Saulo de Tarso: “Senhor, que farei?”
Em Atos dos Apóstolos (9:11) há o registro de que logo após o momento em que Saulo teve a visão do Cristo, o rabino perguntou: “Senhor, que farei?”.1 Na septuagenária obra Paulo e Estêvão, Emmanuel cita outra tradução do livro redigido por Lucas, o evangelista; emprega a expressão: “– Senhor, que queres que eu faça?”,2 e menciona o versículo com ligeira alteração na numeração. O importante é analisar a essência da questão colocada por Saulo de Tarso. O chamamento a Saulo e sua profunda mudança para Paulo deve merecer muitas reflexões. Impactado pela Luz Superior, o doutor da lei cai ao solo... Com o gesto, ruía todo um mundo construído na base da intelectualidade e do orgulho. De repente, o sábio religioso fica enceguecido e necessitado de apoio.
Ali se iniciava uma nova trajetória para que ele abrisse os olhos e se levantasse. O homem poderoso de Jerusalém passa a depender de auxílio. E o Mestre lhe oferece a indicação inicial para o ingresso na cidade de Damasco. Este episódio da queda nos remete àquilo que se diz muitas vezes: “é necessário descer, para poder subir...”. Honório Abreu destaca que “precisamos nos levantar, mas espiritualmente falando [...] O vertical é o de quem acorda e se ergue”.3
A transformação do doutor da lei se inicia com os auspícios da “lei de cooperação entre os homens”,4 conforme Emmanuel discorre sobre o citado trecho de Atos, em outra obra psicografada por Chico Xavier. Destaca, referindo-se ao contato e apoio que Saulo teria em Damasco: “[...] foi obrigado a socorrer-se de Ananias para iniciar a tarefa redentora que lhe cabia junto dos homens”.4
Com o acolhimento dos seguidores do Cristo, Saulo se fortalece e passa a preparar-se para o novo “fazer”, com etapas de muita meditação e de estudo sobre as informações que existiam acerca da ação do então recém-crucificado. Aos poucos, tornou-se forte para empreender a nova etapa de sua vida. Enfrenta decepções, dissabores e restrições, mas segue o rumo da simplicidade e da difusão da mensagem da Boa Nova. Efetivamente, recupera-se da cegueira do ofuscamento da grande luz, e abre os olhos para novos contextos. Nas etapas iniciais de suas revisões existenciais, Saulo sentiu-se arrebatado para uma outra dimensão – depois relatado por ele na II Epístola aos Coríntios (12:2-4) –, e, em seguida, ao despertar,viu os Espíritos Estêvão e Abigail:5
Os dois irmãos, que voltavam a encorajá-lo, aproximaram-se com generoso sorriso. – Levanta-te, Saulo! – disse Estêvão com profunda bondade. – Que é isso? Choras? – perguntou Abigail em tom blandicioso. – Estarias desalentado quando a tarefa apenas começa? [...]
– Saulo, não te detenhas no passado! Quem haverá, no mundo, isento de erros?! Só Jesus foi puro!...
Ante as perguntas mentais que Saulo elaborava, Abigail ia esclarecendo com muita ternura e uma compreensão diferente felicitava-o para o reinício da jornada no mundo. Guardaria o lema de Abigail, para sempre. O amor, o trabalho, a esperança e o perdão seriam seus companheiros inseparáveis.5
Saulo “levantou-se” e superou seu passado. Desfraldou a bandeira do Cristianismo, transformando-se em exemplo vivo de dedicação ao bem e no maior disseminador da mensagem inovadora. O citado Autor espiritual prossegue nos seus comentários e conclama a todos nós: [...] se levantem do passado e penetrem a luta edificante de cada dia, na Terra, porquanto, no trabalho sincero da cooperação fraternal, receberão de Jesus o esclarecimento acerca do que lhes convém fazer.4
O episódio merece uma transposição ao contexto atual. Pelo acolhimento fraterno nos centros espíritas poderemos apoiar muitas almas que chegam premidas pela dor, mas detentoras de grande potencial para a ação no bem. O esclarecimento com base nos princípios espíritas e a oportunidade de trabalho enobrecedor contribuem para o natural amadurecimento que ocorre simultaneamente às reflexões de natureza espiritual. O novo “fazer” pode transformar muitas pessoas, de acordo com O Livro dos Espíritos, como partícipes do processo de “instruir e esclarecer os homens, abrindo uma Nova Era para a regeneração da Humanidade”,6 mas com coerência: “Lembra-te de que os Espíritos bons só dispensam assistência aos que servem a Deus com humildade e desinteresse, e que repudiam a todo aquele que busca, no caminho do Céu, um degrau para as coisas da Terra; eles se afastam do orgulhoso e do ambicioso”.6
A ação seguirá a orientação que emana da proposta espírita, fundamentada no ensino moral do Cristo, com os caminhos clareados pela inspiração e iluminação do Alto: “Eu sou a Luz do mundo; quem me segue não anda em treva, mas terá a luz da vida” (João, 8:12).7
Ali se iniciava uma nova trajetória para que ele abrisse os olhos e se levantasse. O homem poderoso de Jerusalém passa a depender de auxílio. E o Mestre lhe oferece a indicação inicial para o ingresso na cidade de Damasco. Este episódio da queda nos remete àquilo que se diz muitas vezes: “é necessário descer, para poder subir...”. Honório Abreu destaca que “precisamos nos levantar, mas espiritualmente falando [...] O vertical é o de quem acorda e se ergue”.3
A transformação do doutor da lei se inicia com os auspícios da “lei de cooperação entre os homens”,4 conforme Emmanuel discorre sobre o citado trecho de Atos, em outra obra psicografada por Chico Xavier. Destaca, referindo-se ao contato e apoio que Saulo teria em Damasco: “[...] foi obrigado a socorrer-se de Ananias para iniciar a tarefa redentora que lhe cabia junto dos homens”.4
Com o acolhimento dos seguidores do Cristo, Saulo se fortalece e passa a preparar-se para o novo “fazer”, com etapas de muita meditação e de estudo sobre as informações que existiam acerca da ação do então recém-crucificado. Aos poucos, tornou-se forte para empreender a nova etapa de sua vida. Enfrenta decepções, dissabores e restrições, mas segue o rumo da simplicidade e da difusão da mensagem da Boa Nova. Efetivamente, recupera-se da cegueira do ofuscamento da grande luz, e abre os olhos para novos contextos. Nas etapas iniciais de suas revisões existenciais, Saulo sentiu-se arrebatado para uma outra dimensão – depois relatado por ele na II Epístola aos Coríntios (12:2-4) –, e, em seguida, ao despertar,viu os Espíritos Estêvão e Abigail:5
Os dois irmãos, que voltavam a encorajá-lo, aproximaram-se com generoso sorriso. – Levanta-te, Saulo! – disse Estêvão com profunda bondade. – Que é isso? Choras? – perguntou Abigail em tom blandicioso. – Estarias desalentado quando a tarefa apenas começa? [...]
