SEXO E FATOR OBSESSÃO
Há casais em nossos dias, os quais entenderam erroneamente que o sexo é tudo, e entregam-se a viciações sexuais de difícil libertação, as quais nem mesmo os especialistas conseguem compreender com facilidade. Enquanto se permitirem licenças morais e aberrações sexuais como vem ocorrendo, desorganizarão sistematicamente toda a sua aparelhagem genésica, o que acarretará doenças inadiáveis, por lesarem com vigor seus períspiritos.
Sob a óptica espírita, portanto, a única maneira de vivenciar a função sexual de forma correta é através do amor. Quando os indivíduos se amam, não ocorre somente a permuta física mas, principalmente, a de ordem psíquica, conforme afirma Walter Barcellos, em "Sexo e Evolução". Os olhares sinceros se encontram e intercambiam raios psíquico-magnéticos que os vitalizam, estimulando a coragem, o ânimo e a alegria de viver. Quanto mais espiritualizado, quanto mais sincero e honesto for o sentimento que une duas criaturas, mais rica e sublime será a permuta magnética entre as duas, que têm a sua intimidade completamente protegida pelos mentores de ambos, os quais utilizando-se dos pensamentos elevados da atmosfera psíquica do casal, constroem a "residência fluídica" que os protegerá de qualquer espírito infeliz.
Considera-se nos nossos dias, o prazer corporal como o único meio de felicitar os indivíduos. Os defensores de tal ideia ignoram, por outro lado, uma série de outros prazeres mais sutis, mas que também são fortemente registrados no psiquismo, fomentando o bem-estar e a alegria de viver. São os prazeres da afetividade sincera, o prazer intelectual que se frui diante do aprofundamento em alguma área do conhecimento, o prazer estético, através das artes e das criações da cultura em toda parte, e ainda o prazer espiritual, decorrente dos mergulhos dentro de si mesmo e do contato com a espiritualidade. Há ainda o prazer cultivado quando acalentamos ideais para nossas vidas, objetivos pelos quais nos esforçamos com empenho e dedicação, planos profissionais ou afetivos, junto daqueles que amamos. Todos esses são prazeres do espírito, da alma humana, uns passageiros, como os prazeres físicos, outros perenes porque abstratos, imateriais, mas que da mesma forma impulsionam o indivíduo para as lutas diárias, para os desafios da caminhada terrena.
Tudo isto constitui o que a benfeitora Joanna de Ângelis considera como sublimação ou transmutação da função sexual. A libido, como a denominou Sigmund Freud, é energia psíquica que pode ser canalizada para várias áreas: para os esportes, para o conhecimento, para a arte, a afetividade... Sempre que nos dedicamos a alguma tarefa ou trabalho, ou mesmo a algum esporte, estamos sublimando ou transmutando energia sexual para diferentes aspectos da vida, a gerar equilíbrio energético e saúde orgânica.
A função sexual, em sua constituição íntima, é criativa das formas físicas, mas principalmente das expressões da beleza, da cultura e da arte, como elucida a mentora de Divaldo Franco, em seu livro "O Despertar do Espírito". Todos os grandes avanços do conhecimento humano, seja através das expressões artísticas ou da ciência, foram frutos desta energia sublimada de homens e mulheres abnegados. Isso não significa ausência de relações sexuais, mas sim o direcionamento criativo da libido para diversas áreas, e não somente para a área genésica.
Nesta tarefa, portanto, de sublimação e transmutação das energias sexuais, devemos tomar ainda o cuidado de não acalentar qualquer sentimento de culpa ou vergonha em relação às sensações fisiológicas, perfeitamente naturais, o que provocaria a repressão de conteúdos para o inconsciente, gerando transtornos e desequilíbrios inevitáveis. Devemos sempre lembrar de que o sexo é obra Divina, elaborado para o crescimento e felicidade das criaturas. A forma como empregarmos as forças sexuais do espírito é que responderá por suas consequências – quer sejam de luz ou de trevas.
