A força oculta do pensamento
O pensamento é curioso meio de expressão tão vigorosamente atuante que as suas enunciações não levam em conta vocábulos, a se propagarem numa incrível e imensurável velocidade. Há na primeira obra da Codificação Kardequiana, O Livro dos Espíritos (L.E.), uma pergunta, a 456 do capítulo 9.o: Os Espíritos veem tudo o que fazemos?
Podem ver, sim, senhor! Os Espíritos presenciam-nos as atividades, segundo disseram eles a Allan Kardec. Na questão 459, Os Espíritos influem sobre os nossos pensamentos e as nossas ações?, afirmaram categoricamente que não só conseguem ver-nos como são capazes de conhecer nossos pensamentos e de nos dirigir os atos.
“Na teoria é uma coisa, na prática é outra”, costuma dizer o povo. O argumento da resposta da questão acima patenteada, do campo da teoria passou para o da prática. Através da nossa faculdade de audiência, uma vez, ofereci mentalmente a certo Mentor Espiritual uma linda e perfumada rosa por desabrochar. Correspondendo de imediato ao meu gesto, ouvi dele: “Gostei do botão de rosa. Muito bonito!”
Uma das mais fascinantes experiências desse gênero de comunicação foi por mim vivida em recente evento de efeitos físicos, exclusivo para tratamento de saúde à distância, em uma instituição espírita. Quando as condições fluídicas são favoráveis, sobra ectoplasma, e as nobres Entidades que respondem pela sublime tarefa socorrista sempre arrumam um jeito de provocar fenômenos que surpreendem e estimulam-nos a perseverança no Bem.
Nessa oportunidade, alguns Espíritos, tais como: José Grosso, Scheilla, Palminha * e outros Mentores encontravam-se materializados. Todo o recinto da reunião impregnara-se de suave fragrância de flores frescas, a se confundir com o aroma de éter, ambos transpostos do Plano Espiritual. Permanecíamos em repouso, sentados em uma das espreguiçadeiras da cabine mediúnica, eu e mais quatro pessoas, enquanto no restante do ambiente, 20 médiuns apoiavam-nos com preces inseridas de cânticos e hinos espíritas.
Botão de rosa do Palminha
Durante o transcurso do trabalho, enternecido e agradecido a Jesus, ofereci de novo o imaginário botão de rosa, só que, dessa vez, ao Espírito Palminha. De contínuo, ele, distante de mim, num átimo surpreendente, pôs-se do meu lado direito. O Amigo Espiritual acariciou-me o rosto, deu-me algumas tapinhas no ombro e pareceu-me realmente ter pegado o botão que imaginei; em seguida, afastando-se, dirigiu-se a outra pessoa no interior da cabine.
Em vista do até aqui exposto, ao se operar algo mentalmente, formar ou combinar no espírito uma representação mental abstrata ou concreta, estamos pensando. Pensamentos: ideias motivadas pela faculdade de conhecer, perceber, apreciar as quais se concentram em escolhas, decisões, abstrações. Uma vez pensando, o processo mental converge para uma ideia e a dirige de modo sobremaneira intenso, passando de imediato a gerar partículas de corpos ou de condutos impelidos pela própria energia, fenômeno que se verifica em diminuta escala atômica.
O pensamento pode produzir representações mentais que se convertem em nobreza de ânimo ou em decadência de costumes. Nesse passo, pensar significa falar sem uma única pronúncia. Os Espíritos nos ouvem, leem os nossos pensamentos, veem tudo ou quase tudo porque, no lugar onde se encontram, tal aptidão lhes é possibilitada.
A influência espiritual é bem maior que supomos e, muito frequentemente, eles têm o poder de nos encaminhar, orientar, conduzir. Segundo os Espíritos disseram a mestre Kardec, nunca estamos livres da influência deles: sondam-nos o íntimo conforme o interesse de cada um, perscruta-nos até os mais esconsos dos nossos segredos. Por conseguinte, é inútil ocultar intenções, reflexões, raciocínios.
