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Velhas recordações, velhas doenças





       “Quantas vezes perdoarei a meu irmão? Perdoar-lhe-eis não sete vezes, mas setenta vezes sete vezes...”
       “... Escutai, pois, essa resposta de Jesus e, como Pedro, aplicai-a a vós mesmos; perdoai, usai de indulgência, sede caridosos, generosos, pródigos mesmo de vosso amor...”
(Capítulo 10, item 14.)

Trazemos múltiplos clichês mentais arquivados no inconsciente profundo, resultado de velhas recordações danosas herdadas das mais variadas épocas, seja na atualidade, seja em outras existências no passado distante.
Essas fontes emitem, através de mecanismos psíquicos, energias que não nos deixam sair com facilidade do fluxo desses eventos desagradáveis, registrados pelas retinas da alma, man­tendo-nos retidos em antigas mágoas e feridas morais entre os fardos da culpa e da vergonha.
Por não recordarmos que o perdão a nós mesmos e aos outros é um poderoso instrumento de cura para todos os males, éque impedimos o passado de fluir, não dando ensejo à renovação, e sim a enfermidades e desalentos.
Tentamos viver alienados dos nossos ressentimentos e ve­lhas amarguras, distraindo-nos com jogos e diversões, ou mesmo buscando alívio no trabalho ininterrupto, mas apenas estamos adiando a solução futura da dor, porque essas medidas são temporárias.
É mais fácil dizer que se tem uma úlcera gástrica do que admitir um descontentamento conjugal; é mais fácil também consentir-se portador de uma freqüente cólica intestinal do que aceitar-se como indivíduo colérico e inflexível.
Muitas moléstias antes consideradas como orgânicas estão sendo reconhecidas agora como “psicossomáticas”, porque se encontraram fatores psicológicos expressivos em sua origem.
As insanidades físicas são quase sempre traduzidas como somatizações das recordações doentias de ódio e vingança, que, mantidas a longo prazo, resultam em doenças crônicas.
Dessa forma, compreenderás que a gravidade e a duração dos teus sintomas de prostração e abatimento orgânico são dire­tamente proporcionais à persistência em manteres abertas tuas velhas chagas do passado.
As predisposições físicas das pessoas às enfermidades nada mais são do que as tendências morais da alma, que podem modificar as qualidades do sangue, dando-lhe maior ou menor atividade, provocar secreções ácidas ou hormonais mais ou menos abundantes, ou mesmo perturbar as multiplicações celulares, comprometendo a saúde como um todo.
Portanto, as causas das doenças somos nós sobre nós mes­mos, e, para que tenhamos equilíbrio fisiológico, é preciso cuidar de nossas atitudes íntimas, conservando a harmonia na alma.
Indulgência se define como sendo a facilidade que se tem para perdoar. Muitos de nós ficamos constantemente tentando provar que sempre estivemos certos e que tínhamos toda a razão; outros ficam repisando os erros e as faltas alheias. Mas, se quisermos saúde e paz, libertemo-nos desses fardos pesados, que nos impedem de voar mais alto, para as possibilidades do perdão incondicional.
Perdoar não significa esquecer as marcas profundas que nos deixaram, ou mesmo fechar os olhos para a maldade alheia. Perdoar é desenvolver um sentimento profundo de compreensão, por saber que nós e os outros ainda estamos distantes de agir corre­tamente. Por não estarmos, momentaneamente, em completo contato com a intimidade de nossa criação divina, é que todos nós temos, em várias ocasiões, gestos de irreflexão e ações inadequadas.
Das velhas doenças nos libertaremos quando as velhas recordações do “não-perdão” deixarem de comandar o leme de nossas vidas.



RENOVANDO ATITUDES
FRANCISCO DO ESPÍRITO SANTO NETO
DITADO PELO ESPÍRITO HAMMED

49 - Velhas recordações, velhas doenças
Capítulo 10, item 14

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Dialogo com as Sombras 2ª PARTE(13,14) - O Dirigente das Trevas

13 - O Dirigente das Trevas
14 - O Planejador







13 - O DIRIGENTE DAS TREVAS

Esta é uma figura freqüente nos trabalhos de desobsessão. Comparece para observar, estudar as pessoas, sondar o doutrinador, sentir mais de perto os métodos de ação do grupo, a fim de poder tomar suas “providências”. Foi geralmente um encarnado poderoso, que ocupou posições de mando. Acostumado ao exercício da auto­ridade incontestada, é arrogante, frio, calculista, inteligente, expe­rimentado e violento. Não dispõe de paciência para o diálogo, pois está habituado apenas a expedir ordens e não a debater problemas, ainda mais com seres que considera inferiores e ignorantes, como os pobres componentes de um grupo de desobsessão. Situa-se num plano de olímpica superioridade e nada vem pedir; vem exigir, ordenar, ameaçar, intimidar.
Tais dirigentes são ágeis de raciocínio, envolventes, inescrupu­losos, pois o poder de que desfrutam não pode escorar-se na do­çura, na tolerância, na humildade, e sim na agressividade, na des­confiança, no ódio. Enquanto odeiam e infligem dores aos outros, estão esquecidos das próprias angústias, como se a contemplação do sofrimento alheio provocasse neles generalizada insensibilização.
Evitam descer do pedestal em que se colocam para revelar-nos seus problemas pessoais, mesmo porque, consciente ou inconscien­temente, temem tais revelações, que personalizam os problemas que enfrentam e os colocam na “perigosa” faixa de sintonia emocional que abre as portas de acesso à intimidade do ser.
Não são executores, gostam de deixar bem claro, são chefes. Estao ali somente para colher elementos para suas decisões; a exe­cução ficará sempre a cargo de seus asseclas. Comparecem cerca­dos de toda a pompa, envolvidos em imponentes “vestimentas”, portando símbolos, anéis, indicadores, enfim, de “elevada” condição. Estão rodeados de servidores, acólitos, guardas, escravos, assessores, às vezes “armados”, “montados” em “animais” ou transportados sob “pálios”, como figuras de grandes sacerdotes e imperadores.
Um deles me disse, certa vez, que eu não o estava tratando com o devido respeito — o que não era verdadeiro — porque achava impertinentes minhas perguntas e comentários. Para me dar uma idéia da sua grandeza, informou-me que, quando se des­locava, iam à frente dele áulicos, tocando campainhas portáteis, para que todos abrissem alas e soubessem quem vinha.
Pobre irmão desorientado! Num irresistível processo de regres­são de memória, invisível aos nossos olhos, mas de tremendo rea­lismo para ele, contemplou, com horror, sua antiga condição: par­ticipara do doloroso drama da Crucificação do Cristo. O impacto desta revelação, ou seja, desta lembrança, que emergiu, incontro­lável, dos registros indeléveis do seu perispírito, deixaram-no em estado de choque e desespero, pois vinha nos afirmando, desde a primeira manifestação, que era um dos trabalhadores do Cristo e não desejava senão restabelecer o poderio da “sua” Igreja.


