Dialogo com as Sombras 2ª PARTE - (22) MAGNETIZADORES E HIPNOTIZADORES
22 - MAGNETIZADORES E HIPNOTIZADORES
São
amplamente utilizados, nos processos obsessivos, os métodos da hipnose e do
magnetismo, que contam, no Além, com profundos conhecedores e hábeis
experimentadores dessas técnicas de indução, tanto entre os Espíritos
esclarecidos e despertos para as verdades maiores, como entre aqueles que ainda
se debatem nas sombras de suas
paixões.
Lá, como
entre os encarnados, os métodos são os mesmos. Para incumbências de importância
secundária, basta uma indução superficial, mas para os procedimentos mais
elaborados, os hipnotizadores do espaço utilizam-se de recursos extremamente
sofisticados.
“... nos
atos mais complexos do Espírito — ensina André Luiz, em “Mecanismos da
Mediunidade” —, para que haja sintonia nas ações que envolvam compromisso
moral, é imprescindível que a onda do hipnotizador se case perfeitamente à onda
do hipnotizado, com plena identidade de tendências ou opiniões, qual se estivessem
iungidos, moralmente, um ao outro, nos recessos da afinidade profunda. (Grifos
meus.)
É claro,
pois, que nisto, como em quase toda a problemática espiritual, vamos encontrar
o mesmo dispositivo da sintonia vibratória. Os Espíritos superiores
utilizam-se da hipnose para socorrer, para ajudar, para aliviar, para corrigir
desvios. Os desajustados, para dominar e punir.
Em
“Memórias de um Suicida”, o autor espiritual oferece exemplos desses trabalhos
redentores, em que espíritos altamente credenciados, competentes e moralizados,
movimentam, com enorme respeito e carinho, os arquivos da mente, por métodos
hipnóticos e magnéticos. (1)
— O
aparelhamento que vedes — explica um dos instrutores —, harmonizado em
substâncias extraídas dos raios solares — cujo magnetismo exercerá a influência
do ímã —, é uma espécie de termômetro ou máquina fotográfica, com que
costumamos medir, reproduzir e movimentar os pensamentos... as recordações, os
atos passados que se imprimiram nos refolhos psíquicos da mente e que, pela
ação magnética, ressurgem, como por encanto, dos escombros da memória profunda
de nossos discípulos, para impressionarem a placa e se tornarem visíveis como a
própria realidade que foi vivida!...
Desdobra-se
ali um processo de regressão irresistível, como recurso extremo para desalojar
realidades soterradas na memória profunda do ser e que precisam ser trazidas à
tona para desencadear o mecanismo da recuperação.
(1) “Memórias de um Suicida”,
psicografia de Yvonne A. Pereira, 2ª parte, capitulo 2º — “Os arquivos da alma”,
páginas 220 e seguinte, da 4ª edição da Federação Espírita Brasileira.
Mas, como
todo recurso do conhecimento humano, este também é neutro, isto é, tanto pode
ser usado para ajudar a levantar o ser que caiu, como para fazer cair aquele
que está de pé.
“Defino a
sugestão, no seu sentido mais lato — escreve Bernheim, em “Hypnotisme et
Suggestion” —, como o ato pelo qual uma idéia é despertada no cérebro e aceita
por ele.”
Passando
por sobre a conotação materialista da definição proposta, pois a sugestão é
transmitida ao Espírito, e não ao cérebro, vemos que há uma condição básica,
que é a da aceitação pelo “sujet”. Para esta aceitação, que instaura o processo
do domínio, é preciso que hipnotizador e hipnotizado estejam “jungidos moralmente
um ao outro, nos recessos da afinidade profunda”, como diz André Luiz.
Alguns
magnetizadores e hipnotizadores adotam o procedimento de segurar os polegares
de seus “sujets”, por algum tempo, antes de iniciarem o trabalho propriamente
dito. Com isto se afinizam com ele (ou ela), num intercâmbio vibratório, que os
coloca em condições de ajustarem-se fluídicamente.
Seja qual
for, porém, o processo — e não podemos aqui fazer estudo mais profundo e
extenso do fenômeno — os hipnotizadores e magnetizadores das trevas acabam por
alcançar o domínio de suas vítimas depois de obterem a aceitação de que nos
fala Bemheim, mesmo que forçada. Para isso, manipulam com extrema habilidade
os dispositivos da culpa e da cobrança, ou seja, a própria lei de causa e
efeito. O Espírito culpado, convencido dessa culpabilidade, cede e entrega-se.