– Saulo, não te detenhas no passado! Quem haverá, no mundo, isento de erros?! Só Jesus foi puro!...
Ante as perguntas mentais que Saulo elaborava, Abigail ia esclarecendo com muita ternura e uma compreensão diferente felicitava-o para o reinício da jornada no mundo. Guardaria o lema de Abigail, para sempre. O amor, o trabalho, a esperança e o perdão seriam seus companheiros inseparáveis.5
Saulo “levantou-se” e superou seu passado. Desfraldou a bandeira do Cristianismo, transformando-se em exemplo vivo de dedicação ao bem e no maior disseminador da mensagem inovadora. O citado Autor espiritual prossegue nos seus comentários e conclama a todos nós: [...] se levantem do passado e penetrem a luta edificante de cada dia, na Terra, porquanto, no trabalho sincero da cooperação fraternal, receberão de Jesus o esclarecimento acerca do que lhes convém fazer.4
O episódio merece uma transposição ao contexto atual. Pelo acolhimento fraterno nos centros espíritas poderemos apoiar muitas almas que chegam premidas pela dor, mas detentoras de grande potencial para a ação no bem. O esclarecimento com base nos princípios espíritas e a oportunidade de trabalho enobrecedor contribuem para o natural amadurecimento que ocorre simultaneamente às reflexões de natureza espiritual. O novo “fazer” pode transformar muitas pessoas, de acordo com O Livro dos Espíritos, como partícipes do processo de “instruir e esclarecer os homens, abrindo uma Nova Era para a regeneração da Humanidade”,6 mas com coerência: “Lembra-te de que os Espíritos bons só dispensam assistência aos que servem a Deus com humildade e desinteresse, e que repudiam a todo aquele que busca, no caminho do Céu, um degrau para as coisas da Terra; eles se afastam do orgulhoso e do ambicioso”.6
A ação seguirá a orientação que emana da proposta espírita, fundamentada no ensino moral do Cristo, com os caminhos clareados pela inspiração e iluminação do Alto: “Eu sou a Luz do mundo; quem me segue não anda em treva, mas terá a luz da vida” (João, 8:12).7
Antonio Cesar Perri de Carvalho
Referências:
1A BÍBLIA SAGRADA. Trad. João Ferreira de Almeida. Edição corrigida e revisada fiel ao texto original. São Paulo: Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil, 2007.
2XAVIER, Francisco C. Paulo e Estêvão. Pelo Espírito Emmanuel. 4. ed. esp. 4. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Breve notícia, p. 9.
3ABREU, Honório O. Luz imperecível. Estudo interpretativo do Evangelho à luz da Doutrina Espírita. 6. ed. Belo Horizonte: União Espírita Mineira, 2009. Cap. 214, p. 418.
4XAVIER, Francisco C. Caminho, verdade e vida. Pelo Espírito Emmanuel. 28. ed. 4. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011. Cap. 39, p. 93-94.
5______. Paulo e Estêvão. Pelo Espírito Emmanuel. 4. ed. esp. 4. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Pt. 2, cap. 3, p. 328-335.
6KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. reimp Rio de Janeiro: FEB, 2011. Prolegômenos, p. 70 e 72.
7DIAS, Haroldo Dutra. (Trad.) O novo testamento. Brasília: Edicei, 2010.
1A BÍBLIA SAGRADA. Trad. João Ferreira de Almeida. Edição corrigida e revisada fiel ao texto original. São Paulo: Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil, 2007.
2XAVIER, Francisco C. Paulo e Estêvão. Pelo Espírito Emmanuel. 4. ed. esp. 4. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Breve notícia, p. 9.
3ABREU, Honório O. Luz imperecível. Estudo interpretativo do Evangelho à luz da Doutrina Espírita. 6. ed. Belo Horizonte: União Espírita Mineira, 2009. Cap. 214, p. 418.
4XAVIER, Francisco C. Caminho, verdade e vida. Pelo Espírito Emmanuel. 28. ed. 4. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011. Cap. 39, p. 93-94.
5______. Paulo e Estêvão. Pelo Espírito Emmanuel. 4. ed. esp. 4. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Pt. 2, cap. 3, p. 328-335.
6KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. reimp Rio de Janeiro: FEB, 2011. Prolegômenos, p. 70 e 72.
7DIAS, Haroldo Dutra. (Trad.) O novo testamento. Brasília: Edicei, 2010.
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