REFLEXÕES SOBRE O LUTO
É um fenômeno decorrente de qualquer processo de perda. É algo que deveria ser vivenciado profundamente, mas não é o que observamos. Normalmente, aflora uma sensação de tristeza muito grande, uma emoção gerada pelo estímulo da perda, qualquer que seja, algo natural ainda no nosso Planeta, ao qual ainda estamos ligados e precisamos encarar, a fim de que possamos passar por ela, saindo amadurecidos e redefinindo valores do existir. Mas alguém poderia perguntar: E se eu resolver fugir dela? Bem, se não olharmos para ela, ela irá se acumular e, em pouco tempo, poderá se converter na forma de um símbolo (Freud explica esse mecanismo de uma forma muito interessante, quando não queremos olhar para determinado conteúdo), pois o fato de não olharmos para nossa tristeza não quer dizer que ela deixou de existir, pois o fato de ter sido reprimido àquele conteúdo, ele acabará se deslocando daquele objeto para um outro simbólico, projetando-se, gerando sintomas pelo acúmulo, tais como: depressão, síndromes variadas, angústia, fobias, dentre outros, daquilo que foi ignorado dentro de nós, por termos “colocado a poeira debaixo do tapete”, pelo fato de não termos lidado com ela no momento certo, no seu luto. Portanto, diante dos lutos da vida, que possamos encará-los com sabedoria, pois assim estaremos contemplando o abismo, sem ser destruído por ele. Se no momento a situação exigir a utilização de algum fármaco, que possamos buscar auxílio em um profissional capacitado para a referida prescrição, mas que possamos estar atentos para o perigo da hipermedicalização, numa tentativa de fuga das nossas dores, pois temos observado na atualidade que, por uma mínima tristeza, muitos tem ido procurar um “antidepressivo”, a fim de buscar a pílula da alegria, com o intuito de não viver a emoção da tristeza, numa anestesia perigosa, uma fuga de si mesmo. Certa feita assim se expressou o psicanalista Rubem Alves:”Os psiquiatras e os alegrinhos querem logo curar a tristeza. Prescrevem comprimidos e contam piadas. Mas eu acho que a coisa é outra: é preciso fazer a amizade com a tristeza. Quem é amigo da tristeza fica mais bonito”. Pensemos nisso!
César Rocha
https://www.facebook.com/cesar.rocha
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