoriza o homem pelo que tem, e não pelo que é, em razão do que pode, não do que faz, é o compromisso de todo aquele que é livre.

A desordenada preocupação por adquirir, a qualquer pre­ço, equipamentos, veículos, objetos da propaganda alucina­da; a ansiedade para ser bem-visto e acatado no meio social; o tormento para vestir-se de acordo com a moda exigente; a inquietação para estar bem informado sobre os temas sem profundidade de cada momento transtornam o equilíbrio emocional da criatura, arrojando-a aos abismos da perda da identidade, à desestruturação pessoal, à confusão de valores.

Homens-aparência, tornam-se quase todos. Calmos ou não, fortes ou fracos, ricos ou pobres enxameiam num con­texto confuso, sem liberdade, no entanto, em regime político e social de liberdade, atulhados de ferramentas de trabalho como de lazer, desmotivados e automatistas, sem rumo. Pros­seguem, avançando — ou caminhando em círculo? — desnor­teados na grande horizontal das conquistas de fora, temendo a verticalidade da interiorização realmente libertadora.

 

Do livro: O Homem Integral – Divaldo Pereira Franco/Joanna Di Ângelis
 

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