Fenômenos Mediúnicos, Metapsíquicos e Parapsicológicos
Os fenômenos psíquicos (do grego psyché: alma, espírito) são estudados pelo Espiritismo, pela Metapsíquica e pela Parapsicologia, tendo em comum as ações do agente ou Espírito, ser humano sensível e inteligente, autor das manifestações.
A Doutrina Espíritaconsidera que há dois tipos as manifestações psíquicas: amediunidade e os fenômenos de emancipação da alma (ou anímicos).
Para Allan Kardec, tais fenômenos são considerados naturais. Os primeiros são intermediados pelos médiuns, isto é, “(…) toda pessoa que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos. Essa faculdade é inerente ao homem e, por conseguinte, não constitui um privilégio exclusivo. (…).”1 Mediunidade é a faculdade psíquica que os médiuns possuem, manifestada de forma mais ou menos intensa, e por meio de uma variedade significativa de tipos (videntes, psicógrafos, audientes, musicistas, de intuição, de cura, etc.).
A Metapsíquica ou Metapsiquismo indica, segundo interpretação da Psicologia, “um corpo de doutrinas, sem base no método científico, que se funda na aceitação da realidade dos espíritos, fenômenos espiritistas, criptestesia, etc. (…).”2
A Metapsíquica foi fundada por Charles Robert Richet (1850-1935), médico francês e Prêmio Nobel de Medicina em 1913, como conclusão dos seus estudos com médiuns e, sobretudo, com pacientes gravemente obsidiados, portadores de distúrbios mentais, conforme consta de sua obra Tratado de Metapsíquica. Richet definiu a Metapsíquica como “(…) ciência que tem por objeto a produção de fenômenos mecânicos ou psicológicos devidos a forças que parecem ser inteligentes ou a poderes desconhecidos, latentes na inteligência humana.”3
Parapsicologia, surgida no século vinte, “(…) é uma disciplina científica que investiga os fenômenos que, existindo na Natureza, são inabituais na contigência humana (…).”4 Em razão da complexidade do assunto, há duas escolas que interpretam diferentemente as manifestações parapsicológicas:
A norte Americana de Joseph Banks Rhine, de maior aceitação, que procura explicar os fenômenos como sendo de origem psicológica; e a russa de Vassiliev, que os procura explicar como sendo de origem fisiológica.5
A Parapsicologia é também conhecida como Pesquisa Psi. A Parapsicologia (do gregopara = além de + psique = alma, espírito, mente, essência + logos = estudo, ciência), significa, literalmente, o estudo do que está além da psique, viabilizado por individuos popularmente conhecidos como “sensitivos” ou “psíquicos”.
Enquanto faculdade psíquica, a mediunidade acompanha a evolução intelectual e moral do Espírito, e se manifesta em qualquer plano de vida, no físico e no espiritual. Allan Kardec classificou a mediunidade de acordo com a natureza dos efeitos produzidos durante a manifestação dos Espíritos: físicos e inteligentes (ou intelectuais). “Dá-se o nome de manifestações físicas às que se traduzem por efeitos sensíveis, tais como ruídos, movimentos e deslocamento de corpos sólidos. (…).”6 A mediunidade de efeitos inteligentes ou intelectuais exige maior elaboração mental por parte do médium, que sempre age como um intérprete das ideias transmitidas pelos Espíritos.
Charles Richet classificou os fenômenos metapsíquicos em duas categorias:Metapsíquica Subjetivae Metapsíquica Objetiva, tendo como referência, respectivamente, a mediunidade de efeitos físicos e a de efeitos inteligentes, da proposta espírita de Allan Kardec.
Metapsíquica Subjetiva abrange os fenômenos telecinéticos, palavra derivada detelecinesia (do grego, tele e kinese = mover à distância), significa capacidade de mover um objeto com a força psíquica (mental), sem contatos físicos, a longa ou curta distância.7A Metapsíquica Objetiva refere-se a uma classe de fenômenos denominadoscriptestesia, termo criado por Richet para especificar o conhecimento que algumas pessoas obtêm de acontecimentos ou fatos, presentes e futuros, por intermédio da percepção paranormal, isto é, sem ação dos órgãos dos sentidos. Para o cientista francês do passado, a telecinesia é possível porque o indivíduo mobiliza, de forma inconsciente, energias fisiológicas (fluido vital) que impregnam um determinado objeto, movendo-o. A telecinese seria, então, uma exteriorização do psiquismo inconsciente.
A Parapsicologia estuda, nos dias atuais, os fenômenos psíquicos de acordo a seguinte classificação proposta por Rhine:
- Fenômenos psicocinéticos, PK(psychokinesis) ou TK (telekinesis), assim caracterizados por ações diretas do sensitivo no meio ambiente. São fenômenos psicocinéticos (PK): a) telepatia — transmissão mental de pensamentos e emoções; b)clarividência—visualização mental de coisas, acontecimentos, cenas e pessoas do mundo físico, através de um corpo opaco ou à distância (seria a dupla vista da classificação espírita); c) clariaudiência — percepção de sons, ruídos, frases, músicas, vozes, etc., provenientes do plano físico e do extrafísico, não percebidos pelas demais pessoas; d) precognição— previsão de acontecimentos futuros; e) retrocognição —relatos de acontecimentos ocorridos no passado, desconhecidos do sensitivo; f)psicocinesia— ação mental sobre objetos materiais, localizados no plano físico, movimentando-os ou produzindo os efeitos, inclusive alteração de forma.
- Fenômenos extrassensoriais (PES: percepção extrassensorial) divididos, por sua vez, em: Psi-Gama (telepatia, clarividência, clariaudiência, xenoglosia, etc.), Psi-Kapa(levitação e/ou transportes de objetos e pessoas) e Psi-teta, que são os fenômenos mediúnicos, propriamente ditos.
Referências
CABRAL, Álvaro e NICK, Eva. Dicionário Técnico de Psicologia. 11ª. São Paulo: Cultrix, 2001
1 Allan Kardec. O Livro dos Médiuns. Cap. XIV, it. 159, pág. 257.
2 Álvaro Cabral e Eva Nick. Dicionário Técnico de Psicologia, pág.194.
3 Metapsíquica, disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Metaps%C3%AD Acesso em 12/07/2013
4 João Teixeira de Paula. Dicionário de Parapsicologia, Metapsíquica, Espiritismo. Vol. III., pág. 8.
5 Ibid., pág. 8/9.
6 Allan Kardec. O Livro dos Médiuns. Pt.2, cap. II, it. 60, pág. 97.
7 João Teixeira de Paula. Dicionário de Parapsicologia, Metapsíquica, Espiritismo. Vol. III, pág. 127.
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