MEDIUNIDADE DE TRANSPORTE I
Caro
leitor, trouxemos um assunto interessante, abordado no livro dos médiuns sobre
o fenômeno de transporte, o texto que segue abaixo, é uma dissertação de dois
espíritos acerca do assunto, explicando para Allan Kardec, como se processa tal
fenômeno, e quais os requisitos que o médium necessita ter para ser
intermediário deste fenômeno. Estes são fenômenos que atualmente tornarem-se
raros. No inicio da Codificação, foi necessário que ocorressem para testar a
incredulidade dos homens, comprovar a comunicabilidade dos espíritos, e da
influência dos espíritos sobre a matéria.
Tais
experimentações na atualidade não se faz mais necessário para comprovação de
fatos da influência dos espíritos sobre a matéria, pois com a codificação da
doutrina dos espíritos por Allan Kardec, em suas obras conseguimos compreender
tais fenômenos que antes eram considerados sobrenaturais e milagres, através de
estudos do pentateuco kardequicano, de forma séria, eles são capazes de nos trazer a lógica e a razão
dos fatos e ao discernimento, explicando que sobrenatural não existe.
Apreciem
agora a dissertação dos espíritos e Allan Kardec
Boa
leitura.
Luciano Dudu
O
fenômeno de transporte apresenta uma particularidade notável, e é que alguns
médiuns só o obtém em estado sonambúlico, o que facilmente se explica. Há no
sonâmbulo um desprendimento natural, uma espécie de isolamento do Espírito e do
perispírito, que deve facilitar a combinação dos fluidos necessários. Tal o
caso dos transportes de que temos sido testemunha.As perguntas que se seguem
foram dirigidas ao Espírito que os operara, mas as respostas se ressentem por
vezes da deficiência dos seus conhecimentos. Submetemo-las ao Espírito Erasto,
muito mais instruído do ponto de vista teórico, e ele as completou,
aditando-lhes notas muito judiciosas. Um é o artista, o outro o sábio,
constituindo a própria comparação dessas inteligências um estudo instrutivo,
porquanto prova que não basta ser Espírito para tudo saber.
1ª
Dize-nos, peço, por que os transportes que acabaste de executar só se produzem
estando o médium em estado sonambúlico?
R=
“Isto se prende à natureza do médium. Os fatos que produzo, quando o meu está
adormecido poderia, produzi-los igualmente com outro médium em estado de
vigília.”.
2ª Por
que fazes demorar tanto a trazida dos objetos e por que é que avivas a cobiça
do médium, excitando-lhe o desejo de obter o objeto prometido?
R=
“O tempo me é necessário a preparar os fluidos que servem para o transporte”.
Quanto à excitação, essa só tem por fim, as mais das vezes, divertir as pessoas
presentes e o “Sonâmbulo.”
Nota
de Erasto. O Espírito que responde não sabe mais do que isso; não percebe o
motivo dessa cobiça, que ele instintivamente aguça, sem lhe compreender o
efeito. Julga proporcionar um divertimento, enquanto que, na realidade,
provoca, sem o suspeitar, uma emissão maior de fluido. É uma consequência da
dificuldade que o fenômeno apresenta dificuldade sempre maior quando ele não é
espontâneo, sobretudo com certos médiuns.
3ª
Depende da natureza especial do médium a produção do fenômeno e poderia
produzir-se por outros médiuns com mais facilidade e presteza?
R=
“A produção depende da natureza do médium e o fenômeno não se pode produzir,
senão por meio de naturezas correspondentes. Pelo que toca à presteza, o hábito
que adquirimos, comunicando-nos frequentemente com o mesmo médium, nos é de
grande vantagem.”.
4ª As
pessoas presentes influem alguma coisa no fenômeno?
R=
“Quando há da parte delas incredulidade, oposição, muito nos podem embaraçar”.
Preferimos apresentar nossas provas aos crentes e a pessoas versadas no
Espiritismo.
Não
quero, porém, dizer com isso que a má vontade consiga paralisar-nos
inteiramente.”.
5ª Onde
foste buscar as flores e os confeitos que trouxeste para aqui?
R=
“As flores, tomo-as aos jardins, onde bem me parece.”.
6ª E os
confeitos? Devem ter feito falta ao respectivo negociante.
R=
“Tomo-os onde me apraz. O negociante nada absolutamente percebeu, porque pus
outros no lugar dos que tirei.”.
7ª Mas,
os anéis têm valor. Onde os foste buscar? Não terás com isso causado prejuízo
àquele de quem os tiraste?
R=
“Tirei-os de lugares que todos desconhecem e fi-lo por maneira que daí não
resultará prejuízo para ninguém.”.
Nota
de Erasto. Creio que o fato foi explicado de modo incompleto, em virtude da
deficiência da capacidade do Espírito que respondeu. Sim, de fato, pode
resultar prejuízo real; mas, o Espírito não quis passar por haver desviado o
que quer que fosse. Um objeto só pode ser substituído por outro objeto
idêntico, da mesma forma, do mesmo valor. Conseguintemente, se um Espírito
tivesse a faculdade de substituir, por outro objeto igual, um de que se
apodera, já não teria razão para se apossar deste, visto que poderia dar o de
que se iria servir para substituir o objeto retirado.
8ª Será
possível trazer flores de outro planeta?
R=
“Não; a mim não me é possível.”.
–
(A Erasto) Teriam outros Espíritos esse poder?
“Não,
isso não é possível, em virtude da diferença dos meios ambientes.”
9ª
Poderias trazer-nos flores de outro hemisfério; dos trópicos, por exemplo?
R=
“Desde que seja da Terra, posso.”.
10ª
Poderias fazer que os objetos trazidos nos desaparecessem da vista e levá-los
novamente?