14 - O PLANEJADOR

Este é frio, impessoal, inteligente, culto. Maneja muito bem o sofisma, é excelente dialético, pensador sutil e aproveita-se de qualquer descuido ou palavra infeliz do doutrinador para procurar confundi-lo. Mostra-se amável, aparentemente tranqüilo e sem ódios. Não se envolve diretamente com os métodos de trabalho das orga­nizações trevosas, ou seja, não expede ordens, nem as executa; limita-se a estudar a problemática do caso e traçar os planos com extrema habilidade. Os planejadores são elementos altamente cre­denciados e respeitados na comunidade do crime invisível.
Tivemos vários casos dessa natureza. Citarei um.
Apresentou-se mansamente. Nada de gritos, de murros ou de -violências. Sorria, até. Era um sacerdote, dizia-se muito importante e foi logo declarando que não era dos que executam, pois em sua organização o trabalho era bem distribuído. Aliás, informou, per­tencia a outro setor de atividade, mas havia sido convidado — e gentilmente acedeu, por certo — para dar “parecer” sobre o caso de que estávamos cuidando, um complicado problema de obsessão. Consultara a lista de “baixas” que a organização solicitante havia sofrido, entendendo-se por “baixa”, naturalmente, aqueles que se deixaram converter à doutrina do amor, através da reeducação moral de que nos fala Kardec. Sente-se, evidentemente, muito en­vaidecido de sua brilhante inteligência e do poder e satisfação que isso lhe dá. Sua meta: restabelecer o prestígio da Igreja, muito abalado nestes últimos tempos. Acha que foi um mal sufocar o pensamento e não permitir que a razão imperasse na Igreja, que hoje estaria ainda dominando os homens. A certa altura, propõe um acordo entre dois lideres: ele e eu. Digo-lhe, com toda hones­tidade, que não sou líder e não tenho condições de negociar com ele; que procure meus superiores.
Com o passar das semanas, ele verifica que o problema é mais complexo do que esperava, e se apresta a abandonar o caso, com o qual não pretende envolver-se, já que sua tarefa é noutra orga­nização. Dar-nos-á uma trégua. Tem um momento de honesta can­dura, ou realismo, como queiram: acha-se um cínico, pois sempre desprezou, mesmo “em vida”, aqueles que, em elevadas posições hierárquicas, consultavam a ele, simples mortal, valendo-se de sua brilhante inteligência. É evidente, porém, que sente enorme satis­fação ao recordar que, da sua “humilde” posição, manobrava os grandes, que lhe pediam conselhos e sugestões, porque já àquele tempo era um hábil articulador.
Há um “post scriptum” a esta narrativa: a conversão deste companheiro representou uma perda irreparável para as hostes das sombras, porque os impetuosos e agressivos chefes, e os executo­res teleguiados, sentem-se sem condições de estudar meticulosa-mente e traçar friamente um plano de trabalho que se desdobre como vasta e complexa operação de um xadrez psicológico. É pre­ciso prever reações, estudar personalidades, propor concessões e arquitetar alternativas e opções, em caso de alguma falha ou mu­dança de condições básicas. Nada pode ser deixado ao acaso, à improvisação, ao impulso. Por isso, os planejadores gozam de enor­me prestígio e respeito nas organizações trevosas.
Pelas reações de irmãos, também desequilibrados, que se apre­sentaram posteriormente ao nosso grupo, para tratamento, soube­mos da perda irreparável que representou, para as hostes da sombra, o despertamento desse companheiro. Seus comparsas compareciam dispostos a tudo para resgatá-lo, pois julgavam-no nosso prisioneiro. É preciso compreender bem tais reações. Os irmãos desorientados empenham-se em verdadeiras campanhas belicosas, nas quais tudo vale e tudo é permitido, desde que os fins sejam alcançados. For­mam suas estruturas organizacionais segundo as afinidades, por certo, mas, acima de tudo, segundo os interesses que tenham em comum. Para alcançarem os objetivos que têm em mira, organizam verdadeiro estado-maior de lideres brilhantes, experimentados e audaciosos. Toda campanha é estudada, planejada e executada com precisão militar e dentro de rigoroso regime disciplinar, onde não se admite o fracasso. Quem falhar perde a proteção de que des­fruta, por achar-se ligado à organização poderosa, que domina pelo terror impiedoso, destemido, agressivo, implacável. Eles sabem muito bem que, ao desligarem-se da organização, estarão sozinhos diante de seus próprios problemas pessoais.
Nessas estruturas rígidas, o planejador exerce função impor­tantíssima, porque é dos poucos, ali, que conservam a cabeça fria para conceber os planos estratégicos indispensáveis. Seus companheiros de direção costumam ser impetuosos homens de ação, que se entregam facilmente ao impulso desorientado de partir para a ação pessoal isolada, se não tiverem quem os contenha dentro de um inteligente planejamento global, que proteja não apenas os inte­resses de cada um dos componentes, isoladamente, mas também a segurança da organização. O planejador é o poder moderador, dotado de habilidade bastante para demonstrar, e provar aos “ca­beças-quentes”, que o interesse coletivo precisa sobrepor-se ao indi­vidual, por mais forte que seja este. É preciso que cada compo­nente da sinistra máfia espiritual compreenda que os casos pessoais de cada um — vinganças, perseguições, conquistas de posições —passam a constituir objeto de cogitação coletiva, e, como tal, têm que esperar a vez e a oportunidade, submetendo-se à mesma estra­tégia: estudo, planejamento e ação, tudo a tempo e hora. Nada de ações isoladas, atabalhoadas, que desperdiçam esforços e põem em risco a segurança da comunidade. Tudo se fará no tempo devido, e todos têm direito à utilização dos recursos da organização: seus técnicos, seus instrumentos, seus “soldados” e trabalhadores de toda a natureza. No interesse de todos, portanto, a coisa tem que funcionar com muita precisão e firmeza. O planejador é, pois, figura importantíssima na ordenação dessas tarefas maquiavélicas. Sua perda acarreta uma desorientação geral. É difícil, senão impos­sível, para os companheiros que permanecem na organização das sombras, admitir que alguém tão lúcido e brilhante se tenha dei­xado convencer por um doutrinador encarnado.
Como não conseguem admitir isso, somente podem concluir pela alternativa mais viável: o companheiro foi seqüestrado, violentado em sua vontade e levado prisioneiro para alguma perdida mas­morra. É preciso reunir forças e desencadear uma ação fulminante para resgatá-lo. Por isso, logo após a perda de um elemento im­portante — planejador ou executor —, fatalmente comparece ao grupo um truculento representante das trevas, para levá-lo “de qualquer maneira”. É hora, então, da ameaça, dos gritos, dos murros, ou então, dos conchavos, das ofertas de trégua. A essa altura, porém, já estão agindo à base do impulso emocional, que nunca foi bom conselheiro, ainda mais em situações de crise. Équando mais precisam de um competente planejador. E o deses­pero de não tê-lo leva ao desvario, que muitas vezes os deixa completamente desarvorados. Daí a importância que os trabalha­dores do bem conferem aos planejadores. Daí o prestígio e o res­peito que esses brilhantes estrategistas gozam nas comunidades trevosas. Os líderes militares são bons na ação, mas quase nunca dispõem de condições para estudar meticulosamente e traçar fria-mente um plano de trabalho, que se desdobre como vasta e com­plexa operação de um xadrez psicológico. Não estão lidando mais com dados concretos, como no tempo em que exerciam tais funções na Terra. Não basta preparar soldados e equipamentos, estudar o terreno, comprar armamentos e entrar em ação. A tarefa é muito mais sutil, porque envolve inúmeros fatores imponderáveis, que subitamente emergem da imprevisível condição humana. É preciso prever tais reações, estudar personalidades, propor concessões e arquitetar alternativas e opções, na eventualidade de alguma falha ou mudança das condições básicas inicialmente articuladas. Nada pode ser deixado ao acaso, à improvisação, ao impulso.
Há pouco, falava um desses líderes das trevas sobre a sofis­ticação da sua aparelhagem. Andaram gravando nossas reuniões em “video tape” — a expressão é dele mesmo — para estudar-nos. Tinham nossas “fichas” completas, minuciosamente levantadas, bem como gravações e relatórios a nosso respeito, sendo esse material todo colhido na indormida vigilância que exercem sobre nós. De­pois de tudo documentado, estudam-nos em grupos de trabalho, cabendo, então, aos planejadores elaborar a programação da “cam­panha”. Mesmo enquanto conversam conosco, no decorrer da sessão mediúnica, acham-se ligados aos seus redutos, por fios e apare­lhagem de transmissão, com o propósito de se manterem firmes, apoiados pelos companheiros que lá ficam, para que não sejam ar­rastados pela “fraqueza” da conversão ao bem. Esquecem-se de que, por aqueles mesmos dispositivos, a conversa do doutrinador também é transmitida e produz lá, naqueles redutos, certos impactos, num ou noutro coração mais predisposto ao apelo do amor fraterno.