Levando-se também em conta o fator sentimento, pensamento e sentimento são palavras sinônimas, talvez, por causa do vínculo visceral entre essas duas capacitações naturais. Pensamento! Força viva atuante e criadora! O ato de sentir, outro atributo da Alma, ao perceber por meio da inteligência, ativa o dispositivo do modo de pensar. Por meio desse mecanismo sem igual, obtém-se o desejo de se atingir algum propósito. Em outras palavras, sentimento: movimentada e contínua afluência da mente, exercida por motivos ditados pela razão, oriundo do âmago da Alma, por natureza, intrínseca e entranhadamente ligada a ela.
Força criadora
Quão admirável e extraordinariamente se resume o fluxo energético do âmbito espiritual, impetuoso impulso em exercício de sua força! Impelido por todo esse processo, o fato de pensar consiste em uma força criadora capaz de exceder a velocidade da luz, significando força viva e atuante, conforme parecer do Espírito André Luiz. Ao criarmos, nada se perde, e em tudo há um motivo, visto que Deus, força criadora e a suprema inteligência, não gera coisas desnecessárias; a Obra Divina está em toda parte!
Criar é dar existência a formas, a objetos de nossa concepção mental, e a realidade do fato de se conceber é até gerada por infracorpúsculos. O produto de nossa criação será sempre o reflexo de nossos sentimentos, do nosso caráter — em verdade, seremos os responsáveis pelas imagens e conceitos que criarmos.
Por isso, o Espírito Emmanuel afirmou que o poder da mente reside no mundo íntimo de cada um de nós, “exigindo cuidados especiais para o esforço de continuidade ou extinção”. Todo o cuidado com nossas concepções é pouco! Sendo residência da Alma a fonte de nossos pensamentos, esta é qual dínamo gerador criativo para o bem ou para o mal. Não foi à toa este conselho: oração e vigilância.
Quem der origem a mórbidas intenções, a procedimentos menos felizes arcará com os prejuízos do que se tornou responsável livre e conscientemente. Portanto, nada de culpar ninguém, a sorte, os astros ou a suposta entidade infernal, criada e tão supervalorizada por vigários ornados ou não de pomposas alfaias. O pensamento, pois, é fundamental atributo da Alma: se o pensamento está em alguma parte, ali ela está.
Alma, ou Espírito encarnado, é o ser pensante, “o princípio inteligente”, o que de há muito tem desafiado filósofos, psicólogos e cientistas. A ciência apenas se baseou nos mecanismos que levam os diversos sinais e mensagens transmitidas pelo cérebro nos conectivos entre ele e o resto da estrutura orgânica. Entretanto, onde se localizaria o pensamento no bojo de tão complexa capacitância e tamanhos efeitos químicos, senão no vínculo do perispírito com o corpo físico? Sim, a medicina respondeu sobre alguns pontos referentes a pensamento e cérebro; mas, acerca das áreas relativas à envoltura da sensibilidade, emoção e pensamento, emudeceu; não sabe explicar como as células as produzem.
Falta a ciência dar por certo os mecanismos que permitem compreender o verdadeiro papel das atividades cerebrais relativas ao pensamento. Quanto ao gesto do nosso querido Amigo Espiritual, o Palminha, ele procedeu como os seres incorpóreos procedem, segundo explicação do mencionado capítulo do L.E. Como vimos, o que não falta é motivo que nos impele a adotar uma conduta verdadeiramente fraterna, honesta: no pensar, sentir, falar e agir. Não nos esqueçamos disto: o espírita, sobretudo, o médium espírita é o que “muito recebeu”; “maiores contas lhe serão tomadas”, afirmou certa feita Jesus.
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* Se o prezado leitor(a) desejar saber a respeito de José Grosso, Scheilla e Palminha, sugiro estas obras: Materializações Luminosas, R. A. Ranieri, da Lake — Livraria Allan Kardec Editora Ltda. ou das Edições Feesp; Materializações Luminosas — Leis Cósmicas em Ação, Dante Labbate, Editora Espírita Fonte Viva; Dossiê Peixotinho, Lamartine Palhano Jr., Lachâtre Editora Ltda.
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Bibliografia:
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 62. Ed. São Paulo: Lake — Livraria Allan Kardec Editora, 2001.
XAVIER, Francisco C. Emmanuel. 9. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira (FEB), 1981.
___. Mecanismos da Mediunidade (pelo Espírito André Luiz). 5. ed. Rio: FEB, 1958.
___. Ação e Reação (pelo Espírito André Luiz). 12. ed. Rio: FEB, 1987.
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