Temos
presenciado alguns casos dramáticos, nesse campo. Já lembramos, algures neste
livro, aquele companheiro desencarnado que, mesmo depois de resgatado e posto a
salvo da faixa vibratória de seu hipnotizador, recaiu sob seu domínio, por
causa de sua própria invigilância.
Mesmo
incorporado ao médium, este irmão não se furtava com facilidade à terrível
influência de seu perseguidor que, em nossa presença, tentava induzi-lo a
arrastar toda a sua família, ainda encarnada, à desencarnação, sugerindo-lhe
idéias de ódio, vingança e morte. O pobre irmão repetia incessantemente:
— Odeio
minha mãe... Odeio meu pai... Odeio minha mãe... Odeio meu irmão... Matar minha
mãe... Matar meu pai...
E assim
por diante, sem parar, pois não apenas a sugestão se lhe ia implantando cada
vez mais na vontade, como ainda, falando continuamente, ele era impedido de
ouvir as observações do doutrinador. Com um esforço muito grande, por meio de
passes de dispersão, de preces e de contra-sugestões, foi possível libertá-lo,
pelo menos para uma trégua. Parou, exausto, com o médium coberto de suor,
respiração opressa e acelerada, e pediu a ajuda de Deus, pois conseguíramos que
ele dissesse que amava a mãe e não que a odiava.
Com freqüéncia,
também, os hipnotizadores procuram atuar sobre os membros encarnados do grupo,
lançando as bases de induções preliminares, a serem desenvolvidas depois,
durante o desprendimento do sono, ou mesmo durante a vigília. Não é nada fácil
lidar com esses terríveis manipuladores da mente humana. Nada os detém e, para
eles, tudo é válido, desde que alcancem os resultados que desejam.
As vezes,
os companheiros que assistem o grupo, do lado da luz, interferem de maneira
sutil, mas eficaz. Certa vez, um Espírito atormentado e, certamente, hábil
magnetizador, pretendeu usar comigo a sua técnica. Pediu-me a mão. Coloquei-a
na frente de seus olhos e lhe disse:
— Pode
pegar.
Ele
hesitou um instante e depois agarrou-a fortemente, sem que eu apertasse a sua:
mantinha minha mão estendida, com os dedos unidos. Algo então aconteceu de
estranho e curioso. Através da minha mão, ele recebeu uma espécie de choque
elétrico, evidentemente uma descarga magnética, que o atingiu na altura do
plexo cardíaco. Talvez algo temeroso, pensou em retirar logo a sua mão e não o
conseguia! Embora ele é que segurasse a minha mão, e não eu a dele, e por mais
esforço que fizesse, inclusive com a outra mão tentando desprender seus dedos,
só a muito custo libertou-se do laço magnético. Isto o impressionou de tal
forma que, da próxima vez que compareceu, começou a chamar-me, com ironia, por
certo, mas evidentemente também com respeito, de “o homem da mão” ...
Outro que
tentava me dominar por meio de passes magnéticos, tinha atrás de si, segundo nos
informou, depois da sessão, o próprio médium que o recebeu — um dos nossos
queridos companheiros, profundo conhecedor do assunto, que neutralizava todo o
seu trabalho junto a mim.
Certa
ocasião, um irmão transviado, que estava sendo atendido, também se utilizava de
processos de magnetismo e magia contra o grupo. Trouxera os seus instrumentos e
as substâncias necessárias. A certa altura, percebeu a presença daqueles que
nos defendiam, utilizando-se, para o bem, de técnica superior à dele. Como que
pensando alto, ele nos dizia que sabia o que os nossos amigos estavam fazendo,
mas nada podia contra eles.
Procedimentos
magnéticos são também usados para reduzir seres gravemente endívidados a
condições de extrema e aviltante deformação perispiritual, como casos de
zoantropia, sobre os quais já falei neste livro. E é pela magnetização (passes)
positiva que se torna possível restituir-lhes a condição normal.
— “Temos
aqui — escreve André Luiz, em “Libertação” —a génese dos fenômenos de
licantropia, inextricáveis, ainda, para a investigação dos médicos encarnados.
Lembras-te de Nabucodonosor, o rei poderoso a que se refere a Bíblia?
Conta-nos o Livro Sagrado que ele viveu, sentindo-se animal, durante sete anos.
O hipnotismo é tão velho quanto o mundo e é recurso empregado pelos bons e
pelos maus, tomando-se por base, acima de tudo, os elementos plásticos do
perispírito.” (Destaques meus.)
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