*

Um desses sutis planejadores nos causou impressão profunda. Não viera especificamente para debater conosco, mas para tentar recuperar um Espírito que havíamos conseguido atrair e convencer de seus enganos. Ao incorporar-se no médium, demonstra indis­farçável embaraço por encontrar-se ali. Hesita e negaceia, pare­cendo estar realmente desarmado e perplexo. Aos poucos, inter­rogado com prudência paciente, vai revelando sua história.
Fora realmente apanhado desprevenido, pois não sabia que o grupo era aquele e, se o soubesse, não teria vindo. É estranho que ignorasse isto...) Conhece o nosso mentor e, ao vê-lo, tentou recuar e voltar sobre seus passos, mas já era tarde. Identifica, num membro encarnado do grupo, uma pessoa que teria conhecido na França, no século passado. É portanto, contemporâneo de Kardec e não esconde que conhece a Doutrina Espírita, até mais do que nós, segundo informa, sem falsa modéstia. Declara-se conselheiro e planejador da organização à qual se acha filiado. Está convicto de que o Espiritismo precisa de uma “revisão” atualizadora e ele é um dos que colaborou no preparo de certa matriz (palavra sua) que dará origem a uma forma “moderna” de Espiritismo. Essa matriz era sustentada pelas emanações mentais de alguns compa­nheiros encarnados, atuantes no movimento e aos quais foi prome­tida uma fatia de poder.
Está perfeitamente consciente de suas responsabilidades e não deseja recuar do pacto feito com seus superiores, que prevê, para ele, uma substancial parcela de poder e proteção para uma filha que estaria encarnada e muito assediada por Espíritos trevosos. Encaixo, a essa altura, um comentário, dizendo-lhe que nenhum pacto a protegerá dos seus compromissos cármicos, com o que ele parece concordar com o seu silêncio. Afinal, admite que não fez acordo com a treva: ele é a própria treva, e continua a sentir-se embaraçado diante de nós.
Depois de uma longa conversa, meramente informativa, em que ele vai revelando sua história, parece tomar uma decisão mais drástica e começa a falar em altos brados, a dar com as mãos na mesa, mas sinto nele falta de convicção.
Deixo-o falar, para vazar a sua cólera, a sua frustração e o seu temor, até que ele se acalma um pouco e começa a dar-me conselhos e fazer algumas confidências. Está em crise. Lembra-se de passadas encarnações e da constante presença do Cristo em suas vidas, mas também das inúmeras vezes em que, a seu ver, traiu o Mestre. Gostaria de voltar a ser um humilde galileu. Por fim, agarra as nossas mãos, chama-nos de amigos e nos adverte — agora com total sinceridade — dos riscos da nossa tarefa, e parte, em pranto, orando ao Cristo.
Também a sua perda desencadeou sobre o grupo um processo de agressões violentas e passionais. Ë difícil encontrar um bom planejador para repor uma “baixa” importante como essa...
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Dialogo com as Sombras 2ª PARTE - Deformações (12)





