Dei um basta
Dei um basta a minha inocência, que me fazia acreditar que alguém resolveria minha vida e me tiraria de qualquer dificuldade;
Dei um basta a minha ingenuidade, que me levava a aceitar, como verdade, tudo que me ensinaram como vindo de Deus;
Dei um basta a minha insistência em querer que as pessoas me compreendessem, quando eu mesmo tinha dificuldade em me entender;
Dei um basta a minha credulidade a tudo que colocava em zona de conforto mental, quando a vida nos ensina a partir do confronto de ideias;
Dei um basta a minha infantil vontade de conservar uma boa imagem de mim, fazendo-me esconder a sombra revelada, quando, na realidade, não se agrada a todo mundo;
Dei um basta ao desejo de encontrar a felicidade com alguém, desprezando minha própria companhia, rejeitando minha natureza essencial;
Dei um basta à tentativa de ser feliz, quando meus conceitos a esse respeito variavam constantemente, levando-me a excluir o simples viver;
Dei um basta ao culto excessivo e obsessivo ao corpo e mente perfeitos, quando a vida nos ensina a aprender com o presente e com o que nos diferencia do coletivo;
Dei um basta ao egoísmo de querer apenas para mim, quando tudo nos leva à vida conjunta e ao encontro com o Divino.
Adenauer Novaes
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