A LAMENTAÇÃO DIFICULTA O PROGRESSO DO ESPÍRITO
A
lamentação dificulta o progresso do espírito A lamentação é um vício tão
arraigado em nosso ser, que o praticamos sem mesmo sentir. Quando percebemos,
já escorregamos no erro e nos pegamos em lamúrias e piedade própria. Este vício
nos faz perder um precioso tempo que deveríamos usar no progresso espiritual e
planetário. Ao lamentarmos “queimamos nossos neurônios” com pensamentos
destrutivos e deixamos passar, em vão, oportunidades preciosas de criação e
trabalho engrandecedores. Frequentemente, nós acreditamos que nossas provas são
as mais difíceis e dignas de comiseração, e em alguns casos determinamos que
são intrasponíveis. A lamentação nos conduz ao mundo do "Narciso sofredor
e injustiçado", nos torna cegos e, muitas vezes, nos afasta de Deus, que
passamos a culpar pela nossa "má sorte". A supervalorização
continuada dos nossos problemas nos transforma em um "lamentador
profissional" que não procura respostas, mas sim o palco, o público e a
sensação de importância na vida de todos. Exaltamos o orgulho, faltamos com a
caridade e, consequentemente, caimos nas teias da preguiça, já que, resolver
problemas "dá muito trabalho".
Quando
lamentamos, em pensamentos ou em palavras, aumentamos nossas vicissitudes
enormemente, porque pensamentos e palavras têm forças criadoras. E a lamentação
cria as formas-pensamento negativas que contaminam, como um vírus destrutivo, a
nossa essência e os ambientes por onde passamos e vivemos, tornando-se uma força
depressiva e de atração de irmãos, encarnados e desencarnados, em sofrimento e
atraso moral. Como parte de um processo natural e instintivo de
auto-preservação, até os que nos são mais caros ao coração se retiram de nosso
convívio, quando percebem que nós não estamos dispostos a melhorar, mas somente
lamentar e contaminar tudo e todos. O vício do lamento nos afasta dos amigos
que nos oferecem o ombro e suas palavras de conforto. Jesus, o exemplo maior de
resignação e fé, não se lamentou de sua, nada fácil, passagem pela Terra. Ele,
que sofreu as mais cruéis blasfêmias e foi pregado ao madeiro infame, pediu que
o Pai perdoasse seus algozes. Não queiramos, então, ser mais do que realmente
somos. Sejamos humildes, pensemos positivo e mãos à obra para o progresso,
dando passos mais largos em direção a Deus! No lugar da lamentação, vamos dar
chance à fé, à esperança e à oração sincera e espontânea. A oração, canal de
comunicação direto com o Pai e seus Tarefeiros, acalma o coração doído e
vacilante, e abre os olhos da alma para as soluções salutares dos nossos
necessários problemas.
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Trecho
do livro “Nosso Lar”, onde Clarêncio dá um “precioso aviso” a André Luiz, que
acabara de chegar à colônia espiritual e ainda era presa fácil da lamentação e
auto-piedade: “- Aprenda, então, a não falar excessivamente de si mesmo, nem
comente a própria dor. Lamentação denota enfermidade mental e enfermidade de
curso laborioso e tratamento difícil. É indispensável criar pensamentos novos e
disciplinar os lábios. Somente conseguiremos equilíbrio, abrindo o coração ao
Sol da Divindade. Classificar o esforço necessário de imposição esmagadora,
enxergar padecimentos onde há luta edificante, sói identificar indesejável
cegueira dalma. Quanto mais utilize o verbo por dilatar considerações
dolorosas, no círculo da personalidade, mais duros se tornarão os laços que o
prendem a lembranças mesquinhas. O mesmo Pai que vela por sua pessoa,
oferecendo-lhe teto generoso, nesta casa, atenderá aos seus parentes
terrestres. Devemos ter nosso agrupamento familiar como sagrada construção, mas
sem esquecer que nossas famílias são seções da Família universal, sob a Direção
Divina. Estaremos a seu lado para resolver dificuldades presentes e estruturar projetos
de futuro, mas não dispomos do tempo para voltar a zonas estéreis de
lamentação. Além disso, temos, nesta colônia, o compromisso de aceitar o
trabalho mais áspero como bênção de realização, considerando que a Providência
desborda amor, enquanto nós vivemos onerados de dívidas. Se deseja permanecer
nesta casa de assistência, aprenda a pensar com justeza. Nesse ínterim,
secara-se-me o pranto e, chamado a brios pelo generoso instrutor, assumi
diversa atitude, embora envergonhado da minha fraqueza. - Não disputava você,
na carne – prosseguiu Clarêncio, bondoso -, as vantagens naturais, decorrentes
das boas situações? Não estimava a obtenção de recursos lícitos, ansioso de
estender benefícios aos entes amados? Não se interessava pelas remunerações
justas, pelas expressões de conforto, com possibilidade de atender à família?
Aqui, o programa não é diferente. Apenas divergem os detalhes.
Nos
círculos carnais, a convenção e a garantia monetária; aqui, o trabalho e as
aquisições definitivas do espírito imortal. Dor, para nós, significa
possibilidade de enriquecer a alma; a luta constitui caminho para a divina
realização. Compreendeu a diferença? As almas débeis, ante o serviço, deitam-se
para se queixarem aos que passam; as fortes, porém, recebem o serviço como patrimônio
sagrado, na movimentação do qual se preparam, a caminho da perfeição. Ninguém
lhe condena a saudade justa, nem pretende estancar sua fonte de sentimentos
sublimes. Acresce notar, todavia, que o pranto da desesperação não edifica o
bem. Se ama, em verdade, a família terrena, é preciso bom ânimo para lhe ser
útil. Fez-se longa pausa. A palavra de Clarêncio levantara-me para elucubrações
mais sadias. Enquanto meditava a sabedoria da valiosa advertência, meu
benfeitor, qual o pai que esquece a leviandade dos filhos para recomeçar
serenamente a lição, tornou a perguntar com um belo sorriso: - Então, como
passa? Melhor? Contente por me sentir desculpado, à maneira da criança que
deseja aprender, respondi, confortado: - Vou bem melhor, para melhor compreender
a Vontade Divina.”
(Nosso Lar, capítulo 6 – pelo Espírito André Luiz,
psicografia de Francisco Cândido Xavier – editora FEB) Fraternalmente!
Refletindo
o Espiritismo
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