12 - DEFORMAÇÕES

O perispírito é o veículo das nossas emoções. O Espírito pensa, o perispírito transmite o impulso, o corpo físico executa. Da mesma forma, as sensações que vêm de fora, recebidas através dos sen­tidos, são levadas ao Espírito pelos mecanismos perispirituais. É o perispírito que preside à formação do ser, funcionando como molde, a ordenar as substâncias que vão constituir o corpo físico. É nele que se gravam, como num “video tape”, as nossas experiências, com suas imagens, sons e emoções. Isto se demonstra no processo de regressão da memória, espontâneo ou provocado, no qual vamos des­cobrir, com todo o seu impacto, cenas e emoções que pareciam diluídas pelos milênios. É ele, pois, a nossa ficha de identidade, com o registro intacto da vida pregressa, a nossa folha corrida o nosso prontuário.
Ele é denso, enquanto caminhamos pelos escuros caminhos de muitos enganos, e vai-se tornando cada vez mais diáfano, à medida que vamos galgando estágios mais avançados na escalada evolutiva. É nele, portanto, que se gravam alegrias e conquistas, tanto quanto as dores. Mas, como tudo no universo obedece à lei irrevogável da sintonia vibratória, parece que, ao nos desfazermos dos fluídos mais pesados e escuros, que envolvem o nosso perispírito, nos pri­meiros estágios evolutivos, vamos também nos libertando das ma­zelas que naqueles fluídos se fixavam, ou seja, vamos nos purifi­cando. Seria quase inadmissível a deformação perispiritual num ser de elevada condição moral. É, no entanto, muito comum na­queles que se acham ainda tateando nas sombras de suas paixões, e os trabalhadores da desobsessão encontram fatos dramáticos dessa natureza, a cada passo.
Muitos casos desse tipo tenho presenciado, desde pequenos cacoetes, ou apenas sensações quase físicas, até deformações e mutilações terríveis, culminando com as mais dolorosas ocorrências de zoantropia. (1)
Vimos, linhas atrás, alguns exemplos de mutilação provocada por “ratos” e “baratas”, em masmorras tenebrosas do mundo trá­gico das dores. Encontramos, na prática mediúnica, inúmeros exem­plos aflitivos de desequilíbrio perispiritual.
Um antigo sacristão português, desencarnado, era recompen­sado, pela tarefa de lançar discórdias, com abundantes “refeições”, regadas a bom “vinho” de sua terra.
Um ex-oficial nazista, que não se identificou, mostrou-se deses­perado de fome. Renunciou a toda a arrogância, com que a prin­cípio se apresentou, e humilhou-se, para pedir-nos, em voz baixa, para que ninguém o ouvisse, um simples pedaço de pão.
Tivemos casos de deformações “físicas”, como a daquele irmão atormentado que trazia o braço paralítico. Quando me ofereci para curá-lo com um passe, ele declarou que, assim, teria mais um braço para brandir o chicote com que castigava suas vítimas.
De outras vezes, apresentaram-se pobres infelizes, que não podiam expressar-se senão por gestos, porque a língua lhes tinha sido extirpada. Um destes, depois de reconstituída a sua condição, em vez de agradecer a Deus o benefício que acabava de receber, declarou que se vingaria daquele que, em antiga existência, man­dara mutilá-lo. Foi-lhe mostrado, então, que, em existência anterior àquela, ele próprio mandara cortar a língua daquele mesmo que, depois, ordenou a sua mutilação. Nem assim ele se deu por achador aquele a quem ele privara da língua não passava de um cão, pois era um mero escravo... Havia, porém, chegado a sua vez, e ele, não resistindo à realidade, entrou numa crise de arrependimento que o salvou.
Um dos casos mais dramáticos que presenciei foi o de um com­panheiro que havia sido reduzido, por métodos implacáveis de hip­nose, à condição de um fauno. Estava de tal maneira preso à sua indução, que não podia falar, pois um fauno não fala. A despeito de tudo, porém, acabou falando inteligivelmente, para enorme sur­presa sua. Fazendo o médium exibir suas mãos, dissera:

1)  Zoantropia, segundo o dicionário, é uma variedade de monomania em que o doente se julga convertido em animal.

