Por que ferimos a nós mesmos?
A
madrugada é bela, pois, o silêncio se derrama sobre a cidade, campos e
montanhas. O silêncio atua como um linimento colocado sobre nossos inúmeros
ferimentos internos. E ainda são tantas as feridas, meu Irmão...
E
são tantas as cicatrizes que restaram daquilo que já conseguimos suturar.
Pensamos por vezes que atingimos certo grau de entendimento e que na
busca da sabedoria já galgamos o primeiro degrau da imensa escadaria que nos
leva à Espiritualidade de Luz. Ilusões... Somos nós que construímos nossas
próprias barreiras que não nos deixam galgar os degraus que nos levam à
iluminação.
Dentre
os inúmeros entraves que nos impedem subir mais rápido a escadaria da luz,
encontramos as conclusões precipitadas que nossa mente produz. Tiramos
conclusões apressadas e cremos firmemente que elas são verdadeiras. E com base
nesse convencimento tomamos atitudes que interferem em nossas vidas de modo
geral. No campo profissional podem ser prejudiciais, no lar podem ser
desastrosas, e podem inclusive, tais conclusões nos afastar de pessoas que nos
são especialmente queridas. Um exemplo corriqueiro nos dá idéia do veneno que
aplicamos em nós mesmos, senão vejamos: certo dia cruzamos com determinada
pessoa de nosso conhecimento que não nos cumprimenta e nem mesmo nos dirige o
olhar. Imediatamente, concluímos que aquele ser está aborrecido ou com raiva de
nós ou ainda que tenha se tornado orgulhoso e não enxerga mais os amigos. A
partir dessa conclusão, nossa mente pode ainda produzir muitas outras, pois,
ela é uma usina mental, alimentada pelas turbinas do medo de rejeição, do
complexo de inferioridade e da carência afetiva. E assim, por causa do “veneno”
que produzimos para nós mesmos um relacionamento ou uma bela amizade pode
chegar ao fim.
Diante
da conclusão fantasiosa, e da veracidade que nossa mente lhe empresta, não
damos chance alguma de defesa ao nosso suposto ofensor. Nossa mágoa silenciosa
causada pelo sentimento de rejeição impede que o raciocínio negocie qualquer
outra possibilidade para o acontecido, tal como, que aquele amigo esteja
momentaneamente vivenciando problemas, ou que não tenha nos percebido passar
naquela ocasião.
Quantas
conclusões e peças nossa mente nos rende... Na própria família, a falta de
diálogo pode levar a mente a fantasiar situações que na realidade não existem,
como por exemplo, o filho que se atrasa para o jantar. A mãe superprotetora
conclui que algo terrível possa ter acontecido ao filho, o qual na realidade
ficou retido por um fato banal. A mente fantasiosa produtora de conclusões
precipitadas também pode romancear situações segundo suas próprias
expectativas, alimentando-se, portanto, de ilusões que podem alterar toda a
normalidade da existência do indivíduo.
Tirar
conclusões de situações vivenciadas e levá-las para o lado pessoal é procurar
ferir a si. POR QUE FERIMOS A NÓS MESMOS? A resposta é curta: PORQUE NÃO NOS
AMAMOS O SUFICIENTE. Pessoas bem resolvidas e seguras de si não costumam tirar
conclusões das atitudes de outras pessoas levando-as para o terreno pessoal.
Em
assim sendo, meu Irmão, conclusões precipitadas precisam merecer nossa
vigilância constante, eis que são como um inimigo que criamos em nosso
interior. Elas impedem nosso aperfeiçoamento espiritual que busca a verdade
pura e simplesmente. Desse modo, tão logo a conclusão é formada precisamos
colocá-la sob o microscópio do nosso bom senso. Que tal uma comunicação com o
amigo que nos ignorou na rua? Uma simples pergunta poderá nos dar a resposta
que necessitamos para esclarecer a situação.
É
hora de crescer, deixando de tirar conclusões e levar os acontecimentos para o
lado pessoal. É hora de abandonar os sonhos criados por nossa imaginação. É hora de vencer o hábito de imaginar e
concluir sobre situações criadas por nossa mente. Tudo que se encontra
arraigado em nosso ser é difícil de combater. Desafios desse porte necessitam
de vigilância diária e da força de vontade que caracteriza os vencedores de si
mesmos. Em assim agindo estaremos serenos, tranquilos, e com nossa cota de
amor-próprio diário que nos impulsiona a subir um a um os degraus da escadaria
de luz.
Com
amor,
Irmão
Savas
(Mentor
do Núcleo Espírita Nosso Lar
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