Torna-se inadiável, e quão urgente, neste momento, que esta visão espiritual da sexualidade seja levada às gerações mais novas, na tarefa de proporcionar uma correta educação para a vida sexual. A educação sexual que os jovens têm recebido nas escolas, na qual somente o corpo físico é abordado, os têm levado à entrega completa aos impulsos fisiológicos, os atirando em viciações e processos obsessivos lamentáveis. Conforme nos adverte Joanna de Ângelis, em seu livro "Adolescência e Vida", "quando se pretende transferir para a Escola a responsabilidade da educação sexual, corre-se o risco, que deverá ser calculado, de o assunto ser apresentado com leveza, irresponsabilidade e perturbação do próprio educador, que vive conflitivamente o desafio, sem que o haja solucionado nele próprio" (1997, pg.21).
Certamente existem professores os quais trabalham o tema com dignidade e honradez – embora ignorem os fatores espirituais -, mas, infelizmente, estes constituem exceção. O que se percebe nas aulas ministradas sobre sexo, em sua maioria, é a completa banalização do aparelho genésico, com a utilização de palavreado impróprio e vulgar, além de imagens chocantes, a causar perturbação nos mais tímidos e incitar ao cinismo e à malícia aqueles espíritos que renascem sob a influência de vícios muito arraigados, que longe de serem reforçados, deveriam ser substituídos por hábitos salutares.
A correta educação sexual, sob a óptica do Espiritismo, consiste na aquisição de valores por parte do jovem reencarnante, na introjeção do respeito aos seus semelhantes, aos sentimentos que possuem, seus corpos e individualidade; pois as criaturas hoje são tratadas como objetos – indivíduos descartáveis -, sem qualquer dignidade ou consideração. Ao lado da informação de ordem física, que é necessária, tornam-se indispensáveis os valores éticos e morais para o jovem, as informações espirituais sobre o sexo e suas várias decorrências, a fim de que não tombem nos resvaladouros da vulgaridade dos nossos dias. Sem esses ingredientes, a atual educação sexual se faz ineficiente e perigosa, nos assevera Walter Barcellos.
O Espiritismo, assim, como doutrina de educação das almas, oferece os melhores métodos para tal cometimento, através de seu inestimável patrimônio de saberes, disponível à pais, mães, educadores e todo e qualquer investigador que tenha dentro de si o desejo sincero de conhecer a Verdade.
Este é o grande momento para todos nós que aspiramos a uma vida melhor. Reflexionar em torno dos objetivos da vida e da função sexual é tarefa de todo aquele que pensa e deseja o melhor para si. Cumpre-nos, a todos, somar esforços em favor dos princípios da dignidade, da honradez, dos valores éticos, morais, e principalmente da educação moral das novas gerações, único meio de formarmos um novo homem e uma nova mulher para o porvir, na construção de uma sociedade mais equilibrada e feliz.
Tão logo o ser humano resolver-se pela liberdade ante as amarras que o prendem aos baixos desejos; tão logo decida educar o seu pensamento e manter as suas relações sob os alicerces do amor sincero e puro; libertar-se-á com facilidade das malhas terríveis da obsessão sexual. De outra forma, prosseguirá no fosso das paixões insanas e de difícil libertação.
"Ninguém se engane quanto aos compromissos do sexo perante a Vida.
E cuide também de não enganar a outrem. Cada um responde pelo o que inspira, e pelo o que faz." - Manoel Philomeno de Miranda
Bibliografia:
Miranda, Manoel Philomeno de (Espírito), Sexo e Obsessão; psicografado por Divaldo Pereira Franco. – Salvador, BA: Livr. Espírita Alvorada, 2002.
Galilei, Galileu (Espírito), Amor e Fator Obsessão; psicofonia de João Berbel. –
Franca, SP: Editora Farol das Três Colinas, 2003.
Ângelis, Joanna de (Espírito). Adolescência e Vida; psicografado por Divaldo P. Franco. – Salvador, BA: Livr. Espírita Alvorada, 1997.
O Despertar do Espírito; - Salvador, BA: LEAL, 2000.
Amor, Imbatível Amor; - Salvador, BA: LEAL, 1998.
O Homem Integral; - Salvador, BA: LEAL, 2000.
Sendas Luminosas, - Salvador, BA: LEAL, 1998.
Nascente de Bênçãos, - Salvador, BA: LEAL, 2001.
Dias Gloriosos; - Salvador, BA: LEAL, 1999.
Barcelos, Walter. Sexo e Evolução; - Brasília, DF: FEB, 1995.
Jr, Décio Iandoli. Fisiologia Transdimensional; São Paulo, SP: FE Editora Jornalística Ltda, 2001.
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