      — Veja. Não tenho mãos, e sim cascos.
Estivera mergulhado, por séculos a fio, num tenebroso antro, onde conviveu, sob as mais abjetas condições subumanas, com outros seres reduzidos a condições semelhantes à sua, e que nem mais se conscientizavam de terem sido criaturas racionais. Fora também um poderoso, aí pelo século 15, na Alemanha, e deve ter cometido erros espantosos.
Um dos companheiros do grupo forneceu-nos recursos ecto­plasmáticos e, com nossos passes e o apoio que obtivemos através da prece, foi possível restituir-lhe a forma perispiritual de ser hu­mano. Alcançado esse ponto, um dos benfeitores presentes infor­mou-nos do seu nome, pois ele não sabia quem era. Retomada a sua identidade, caiu numa crise de choro comovedora e teve um impulso de generosidade, lamentando não ter condições de volver sobre seus passos, para salvar os companheiros que continuavam retidos nas medonhas masmorras de onde conseguiram resgatá-lo.
Tivemos, certa ocasião, um doloroso caso de licantropia. Ao apresentar-se, incorporado no médium, o Espírito não consegue articular nenhuma palavra. Inteiramente animalizado, sabe apenas rosnar, esforçando-se por me morder. Embora o médium se man­tenha sentado, ele investe contra mim, procurando atingir-me com as mãos, dobradas, como se fossem patas; de vez em quando, ameaça outro componente do grupo. Lembro-me de vagas cenas de atividades em desdobramento noturno, quando resgatamos, de sinistra região das trevas, um ser vivo que, em estado de vigília, não consegui caracterizar.
Como ele não tinha condições de falar, falei eu, tentando con­vencê-lo de que era um ser humano, e não um animal. A conversa foi longa e difícil. Sabia que, diretamente, ele ainda não tinha pos­sibilidade de entender com clareza as palavras que eu dizia, mas estava certo de que, aos poucos, se tornaria sensível às vibrações de carinho e compreensão que sustentavam aquelas palavras. Fa­lei-lhe, pois, continuamente, por longo tempo, procurando desiman­tá-lo, para libertá-lo do seu terrível condicionamento. Repetia-lhe que era um ser humano e não um animal; que tinha mãos, e não patas, unhas e não garras. Às vezes, ele tinha crises assustadoras, gargalhando, alucinado. Insistia em ferir-me, com as suas “gar­ras”, e tentou, mesmo, agredir-me, com as duas mãos, como se ten­ tasse abrir-me o peito, para arrancar-me o coração. Mantive calma inalterada, a despeito da profunda e dolorosa compaixão, e da ter­nura que sentia por ele. Foi um momento que exigiu muita vigi­lância e enorme cobertura espiritual, para que o grupo não entrasse em pânico, e não se perdesse a oportunidade de servir a um irmão tão desesperado. Não podíamos esquecer, por um minuto, que ele não era um animal irracional, mas uma criatura humana, que se tornou temporariamente irracional, em decorrência do seu terrível comprometimento ante as leis divinas.
Tínhamos que falar a ele como a um irmão em crise, não a um lobo feroz. Aparentemente, estava em estado de inconsciência total, mas, no fundo do ser, ele preserva os valores imortais do espírito, com todas as aquisições feitas no rosário de vidas que já tinha vivido. É quase certo que tivesse uma bagagem respeitável de conhecimentos e recursos, pois na escalada espiritual nada se perde, em termos de aprendizado. É certo, ainda, que dívidas assim tão grandes e penosas, somente podem ter sido assumidas em posições de relevo, nas quais hou­vesse oportunidade para oprimir o semelhante impunemente, sob a proteção de imunidades incontestáveis. Dificilmente temos opor­tunidade de endívidar-nos tão gravemente, errando apenas contra nós mesmos.
Invariavelmente, a falta cometida sacrifica e marti­riza muitos irmãos, que julgamos meros instrumentos do nosso gozo e poder. Ademais, é preciso lembrar que o reajuste nunca é desproporcional à gravidade da pena, e a pena é sempre compatível com o grau de consciência com o qual praticamos a falta. Não que Deus nos castigue, como um Pai severo e frio, mas é que a nossa consciência exige de nós a reparação, mesmo porque a lei universal, código sagrado que aviltamos, nos coloca à mercê da cobrança. A cada falta cometida, assinamos uma promissória inexo­rável, que um dia vencerá e nos será apresentada para resgate. Se tivermos acumulado a moeda limpa do serviço ao próximo, teremos com que pagar; caso contrário, não resta alternativa senão a dor, e podemos estar certos de que não faltarão cobradores, que se apre­sentarão como instrumento da justiça divina, ávidos ante a oportu­nidade de se vingarem, ou simplesmente de darem azo às suas frustrações lamentáveis.
Ao cabo de prolongado monólogo com o irmão alienado, uma prece comovida e alguns passes, ele começou a aquietar-se, mas ainda insistiu em atacar-me, de vez em quando. Não havia dito ainda uma palavra, mas, à medida que se acalmava, começou a reconhe­cer o ambiente. Apalpou a mesa que tinha diante de si, as ca­deiras, o estofamento, a madeira, os entalhes, as cortinas, o sofá, o chão, o tapete. Tudo que estava ao alcance de sua mão, ele apalpou, investigou, examinou. Pacientemente, eu ia lhe expli­cando o que era cada coisa em que ele tocava. Parece que ele esteve encerrado em alguma caverna escura, por tempo que não sei estimar, e lá perdeu a visão e o senso das coisas. Estava ainda apavorado. (O médium, realmente, queixara-se de uma terrível sen­sação de medo, pouco antes da incorporação desse Espírito.) Olhava para trás, como se tentasse surpreender algum carrasco. A certa altura, parece que alguém o chicoteia violentamente, pois ele se contorce e grita, desesperado. Aos poucos, porém, vamos trans­mitindo a ele uma sensação de segurança e calma. Digo-lhe que ele foi retirado de lá, e que está, agora, numa sala limpa, e não vai mais voltar para a sua prisão.
Insistimos nos passes, e, ao cabo de muito tempo, ele pareceu ter readquirido a forma humana e começou a “conferir” suas mãos, o rosto, o corpo, mas ainda não conseguia enxergar: passou as mãos diante dos olhos, para testar. De pé, ao lado do médium, orei fervorosamente, com uma das mãos sobre os seus olhos e a outra na nuca. Enquanto fazia isso, ele procurava me reconhecer, também pelo tato, apalpando-me as mãos, o braço, a cabeça, o rosto. O ambiente estava tenso de emoção e do desejo de servi-lo, e creio que, por isso, realizou-se, mais uma vez, o suave milagre do amor. Ele começou a perceber os objetos, pela visão, e voltou a conferir tudo na sala, como se estivesse colocando juntas, pela primeira vez, em muito tempo (séculos, talvez) as sensações do tato e da visão. Olhou os móveis, a sala, as suas próprias mãos. Exa­minou os componentes do grupo, um por um.
Está calmo, agora. Parece que jatos de luz intensa o atingem nos olhos, porque ele se contrai e protege a vista com os braços. Como continuo a insistir em que ele pode falar, consegue dizer uma palavra:
— Água!
      E fica a repeti-la, enquanto apanho o jarro, que conserva­mos sobre outro móvel, e lhe servimos vários copos, que ele bebe so­fregamente, desesperadamente.
Por fim, percebo que está orando um Pai Nosso, no qual eu o acompanho, emocionado até o
fundo do meu ser. Ao terminar a prece, me abraça, em silêncio, sem uma palavra, esmagado pela emoção, e se desprende, deixando o médium desorientado, por alguns momentos, quanto à sua posição na sala.
O trabalho todo durou uma hora.

