O Espiritismo e as Relações Internacionais
Na caminhada terrena, a árvore da vida ramificou-se e dividiu o gênero humano em diferentes raças.1
Tais diferenças, notavelmente valorizadas em episódios bíblicos como a Torre de Babel, 2 tornam-se claras aos nossos olhos quando observamos a multiplicidade de Estados independentes que formam o nosso mapa-múndi. Cada Estado acolhe um povo, que “é uma grande família”,3 onde se reúnem Espíritos afins para uma nova existência.3 Entre si, os Estados formam uma sociedade: a sociedade de Estados ou a sociedade internacional.
Ainda que sejam independentes uns dos outros, os Estados exercem influência recíproca – ora se unem pela cooperação,ora se distanciam violentamente pela guerra e, como em muitas ocasiões, é preciso buscar “fora” aquilo que é escasso no ambiente doméstico, pelo que “as relações entre os povos constituem uma necessidade”.4
A Ciência Social que se dedica a estudar as relações entre os povos é denominada Relações Internacionais.*
Este campo de estudo acadêmico foi constituído formalmente com os recursos da moderna ciência social, no início do século XX. Sua importância está no fato de a população mundial dividir-se em diferentes comunidades políticas territoriais – os Estados independentes – que influenciam o modo de vida na Terra. Um campo de estudo distinto surge quando há motivação social suficientemente forte para canalizar energias e recursos no sentido de sustentar a reflexão sistemática e organizada sobre um conjunto de fenômenos.
Nas primeiras décadas do século XX, generalizou-se a percepção a respeito da necessidade de se institucionalizar o estudo das relações internacionais a partir de um propósito bem claro: pôr fim a todas as guerras. Assim, a partir de 1920, o estudo das relações internacionais disseminou-se pelas universidades norte-americanas e europeias,chegando ao Brasil em 1974.
A Doutrina Espírita e as Relações Internacionais – esta como disciplina acadêmica – formam importante interface por oferecer uma compreensão mais sistematizada do papel e dos deveres que o Brasil possui no mundo de regeneração e dos instrumentos existentes para a promoção da fraternidade entre os povos.
Por essa interface a Doutrina revela à nova geração de estudantes e pesquisadores brasileiros das Relações Internacionais vasto roteiro de investigações, de que, por ora, nos permitimos elucidar apenas dois. Em primeiro lugar, ela desvela a missão espiritual do Brasil no concerto dos povos.De acordo com Bezerra de Menezes, o Brasil recebeu a missão de implantar.
[...] a cruz da libertação das consciências de onde o amor alçará o voo para abraçar as nações cansadas de guerras,os povos trucidados pela violência desencadeada contra os seus irmãos [...] apontando o rumo novo do amor para que restaurem no coração a esperança e a coragem para a luta de redenção.
Segundo Humberto de Campos,a missão do Brasil tem ascendentes no mundo invisível e será não só “de suprir as necessidades materiais dos povos mais pobres do planeta, mas também facultar ao mundo inteiro uma expressão consoladora de crença e fé raciocinada”.7 Para Bezerra e Humberto, o Brasil afigura-se a pátria dos corações; sua missão é a missão evangélica de promoção da solidariedade e fraternidade universais. Como decorrência,o Espiritismo faculta um incentivo à pesquisa e promoção do estudo do Esperanto: a Língua Internacional Neutra, criada por Lázaro Luís Zamenhof e destinada a unir a Humanidade numa só expressão de entendimento e harmonia.“[...] Dois homens que falem idiomas diferentes são como dois trilhos paralelos em leito de ferrovia: jamais podem encontrar-se. Ou então para eles vigora este princípio: nada os une, tudo os separa. [...]”.8 A missão do Esperanto foi anunciada por Emmanuel, em 1940,pela psicografia de Chico Xavier,e associa-se ao compromisso normativo assumido pelas Relações Internacionais, como disciplina acadêmica.
[...] o Esperanto, amigos, não vem destruir as línguas utilizadas no mundo, para o intercâmbio dos pensamentos.A sua missão é superior, é a da união e da fraternidade rumo à unidade universalista. Seus princípios são os da concórdia e seus apóstolos são igualmente companheiros de quantos se sacrificaram pelo ideal divino da solidariedade humana,nessas ou naquelas circunstâncias.As mensagens que constituem a Doutrina Espírita são altamente graves para os pesquisadores, estudantes e atuadores das Relações Internacionais, sobretudo os brasileiros. De acordo com as suas revelações, o Brasil está destinado a desempenhar-se de compromissos com a “grande comunidade humana”,** ou melhor, com todos os indivíduos, povos e Estados que compõem a vida planetária e o meio internacional; isto exigirá um novo raciocínio das escolas de Relações Internacionais e renovadas práticas diplomáticas brasileiras. Enquanto alguns países exercem sua hegemonia na era da matéria como grandes potências – tendo por base teorias próprias de política internacional e práticas diplomáticas balizadas pelo princípio egoístico da razão de Estado –, a afirmar,“o que vale, acima de tudo, são os interesses nacionais” – o Brasil será uma potência da era do Espírito, “o pulsante coração espiritual da Humanidade”.10
Por tal motivo os estudantes e pesquisadores brasileiros precisam resgatar, desenvolver e aprimorar, a partir de já, tradições de pensamento e instrumentos que estejam associados com as expressões da nova sociedade, na qual o Brasil protagonizará: trata-se de um novo pensamento e uma nova prática sobre e para as relações internacionais, amparados nos princípios da Doutrina Espírita, nas revelações espirituais e nos valores morais do Evangelho de Jesus.
