Preconceito
“... Tendo-o visto, lhe disse: Zaqueu,
apressai-vos em descer, porque é preciso que eu me aloje hoje em vossa casa.
Zaqueu desceu logo e o recebeu com alegria. Vendo isso, todos murmuraram
dizendo: Ele foi alojar-se na casa de um homem de má vida...”
(Capítulo
16, item 4.)
Diz-se que um indivíduo atingiu um bom nível ético quando
pensa por si mesmo em termos gerais e críticos; quando dirige sua conduta
conforme julgar correto, demonstrando assim independência interior; quando é
autônomo para definir o bem e o mal, sem seguir fórmulas sociais; e, por fim,
quando não é escravo das suas crenças inconscientes, porque faz constante
exercício de autoconhecimento.
Por nosso quadro de valores ter sido adquirido de forma não vivencial é
que nosso mundo íntimo está repleto de preconceitos e nosso nível ético
encontra-se distante da realidade.
Ter preconceitos é, pois, assimilar as coisas com julgamento
preestabelecido, fundamentado na opinião dos outros. Os preconceitos são as
raízes de nossa infelicidade e sofrimento neurótico, pois deterioram nossa
visão da vida como uma lasca que inflama a área de nosso corpo em que se aloja.
Aceitamos esses valores dos adultos com
quem convivemos, de uma maneira e forma tão sutis que nem percebemos. Basta a
criança observar um comentário sobre a sexualidade de alguém, ou a religião
professada pelos vizinhos, para assimilar idéias e normas vivenciadas pelo
adulto que promove a crítica. De maneira distorcida, baseia-se no julgamento de
outrem, quando é válido somente o autojulgamento, apoiado sempre na análise dos
fatos como realmente eles são.
Qual seria então tua visão
atual a respeito do sexo, religião, raça, velhice, nação, política e outras
tantas? Seriam formadas unicamente sem a influência dos outros? Será que tua
forma de ver a tudo e a todos não estaria repleta de obstáculos formados pelos
teus conceitos preestabelecidos?
Por não estares atento ao
processo da vida em ti, é que precisas do juízo dos outros, tornando-te assim
dependente e incapacitado diante de tuas condutas.
Jesus de Nazaré demonstrou ser
plenamente imune a qualquer influência alheia quanto a seus sentimentos e
sentidos de vida, revelando isso em várias ocorrências de seu messiado terreno.
Ao visitar a casa de Zaqueu,
não deu a mínima importância aos murmúrios maldizentes das criaturas de
estrutura psicológica infantil, pois sabia caminhar discernindo por si mesmo.
Toda alma superior tem um
sistema de valores não baseado em regras rígidas; avalia os indivíduos, atos e
atitudes com seu senso interior, sentimentos, emoções e percepções intuitivas,
tendo assim apreciações e comportamentos peculiares. Para ela, cada situação é
sempre nova e cada pessoa é sempre um mundo à parte.
Em verdade, Cristo veio para
os doentes que têm a coragem de reconhecer-se como tais, não porém para os
sãos, ou para aqueles que se mascaram. Zaqueu, vencendo os próprios conceitos
inadequados de chefe dos publicanos, derrubou as barreiras do personalismo
elitista e rendeu-se à mensagem da Boa Nova.
Despojou-se do velho mundo que
detinha na estrutura de sua personalidade e renovou-se com conceitos de vida
imortal, aceitando-se como necessitado dos bens espirituais. Disse Jesus:
“O sábado foi feito para o
homem, e não o homem para o sábado”. (1) Ao dizer isso, o Mestre se referia ao
antigo mandamento de Moisés, que impedia toda e qualquer atividade aos sábados,
e que Ele, por sabedoria e por ser desprovido de qualquer preconceito, entendia
a serventia dessa lei para determinada época, porém queria agora mostrar aos
homens que “as experiências passadas são válidas, mas precisam ser adequadas às
nossas necessidades da realidade presente”.
Nossos preconceitos são
entraves ao nosso progresso espiritual.
(1) Marcos
2:27.
RENOVANDO ATITUDES
FRANCISCO
DO ESPÍRITO SANTO NETO
DITADO PELO
ESPÍRITO HAMMED
18 - Preconceito
Capítulo 16, item 4
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