R=
“Assim como os trouxe aqui, posso levá-los, à minha vontade.”.
11ª A
produção do fenômeno dos transportes não é de alguma forma penosa, não te causa
qualquer embaraço?
R=
“Não nos é penosa em nada, quando temos permissão para operá-los. Poderia
ser-nos grandemente penosa, se quiséssemos produzir efeitos para os quais não
estivéssemos autorizados.”.
Nota
de Erasto. Ele não quer convir em que isso lhe é penoso, embora o seja
realmente, pois que se vê forçado a executar uma operação por assim dizer
material.
12ª
Quais são as dificuldades que encontras?
R=
“Nenhuma outra, além das más disposições fluídicas, que nos podem ser
contrárias.”.
13ª
Como trazes o objeto? Será segurando-o com as mãos?
R=
“Não; envolvo-o em mim mesmo.”.
Nota
de Erasto. A resposta não explica de modo claro a operação. Ele não envolve o
objeto com a sua própria personalidade; mas, como o seu fluido pessoal é
dilatável, combina uma parte desse fluido com o fluido animalizado do médium e
é nesta combinação que oculta e transporta o objeto que escolheu para
transportar. Ele, pois, não exprime com justeza o fato, dizendo que envolve em
si o objeto.
14ª
Trazes com a mesma facilidade um objeto de peso considerável, de 50 quilos, por
exemplo?
R=
“O peso nada é para nós. Trazemos flores, porque agrada mais do que um volume
pesado.”.
Nota de
Erasto.
É exato. Pode trazer objetos de cem ou duzentos quilos, por isso que a
gravidade, existente para vós, é anulada para os Espíritos. Mas, ainda aqui,
ele não percebe bem o que se passa. A massa dos fluidos combinados é
proporcional à dos objetos. Numa palavra, a força deve estar em proporção com a
resistência; donde se segue que, se o Espírito apenas traz uma flor ou um
objeto leve, é muitas vezes porque não encontra no médium, ou em si mesmo, os
elementos necessários para um esforço mais considerável.
15ª
Poder-se-ão imputar aos Espíritos certas desaparições de objetos, cuja causa
permanece ignorada?
R=
“Isso se dá com frequência; com mais frequência do que supondes; mas isso se
pode remediar, pedindo ao Espírito que traga de novo o objeto desaparecido.”.
Nota de
Erasto.
É certo. Mas, às vezes, o que é subtraído, muito bem subtraído fica, pois que
para muito longe são levados os objetos que desaparecem de uma casa e que o
dono não mais consegue achar. Entretanto, como a subtração dos objetos exige
quase que as mesmas condições fluídicas que o trazimento deles reclama, ela só
se pode dar com o concurso de médiuns dotados de faculdades especiais. Por
isso, quando alguma coisa desapareça, é mais provável que o fato seja devido a
descuido vosso, do que à ação dos Espíritos.
16ª
Serão devidos à ação de certos Espíritos alguns efeitos que se consideram como
fenômenos naturais?
R=
“Nos dias que correm, abundam fatos dessa ordem, fatos que não percebeis,
porque neles não pensais, mas que, com um pouco de reflexão, se vos tornariam
patentes.”.
Nota de
Erasto.
Não atribuais aos Espíritos o que é obra do homem; mas, crede na influência
deles, oculta, constante, a criar em torno de vós mil circunstâncias, mil
incidentes necessários ao cumprimento dos vossos atos, da vossa existência.
17ª
Entre os objetos que os Espíritos costumam trazer, não haverá alguns que eles
próprios possam fabricar, isto é, produzidos espontaneamente pelas modificações
que os Espíritos possam operar no fluido, ou no elemento universal?
R=
“Por mim, não, que não tenho permissão para isso. Só um Espírito elevado o pode
fazer.”.
18ª
Como conseguiste outro dia introduzir aqueles objetos, estando fechado o
aposento?
R=
“Fi-los entrar comigo, envoltos, por assim dizer, na minha substância. Nada
mais posso dizer, por não ser explicável o fato.”.
19ª
Como fizeste para tornar visíveis estes objetos que, um momento antes, eram
invisíveis?
R=
“Tirei a matéria que os envolvia.”.
Nota de Erasto. O que os envolve não
é matéria propriamente dita, mas um fluido tirado, metade, do perispírito do
médium e, metade, do Espírito que opera.
20ª (A
Erasto) Pode um objeto ser trazido a um lugar inteiramente fechado? Numa
palavra: pode o Espírito espiritualizar um objeto material, de maneira que se
torne capaz de penetrar à matéria?
R=
“É complexa esta questão”. O Espírito pode tornar invisíveis, porém, não
penetráveis, os objetos que ele transporte; não pode quebrar a agregação da
matéria, porque seria a destruição do objeto. Tornando este invisível, o
Espírito o pode transportar quando queira e não o libertar senão no momento
oportuno, para fazê-lo aparecer. De modo diverso se passam as coisas, com
relação aos que compomos. Como nestes só introduzimos os elementos da matéria,
como esses elementos são essencialmente penetráveis e, ainda, como nós mesmos
penetramos e atravessamos os corpos mais condensados, com a mesma facilidade
com que os raios solares atravessam uma placa de vidro, podemos perfeitamente
dizer que introduzimos o objeto num lugar que esteja hermeticamente fechado,
mas isso somente neste caso.”
Nota. Quanto à teoria
da formação espontânea dos objetos, veja-se adiante o capítulo intitulado:
Laboratório do mundo invisível.
Fonte: Capitulo V,
Das manifestações físicas espontâneas, dissertação de um espírito sobre os
transportes, do livro dos médiuns e dos doutrinadores , Allan Kardec, FEB.
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