*

Como pode uma criatura humana ser reduzida a uma condição como essa? É evidente que ainda não dispomos de conhecimentos suficientes para apreender o fenômeno em todas as suas implica­ções e pormenores, mas a Doutrina Espírita nos oferece alguns dados que nos permitem entrever a estrutura básica do processo. A gênese desse processo é, obviamente, a culpa. Somente nos ex­pomos ao resgate, pela dor ou pelo amor, na medida em que erra­mos. A extensão do resgate e sua profundidade guardam precisa relação com a gravidade da falta cometida, pois a lei não cobra senão o necessário para o reajuste e o reequilibrio das forças uni­versais desrespeitadas pelo nosso livre-arbítrio. Somos livres para errar e somos forçados a resgatar. Não há como fugir a esse es­quema, do qual não nos livra nem mesmo a trégua com que somos beneficiados ao renascer. É exatamente para que tenhamos a ini­ciativa da correção espontânea, que a lei nos proporciona o bene­fício do esquecimento e nos concede a oportunidade do recomeço em cada vida, como se nascêssemos puros, sem faltas e sem passado. Não podemos, no entanto, esquecer que o passado está em nós, nos registros indeléveis do perispírito, determinando todos os nossos condicionamentos, os bons e os outros.
Por conseguinte, a falta cria em nós o “molde” necessário ao reajuste. Disso se valem, com extrema habilidade e competência, fossos adversários espirituais, aqueles a quem infligimos dores e penas atrozes num passado recente ou remoto. Muitos são os que agem pessoalmente contra nós, outros, porém, valem-se de orga­nizações poderosas, onde a divisão do trabalho nefando ficou como que racionalizada, tantas são as especializações lamentáveis. Rea­liza-se, então, uma troca de favores, através de contratos, acordos, pactos e arranjos de toda sorte, em que a vítima do passado — es­quecida de que foi vítima precisamente porque também errou —associa-se a alguém que possa exercer por ela requintes de vingança.
Entra em cena, aí, a fria equipe das trevas. Se o caso com­porta, digamos, a “solução” da deformação perispiritual, é encaminhado a competentes manipuladores da hipnose e do magnetismo, que imediatamente se aproximarão de suas vítimas, contra as quais nada têm, às vezes, pessoalmente, iniciando o trabalho no campo fértil do endívidamento de cada um. Quem não deve à lei de Deus? (1)
É claro que o hipnotizador, ou o magnetizador, não pode mol­dar, à sua vontade, o perispírito da sua vítima, mas ele sabe como movimentar forças naturais e os dispositivos mentais, de forma que o Espírito, manipulado com perícia, acaba por aceitar as sugestões e promover, no seu corpo perispiritual, as deformações e condicio­namentos induzidos pelo operador das trevas, que funciona como agente da vingança, por conta própria ou alheia. Nessas condições, a vítima acaba por assumir formas grotescas, perde o uso da pa­lavra, assume as atitudes e as reações típicas dos animais e é segregado, por tempo imprevisível, de todo o convívio com cria­turas humanas normais e equilibradas. Em antros diante dos quais o inferno é uma tosca e apagada imagem, imperam o terror, a alienação mais dolorosa, a angústia mais terrível, as condições mais abjetas. Nessas furnas de dor superlativa, criaturas que, às vezes, ocuparam na Terra elevadas posições, resgatam crimes tenebrosos, que entre os homens permaneceram impunes.
O trabalho de resgate desses pobres irmãos, que chegam até a perder a consciência da sua própria identidade, é tão difícil quão doloroso, e jamais poderá ser feito sem a mais ampla cobertura espiritual. Além da dor que experimentamos ao presenciar tão espantosa aflição, estejamos certos de que a audácia de socorrer tais irmãos desata sobre os grupos que a manifestam toda a cólera das organizações que os subjugam. Aliás, esse é um recurso de que se utilizam os trabalhadores do bem, para desalojar de seus redutos os verdadeiros responsáveis por essas atrocidades inomináveis. Fu­riosos pela temeridade dos seareiros do Cristo, eles se voltam contra o grupo mediúnico, que precisa estar preparado, resguar­dado na prece e em imaculada pureza de intenções. É essa, às vezes, a única maneira de trazê-los à doutrinação e à tentativa de entendimento. Esteja, porém, o grupo, atento e preparado para recebê-los, porque eles virão realmente fora de si, transtornados

(1) Leia-se, a propósito, o capitulo 5º, “Operações seletivas”, de “Liber­tacão”, volume 7º da série André Luiz.

de ódio, ante o atrevimento daqueles que ousam provocá-los. Eles precisam “lavar a sua honra”, recuperar o prestígio perante seus comandados e impor castigo exemplar ao grupo que teve a insen­sata ousadia de exasperá-los. Os casos mais graves de deforma­ções perispirituais, como a zoantropia, em geral, e a licantropia, em particular, são relativamente raros, consideradas as incontáveis mul­tidões de seres aprisionados nas trevas pelas suas aflições íntimas. Eles constituem importantes figuras, no tenebroso xadrez das trevas, e são guardados a sete chaves e defendidos com unhas e dentes, como tivemos oportunidade de verificar pessoalmente, numa excur­são a essas furnas da dor. Chegado, porém, o momento do resgate, não há defesa que consiga resistir à vontade soberana de Deus, e os trabalhadores humildes da seara do Cristo conseguem trazê-los, nos braços amorosos, para a expectativa da libertação. A promis­sória maior está paga, e é preciso começar a reconstrução interior, pedra por pedra, com os escombros de um passado calamitoso.
       Ge­ralmente, como vimos, são Espíritos de consideráveis cabedais e possibilidades, que se transviaram muito gravemente. Eles têm con­dições de retomar a trilha evolutiva, embora ainda com muitos erros a resgatar. Recebem de volta a consciência de sua própria identidade e recomeçam o aprendizado. São usualmente recolhidos a instituições especializadas, onde vai realizar-se a tarefa do des­condicionamento. É novamente a hora de inúmeros especialistas: médicos da alma, cirurgiões do perispíríto, profundos conhecedores da biologia transcendental e das complexidades da mente. Com­parecem planejadores, doutrinadores, médiuns, magnetizadores, para reconstruir, com amor, o que foi destruído com ódio, pelos plane­jadores, doutrinadores, médiuns e magnetizadores das trevas. As forças são as mesmas, os mecanismos são idênticos, os recursos são semelhantes, somente a direção é que muda, invertendo-se os sinais da operação, pois quase sempre os dedicados operadores que nos ajudam a reconstruir o Espírito, arrasado pela dor do resgate, são aqueles mesmos que, em épocas remotas, utilizaram-se dos seus conhecimentos para oprimir, para impor angústias e aflições, em nome de incontroladas ambições pessoais. O conhecimento ficou, porque os arquivos da alma são permanentes, mas mudou a motivação, e o que antes feria, agora quer curar. Se antes conseguia rea­lizar tanta coisa espantosa, trabalhando ao arrepio das leis divinas, sem a sustentação dos poderes da Luz, que não conseguirá agora, ao voltar-se para o lado bom da vida, onde conta com o apoio de seus irmãos maiores?
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Preconceito






       “... Tendo-o visto, lhe disse: Zaqueu, apressai-vos em descer, porque é preciso que eu me aloje hoje em vossa casa. Zaqueu desceu logo e o recebeu com alegria. Vendo isso, todos murmuraram dizendo: Ele foi alojar-se na casa de um homem de má vida...”
(Capítulo 16, item 4.)