I n i c i a l - mente, uma nova disciplina intelectual será exigida no campo dos estudos internacionais do Brasil – das universidades ao Instituto Rio Branco – para que se desdobre o estrito sentido político-econômico que se dá atualmente à pátria, à diplomacia e às instituições internacionais para as suas verdadeiras significações espirituais. Inicia-se, portanto, um movimento de pensamento acadêmico em favor dos regimes internacionais de respeito à paz, ao amor e à caridade.
Na hora em que a Pátria do Evangelho ascende e avulta no concerto dos povos, torna-se inadiável o refletir a respeito da responsabilidade de se levantar a bandeira “Deus, Cristo e Caridade” nos programas de Relações Internacionais do Brasil.Estando unidas, a ciência espírita e a ciência política internacional,mais depressa se prepararão os meios para o advento da paz perpétua.
Tais diferenças, notavelmente valorizadas em episódios bíblicos como a Torre de Babel, 2 tornam-se claras aos nossos olhos quando observamos a multiplicidade de Estados independentes que formam o nosso mapa-múndi. Cada Estado acolhe um povo, que “é uma grande família”,3 onde se reúnem Espíritos afins para uma nova existência.3 Entre si, os Estados formam uma sociedade: a sociedade de Estados ou a sociedade internacional.
Ainda que sejam independentes uns dos outros, os Estados exercem influência recíproca – ora se unem pela cooperação,ora se distanciam violentamente pela guerra e, como em muitas ocasiões, é preciso buscar “fora” aquilo que é escasso no ambiente doméstico, pelo que “as relações entre os povos constituem uma necessidade”.4
A Ciência Social que se dedica a estudar as relações entre os povos é denominada Relações Internacionais.*
Este campo de estudo acadêmico foi constituído formalmente com os recursos da moderna ciência social, no início do século XX. Sua importância está no fato de a população mundial dividir-se em diferentes comunidades políticas territoriais – os Estados independentes – que influenciam o modo de vida na Terra. Um campo de estudo distinto surge quando há motivação social suficientemente forte para canalizar energias e recursos no sentido de sustentar a reflexão sistemática e organizada sobre um conjunto de fenômenos.
Nas primeiras décadas do século XX, generalizou-se a percepção a respeito da necessidade de se institucionalizar o estudo das relações internacionais a partir de um propósito bem claro: pôr fim a todas as guerras. Assim, a partir de 1920, o estudo das relações internacionais disseminou-se pelas universidades norte-americanas e europeias,chegando ao Brasil em 1974.
A Doutrina Espírita e as Relações Internacionais – esta como disciplina acadêmica – formam importante interface por oferecer uma compreensão mais sistematizada do papel e dos deveres que o Brasil possui no mundo de regeneração e dos instrumentos existentes para a promoção da fraternidade entre os povos.
Por essa interface a Doutrina revela à nova geração de estudantes e pesquisadores brasileiros das Relações Internacionais vasto roteiro de investigações, de que, por ora, nos permitimos elucidar apenas dois. Em primeiro lugar, ela desvela a missão espiritual do Brasil no concerto dos povos.De acordo com Bezerra de Menezes, o Brasil recebeu a missão de implantar.
[...] a cruz da libertação das consciências de onde o amor alçará o voo para abraçar as nações cansadas de guerras,os povos trucidados pela violência desencadeada contra os seus irmãos [...] apontando o rumo novo do amor para que restaurem no coração a esperança e a coragem para a luta de redenção.
Segundo Humberto de Campos,a missão do Brasil tem ascendentes no mundo invisível e será não só “de suprir as necessidades materiais dos povos mais pobres do planeta, mas também facultar ao mundo inteiro uma expressão consoladora de crença e fé raciocinada”.7 Para Bezerra e Humberto, o Brasil afigura-se a pátria dos corações; sua missão é a missão evangélica de promoção da solidariedade e fraternidade universais. Como decorrência,o Espiritismo faculta um incentivo à pesquisa e promoção do estudo do Esperanto: a Língua Internacional Neutra, criada por Lázaro Luís Zamenhof e destinada a unir a Humanidade numa só expressão de entendimento e harmonia.“[...] Dois homens que falem idiomas diferentes são como dois trilhos paralelos em leito de ferrovia: jamais podem encontrar-se. Ou então para eles vigora este princípio: nada os une, tudo os separa. [...]”.8 A missão do Esperanto foi anunciada por Emmanuel, em 1940,pela psicografia de Chico Xavier,e associa-se ao compromisso normativo assumido pelas Relações Internacionais, como disciplina acadêmica.
