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13 de mai. de 2013

COMPARAÇÕES





  A comparação é um dos defeitos mais notáveis da presença do orgulho nas relações.
                Desde as primeira percepções infantis, o ato de comparar é uma necessidade para a aquisição da consciência. As referências paternas e maternas e depois as sociais, são âncoras de desenvolvimento da personalidade. Nesse particular o afeto tem papel preponderante, porque conforme a qualidade  dos sentimentos atribuídos a tudo aquilo que compõe as nossas experiências, teremos uma percepção, uma representação psicológica do mundo.
                Quando o espírito já nasce com acentuada percentagem moral de orgulho e ainda encontra um ambiente que estimule as ilusões mundanas, os fatos tomam o colorido desse sentimento, com fortes conotações de interesse pessoal.
                Nos relacionamentos as comparações são muito utilizadas pelo orgulhoso com a finalidade de exacerbar seu conceito pessoal e rebaixar a importância dos demais. As comparações orgulhosas impedem relacionamentos gratificantes e duradouros, porque estabelecem uma competição íntima com os outros o campo das suposições e da imaginação fértil alcança níveis enfermiços nesse particular. Vive-se mais o que se imagina que o que se sente. O homem aprende a cuidar da sua máscara com maior devoção que de sua realidade íntima.
                O estresse é o resultado do escoamento energético que alimenta as criações e o mecanismo de defesa do orgulho.
                A mídia desenvolve influente papel estimulando padrões.
                O orgulho vai solidificando uma imagem irreal de si mesmo, mas que agrada aos interesses pessoais dentro das perspectivas de suas comparações. Já não se trata mais de referências para crescimento e sim da formação de uma identidade psicológica fragilizada, acessível a assimilar tudo que faça a pessoa sentir-se valorizada, importante, forte, capaz...
                A ausência de contato com a vida interior profunda vai fortalecendo essa segunda natureza que passa a regular mecanismos importantes da vida psíquica e mental. O orgulho tem essa característica de fazer a criatura acreditar no que não é.
                A excessiva preocupação com a opinião a seu respeito é uma neurose nesse tipo de situação.
                As referências elogiosas a quem quer que seja são recebidas com desdém ou inveja, utilizando-se da encantada conjunção gramatical – mas – que se transformou em senha elegante para depreciar o próximo em frases inteligentes.
                A necessidade de diminuir o valor dos esforços alheios é um vício de proporções extraordinárias, elaborando sempre uma versão dos êxitos alheios sob o prisma da sorte e das facilidades como explicações para ser tão bem sucedido. O orgulho não nos permite alegrar com o sucesso alheio e suplica galardões para os sucessos pessoais, sempre dimensionados como algo para além das suas reais expressões. Em muitas dessas comparações que fazemos no intuito de tirar o brio das ações alheias, no fundo gostaríamos de ser aquela pessoa, de possuir algo que ela tem ou ser algo que ela é.
                Esse sentimento de excessivo valor pessoal retira quase por completo as possibilidades da empatia e da alteridade, criando um nível acentuado de indiferença. Essa condição impede a alegria e a autenticidade nas relações deixando-nos muitas  vezes carcomidos de inveja, raiva ou outras emoções perante as vitórias do próximo.


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COMPARAÇÃO  II


Dando exagerada importância às comparações, o orgulhoso passa a ser um fiscal dos atos alheios, procurando motivos para realçar-se e afirmar-se ante o próximo, a quem toma como um oponente, ainda que não o seja, especialmente se essa criatura pensa ou age em desacordo com suas crenças e concepções. Seu campo mental funciona como um radar em busca de um deslize ou de um episódio que fragilize seu opositor, e os julgamentos e reprimendas mentais comparecem inevitavelmente como um efeito dessa condição psíquica e emocional.
                Tudo isso, porque o orgulho tem o poder de fazer-nos valorizar o que não somos, mas desejaríamos ser, levando a sentir e pensar que tudo que fazemos ou temos é melhor que o do outro.
                Impermeabilidade é o que ocorre nesse quadro. Os relacionamentos com pessoas desse perfil tornam-se superficiais, elas não permitem que os outros penetrem sua intimidade verdadeira e revoltam-se conta os que lhe exortam sua proficiência à verdade sobre si mesmas, melindrando com veemência.
                Manter aparência é muito caro e doloroso. Até mesmo nos climas espíritas verificamos altas doses cessa vivência. Começa pelo personalismo em acreditar que o caminho que seguimos, a forma como trabalhamos, os movimentos que criamos, os pensamentos que defendemos, as tarefas que fundamos, os esforços que expendemos são recordes que nunca serão alcançados por ninguém e que devem ser seguidos por todos. Há um flagrante desrespeito pelas opiniões e iniciativas alheias, repleto de indiferença e despeito. Quando não se recebe com júbilo a cooperação dos companheiros junto à seara, estamos vibrando fora da atmosfera de fraternidade de solidariedade que propõe o espiritismo.
                A reeducação desse estado moral de orgulho vai exigir-nos alguns quesitos.
                Uma decidida viagem interior é o ponto de partida. Olhar para si, entender-se, pesquisar com minúcia, paciência e perseverança as formas de expressar do orgulho. Ouve-se com freqüência nos meios doutrinários espíritas a manifestação verbal de que nosso maior defeito é o orgulho e o egoísmo, no entanto, poucos são os que têm penetrado o mundo oculto das tendências e automatismos para conhecer a singularidade do seu orgulho. Não existem dois orgulhosos iguais. Conquanto ele possa ser definido como um sentimento de superioridade, nada além disso é idêntico em se tratando de comparar a sua forma de manifestar em cada personalidade.
                A partir dessa viagem é imperiosa uma vigília incansável para estabelecer atitudes que correspondam realmente ao que sentimos e somos, sem partir para os extremos da falsa modéstia, da culpa e do pieguismo. Ser o que somos é o desafio, evitando seguir os ditames da imaginação que nos inclina a fugir da realidade, romper com máscaras e formalidades desnecessárias, vivendo com espontaneidade responsável. Os exercícios da empatia no ato de aprender a ouvir e da alteridade no sentimento de respeitar as diferenças do outro serão pródigos no esmaecimento dos interesses personalistas. Nada nos impede de fazer as comparações a fim de tirar algum proveito ou entender melhor nossos sentimentos, todavia, sem ilusões...
                A única comparação útil e proveitosa, sob a ótica do aprendizado espiritual, é aquela que fazemos conosco próprios, procurando sempre aferir se estamos hoje um pouco melhor em comparação ao ontem.



Do livro: MEREÇA SER FELIZ – Superando as ilusões do orgulho
Wanderley S. de Oliveira – Espírito Ermance Dufaux



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