       Diz-se que um indivíduo atingiu um bom nível ético quando pensa por si mesmo em termos gerais e críticos; quando dirige sua conduta conforme julgar correto, demonstrando as­sim independência interior; quando é autônomo para definir o bem e o mal, sem seguir fórmulas sociais; e, por fim, quando não é escravo das suas crenças inconscientes, porque faz cons­tante exercício de autoconhecimento.
       Por nosso quadro de valores ter sido adquirido de forma não vivencial é que nosso mundo íntimo está repleto de preconcei­tos e nosso nível ético encontra-se distante da realidade.
       Ter preconceitos é, pois, assimilar as coisas com julgamen­to preestabelecido, fundamentado na opinião dos outros. Os preconceitos são as raízes de nossa infelicidade e sofrimento neu­rótico, pois deterioram nossa visão da vida como uma lasca que inflama a área de nosso corpo em que se aloja.
       Aceitamos esses valores dos adultos com quem convive­mos, de uma maneira e forma tão sutis que nem percebemos. Basta a criança observar um comentário sobre a sexualidade de alguém, ou a religião professada pelos vizinhos, para assimilar idéias e normas vivenciadas pelo adulto que promove a crítica. De maneira distorcida, baseia-se no julgamento de outrem, quando é válido somente o autojulgamento, apoiado sempre na análise dos fatos como realmente eles são.
Qual seria então tua visão atual a respeito do sexo, religião, raça, velhice, nação, política e outras tantas? Seriam formadas unicamente sem a influência dos outros? Será que tua forma de ver a tudo e a todos não estaria repleta de obstáculos formados pelos teus conceitos preestabelecidos?
Por não estares atento ao processo da vida em ti, é que precisas do juízo dos outros, tornando-te assim dependente e inca­pacitado diante de tuas condutas.
Jesus de Nazaré demonstrou ser plenamente imune a qual­quer influência alheia quanto a seus sentimentos e sentidos de vida, revelando isso em várias ocorrências de seu messiado terreno.
Ao visitar a casa de Zaqueu, não deu a mínima importância aos murmúrios maldizentes das criaturas de estrutura psicológica infantil, pois sabia caminhar discernindo por si mesmo.
Toda alma superior tem um sistema de valores não baseado em regras rígidas; avalia os indivíduos, atos e atitudes com seu sen­so interior, sentimentos, emoções e percepções intuitivas, tendo assim apreciações e comportamentos peculiares. Para ela, cada situação é sempre nova e cada pessoa é sempre um mundo à parte.
Em verdade, Cristo veio para os doentes que têm a coragem de reconhecer-se como tais, não porém para os sãos, ou para aqueles que se mascaram. Zaqueu, vencendo os próprios conceitos inadequados de chefe dos publicanos, derrubou as barreiras do personalismo elitista e rendeu-se à mensagem da Boa Nova.
Despojou-se do velho mundo que detinha na estrutura de sua personalidade e renovou-se com conceitos de vida imor­tal, aceitando-se como necessitado dos bens espirituais. Disse Jesus:
“O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado”. (1) Ao dizer isso, o Mestre se referia ao antigo mandamento de Moisés, que impedia toda e qualquer atividade aos sába­dos, e que Ele, por sabedoria e por ser desprovido de qualquer preconceito, entendia a serventia dessa lei para determinada épo­ca, porém queria agora mostrar aos homens que “as experiências passadas são válidas, mas precisam ser adequadas às nossas necessidades da realidade presente”.
Nossos preconceitos são entraves ao nosso progresso espiritual.

(1) Marcos 2:27.


 RENOVANDO ATITUDES
FRANCISCO DO ESPÍRITO SANTO NETO
DITADO PELO ESPÍRITO HAMMED

18 - Preconceito
Capítulo 16, item 4



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Simplesmente um Sentido







       “... Admira-se, por vezes, que a mediunidade seja concedida a pessoas indignas e capazes de fazer mau uso dela...”
       “... a mediunidade se prende a uma disposição orgânica da qual todo homem pode estar dotado, como a de ver, de ouvir, de falar...”
(Capítulo 24, item 12.)