[...] o Esperanto, amigos, não vem destruir as línguas utilizadas no mundo, para o intercâmbio dos pensamentos.A sua missão é superior, é a da união e da fraternidade rumo à unidade universalista. Seus princípios são os da concórdia e seus apóstolos são igualmente companheiros de quantos se sacrificaram pelo ideal divino da solidariedade humana,nessas ou naquelas circunstâncias.As mensagens que constituem a Doutrina Espírita são altamente graves para os pesquisadores, estudantes e atuadores das Relações Internacionais, sobretudo os brasileiros. De acordo com as suas revelações, o Brasil está destinado a desempenhar-se de compromissos com a “grande comunidade humana”,** ou melhor, com todos os indivíduos, povos e Estados que compõem a vida planetária e o meio internacional; isto exigirá um novo raciocínio das escolas de Relações Internacionais e renovadas práticas diplomáticas brasileiras. Enquanto alguns países exercem sua hegemonia na era da matéria como grandes potências – tendo por base teorias próprias de política internacional e práticas diplomáticas balizadas pelo princípio egoístico da razão de Estado –, a afirmar,“o que vale, acima de tudo, são os interesses nacionais” – o Brasil será uma potência da era do Espírito, “o pulsante coração espiritual da Humanidade”.10
Por tal motivo os estudantes e pesquisadores brasileiros precisam resgatar, desenvolver e aprimorar, a partir de já, tradições de pensamento e instrumentos que estejam associados com as expressões da nova sociedade, na qual o Brasil protagonizará: trata-se de um novo pensamento e uma nova prática sobre e para as relações internacionais, amparados nos princípios da Doutrina Espírita, nas revelações espirituais e nos valores morais do Evangelho de Jesus.
I n i c i a l - mente, uma nova disciplina intelectual será exigida no campo dos estudos internacionais do Brasil – das universidades ao Instituto Rio Branco – para que se desdobre o estrito sentido político-econômico que se dá atualmente à pátria, à diplomacia e às instituições internacionais para as suas verdadeiras significações espirituais. Inicia-se, portanto, um movimento de pensamento acadêmico em favor dos regimes internacionais de respeito à paz, ao amor e à caridade.
Na hora em que a Pátria do Evangelho ascende e avulta no concerto dos povos, torna-se inadiável o refletir a respeito da responsabilidade de se levantar a bandeira “Deus, Cristo e Caridade” nos programas de Relações Internacionais do Brasil.Estando unidas, a ciência espírita e a ciência política internacional,mais depressa se prepararão os meios para o advento da paz perpétua.
DANIELA MARQUES MEDEIROS E RAPHAEL SPODE
Referências:1KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.Trad. Guillon Ribeiro. 92. ed. 2. reimp.Rio de Janeiro: FEB, 2012. q. 52 a 54.
2GÊNESIS, 11:1 a 9.
3KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.Trad. Guillon Ribeiro. 92. ed. 2. reimp.Rio de Janeiro: FEB,
2012. q. 215.
4______. O evangelho segundo o espiritismo.Trad. Guillon Ribeiro. 130. ed. 2.reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2012. cap.16, it. 7.
5Cf. SATO, Eiiti. Relações Internacionais como área do conhecimento e sua consolidação nas instituições de ensino e pesquisa. In: POSSAS, Lídia M. Vianna;SALA, José Blanes. (Orgs.) Novos atores e relações internacionais. São Paulo: Cultura Acadêmica; Marília: Oficina Universitária, 2010. p. 336. 6MENEZES, Bezerra de. O Brasil e a sua missão histórica de “Coração do mundo e pátria do Evangelho” In: SOUZA, Juvanir Borges de. (Org.) Bezerra de Menezes, ontem e hoje. 4. ed. Rio de Janeiro:FEB, 2009. p. 183.
7CAMPOS, Humberto de. Brasil, coração do mundo, pátria do evangelho. 33. ed.2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Prefácio, p. 8 e 9; cap. Pátria do Evangelho,p. 210.
8FRANCINI, Walter. Doutor esperanto. 4.ed. Rio de Janeiro: FEB, 2000. cap. 3, p. 17. Ver também SCHLIKMANN, Kalyana Oriano. O esperanto como elemento ordenador da via multilateral. Trabalho de conclusão de curso de relações internacionais. UNIVALI: São José, 2009. Ver ainda SOARES, Affonso. A ideia de língua internacional.Reformador. ano 130, n. 2.201,p. 34(312) e 35(313), ago. 2012.
9EMMANUEL. A missão do Esperanto.Disponível em:
de 2012.
10MENEZES, Bezerra de. O Brasil e a sua missão histórica de “Coração do mundo e pátria do Evangelho” In: SOUZA, Juvanir Borges de (Org.). Bezerra de Menezes,ontem e hoje. 4. ed. Rio de Janeiro:FEB, 2009. p. 184 e 185.
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