Mediunidade é uma percepção mental por meio da qual a alma sutiliza, estimula e aguça seus sentidos, a fim de penetrar na essência das coisas e das pessoas. E uma das formas que possuímos para sentir a vida, é o “poder de sensibilização” para ver e ouvir melhor a excelência da criação divina.
Faculdade comum a todos, é nosso sexto sentido, ou seja, o sentido que capta, interpreta, organiza, percebe e sintetiza os outros cinco sentidos conhecidos.
Nossa humanidade, à medida que aprende a desenvolver suas impressões sensoriais básicas, automaticamente desenvolve também a mediunidade, como conseqüência. Também conhecida como intuição ou inspiração, é ela que define nossa interação com o mundo físico-espiritual.
As reflexões direcionadas para as áreas morais e intelec­tuais são muito importantes, pois abrem contatos como “perceber” ou com o “captar”, o que nos permite ouvir amplamente as “sono­ridades espirituais” que existem nas faixas etéreas, das diversas di­mensões invisíveis do Universo.
Por outro lado, a mediunidade nunca deverá ser vista como “láurea” ou “corretivo”, mas unicamente como “receptor sensório” - produto do processo de desenvolvimento da natureza humana.
Foram imensos os tempos da ignorância, em que a ela atri­buíam o epíteto de “dádiva dos deuses” ou “barganha demoníaca”; na atualidade, porém, está cada vez mais sendo vista com maior naturalidade, como um fenômeno espontâneo ligado a predispo­sições orgânicas dos indivíduos.
Ver, todos nós vemos, a não ser que tenhamos obstrução dos órgãos visuais; já as formas de ver são peculiares a cada sensi­tivo. Escutar é fenômeno comum; no entanto, a capacidade de ouvir além das aparências das coisas e das palavras articuladas é fator de lucidez para quem já desenvolveu o “auscultar” das profundezas do espírito.
Além do mais, a facilidade de comunicação com outras di­mensões espirituais não é dada somente aos chamados “agraciados” ou “dignos”, conforme nossa estreita maneira de ver. Como a Na­tureza Divina tem uma visão igualitária, concedendo a seus filhos, sem distinção, as mesmas oportunidades de progresso, é autêntica a sábia assertiva: “Deus não quer a morte do ímpio”, (1) mas que ele cresça e amadureça dispondo da multiplicidade das faculdades comuns a todos, herança divina do Criador para suas criaturas.
Por isso, encontramo-la nos mais diferentes patamares evolutivos, das classes sociais e intelectivas mais diferenciadas até as mais variadas nacionalidades e credos religiosos. Embora com denominações diferentes, a mediunidade sempre esteve presente entre as criaturas humanas desde a mais remota primitividade.
A propósito, não precisamos ter a preocupação de “desenvolver mediunidade”, porque ela, por si só, se desenvolve­rá. É imprescindível, entretanto, aperfeiçoá-la e esmerá-la quan­do ela se manifestar espontaneamente. Nunca forçá-la a “acon­tecer”, porque, ao invés de deixarmos transcorrer o processo natural, nós iremos simplesmente “fazer força”, ou melhor, “agir improdutivamente”.
Em vista disso, treinamentos desgastantes para despertar em nós “dons naturais” é incoerente. Saber esperar o amadureci­mento dos órgãos infantis é o que nos possibilitou ver, falar, an­dar, ouvir, sentir, saborear ou preferir. Por que então a mediuni­dade, considerada uma aptidão ontogenética do organismo huma­no, necessitaria de tantas implicações e imposições para atingir a plenitude?
Aprofundando nossas apreciações neste estudo, encon­tramos, no “dia de Pentecostes”, (2) uma das maiores afirmações de que são espontâneas as manifestações mediúnicas e de que é natur­al seu despertar junto aos homens, quando foram desenvolvidas repentinamente as possibilidades psicofônicas dos apóstolos ao pousar “línguas de fogo”, isto é, “mentes iluminadas” sobre suas cabeças, sem que eles esperassem ou invocassem o fenômeno.
A sensibilização progressiva da humanidade é uma realidade. Ela se processa, nos tempos atuais, de maneira indiscutí­vel, pois, em verdade, “o Espírito é derramado sobre toda a carne”, (3) tomando os efeitos espirituais cada vez mais eloqüentes, incon­testáveis e generalizados.

(1) Ezequiel 33:11.
(2) Atos 2:1 ao 8.
(3)Atos 2:17.



 RENOVANDO ATITUDES
FRANCISCO DO ESPÍRITO SANTO NETO
DITADO PELO ESPÍRITO HAMMED

Simplesmente um sentido
Capítulo 24, item 12

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SINAL DE ALERTA






                                            

Um motorista viu a placa de sinalização na avenida, proibindo a conversão à esquerda.
Deveria dar volta ao quarteirão, sair à direita para obedecer o pedido da placa.
-          Droga! Não vou perder tempo . . .
Olhou para a outra pista. Nenhum veículo em sentido contrário. Sem titubear, fez a manobra proibida.
Mal cometera a infração, ouviu o apito do guarda. Parou o veículo. O homem da lei aproximou-se e disse:
-          Não viu a placa de sinalização proibindo a conversão à esquerda?
-          Sim . . .
-          E por que não obedeceu?
-          É que não vi o senhor . . .
O problema é que apreciamos os caminhos perigosos, a procura de enganosos atalhos.

"Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos?"
"Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que de ordinário são eles que vos dirigem." (questão 459)

Os Espíritos participam de nossas experiências, tomam partido em nossas querelas, influem em nossas decisões . . .
E o fazem pelos condutos do pensamento, convivendo conosco na tela mental, sem que percebamos que muitas de nossas idéias, desejos e iniciativas tem o seu selo, são filhos de suas sugestões.

No livro "Ideal Espírita" há uma oportuna mensagem apresentada por Sheilla para não cairmos em provável obsessão. Vejamos:
"Quando entramos na faixa da impaciência."
-          Imbecil! O sinal abriu e ele não movimenta o automóvel! Está sonhando! . . .
"Quando acreditamos que a nossa dor é a maior."
-          Oh! Meu Deus! Por que só acontecem essas coisas comigo?! . . .
"Quando passamos a ver ingratidão nos amigos."
-          Fiz tanto por ele e é assim que o infeliz me paga! . . .
"Quando imaginamos maldade na atitude dos companheiros."
-          Foi de propósito, só para me humilhar! . . .
"Quando comentamos o lado menos feliz dessa ou daquela pessoa."
-          Nem te conto! O fulano . . .
"Quando reclamamos apreço e reconhecimento."
-    Ninguém me entende! . . .
"Quando supomos que nosso trabalho está sendo excessivo."
-          Estou farto!
"Quando passamos o dia a exigir esforço, sem prestar o mais leve serviço."
-          Estou aqui para orientar.
"Quando pretendemos fugir de nós mesmos, através da gota de álcool ou da pitada de entorpecente."
-          Só mais um . . .
"Quando julgamos que o dever é apenas dos outros."
-          Meu caso é diferente. Há motivos relevantes.

Bem, quando não observamos sinais como estes definidos por Sheilla, há um policial que mais cedo ou mais tarde vai nos cobrar pela infração: Nossa consciência.
E o fará impondo-nos penosas retificações.
Mesmo antes disso teremos problemas.
Seguindo por caminhos indevidos fatalmente daremos "carona" aos semelhantes da estrada, Espíritos que explorarão nossas mazelas, precipitando-nos em indesejáveis situações de perturbações e desajuste.
Tudo isso seria evitado se respeitássemos os sinais de perigo, contendo nossos impulsos menos felizes.

Richard Simonetti

http://mocidadeallankardec.blogspot.com.br/


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