O Espiritismo na sua expressão mais simples
Jorge Brito
150 anos de edição e tradução
Em 15 de janeiro de 1862, era lançada em Paris, pela Livraria Ledoyen e pelo escritório da Revista Espírita, a edição príncipe de 36 páginas, in-18, de Le Spiritisme à sa plus simple expression, exposé sommaire de l’enseignement des esprits et de leurs
manifestations. O Espiritismo em sua mais simples expressão, exposição sumária do ensinamento dos Espíritos e de suas manifestações, obra escrita por Allan Kardec para popularizar o Espiritismo na França, a preço acessível, sem prejuízo das obras básicas.
Custava 15 centavos de franco e os 10 mil exemplares esgotaram-se em três meses. A segunda edição, com o texto definitivo, sairia em maio daquele ano.
Várias outras edições se sucederam, com destaque para a de 1923 pela Livraria de Ciências Psicológicas, de Paul Leymarie, que teve uma tiragem única de 150 mil exemplares.1
O opúsculo está dividido em três capítulos: “Histórico do Espiritismo”, “Resumo do Ensino dos Espíritos” e “Máximas Extraídas dos Ensinos dos Espíritos” e tem como objetivo “dar, num panorama muito sucinto, um histórico do Espiritismo e uma ideia suficiente da Doutrina dos Espíritos, a fim de que se lhe possa compreender o objetivo moral e filosófico”.2
Um fato que merece destaque: das obras de Allan Kardec é a primeira traduzida para o português por Alexandre Canu,3 autorizado pelo próprio autor, a qual foi editada em Paris no ano de 1862 por Va. J. P.Aillaud, Monlon e Cia., livreiros de suas majestades o imperador do Brasil e o rei de Portugal, e impressa na Tip. Rignoux, rua Monsieur-le-Prince,3, sendo esta a terceira edição, logo após a primeira, francesa, e a segunda, em alemão, pelo professor belga Constantin Delhez. O tradutor destaca no Prólogo a importância do Espiritismo e a sua admiração pelo Codificador:
Ainda que pouco versado no estilo português, porém movido da importância do assunto assombroso de que aqui se trata, e que está hoje maravilhando o mundo inteiro, e também da necessidade de espalhá-lo, quanto antes, por toda a parte, não duvidei de traduzir esta obrazinha elementar, já vertida em muitas línguas, a fim de levá-la ao conhecimento dos povos que falam a língua portuguesa, e pô-los em estado de se esclarecerem numa descoberta tão espantosa, por meio das obras especiais do homem eminente que foi o primeiro propagador, e ainda hoje o maior vulgarizador desta ciência sublime, que há certamente de transformar em pouco tempo a humanidade; descansando eu, quanto à tradução, na indulgência daqueles que, nas cousas desta ordem, antes consideram o fundo que a forma. Um trecho do extrato do Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro, de 23 de setembro de 1863, transcrito pela Revista Espírita, de julho de 1864 (FEB, 2009, p. 289-290, tradução de Evandro Noleto Bezerra), dá conta da presença da tradução de Canu, no Brasil:
Constatamos com satisfação que a ideia espírita faz sensíveis progressos no Rio de Janeiro, onde conta expressivo número de representantes, fervorosos e devotados. A pequena brochura O Espiritismo na sua expressão mais simples, publicada em português, muito contribuiu para ali espalhar os verdadeiros princípios da doutrina.manifestations. O Espiritismo em sua mais simples expressão, exposição sumária do ensinamento dos Espíritos e de suas manifestações, obra escrita por Allan Kardec para popularizar o Espiritismo na França, a preço acessível, sem prejuízo das obras básicas.
Custava 15 centavos de franco e os 10 mil exemplares esgotaram-se em três meses. A segunda edição, com o texto definitivo, sairia em maio daquele ano.
Várias outras edições se sucederam, com destaque para a de 1923 pela Livraria de Ciências Psicológicas, de Paul Leymarie, que teve uma tiragem única de 150 mil exemplares.1
O opúsculo está dividido em três capítulos: “Histórico do Espiritismo”, “Resumo do Ensino dos Espíritos” e “Máximas Extraídas dos Ensinos dos Espíritos” e tem como objetivo “dar, num panorama muito sucinto, um histórico do Espiritismo e uma ideia suficiente da Doutrina dos Espíritos, a fim de que se lhe possa compreender o objetivo moral e filosófico”.2
Um fato que merece destaque: das obras de Allan Kardec é a primeira traduzida para o português por Alexandre Canu,3 autorizado pelo próprio autor, a qual foi editada em Paris no ano de 1862 por Va. J. P.Aillaud, Monlon e Cia., livreiros de suas majestades o imperador do Brasil e o rei de Portugal, e impressa na Tip. Rignoux, rua Monsieur-le-Prince,3, sendo esta a terceira edição, logo após a primeira, francesa, e a segunda, em alemão, pelo professor belga Constantin Delhez. O tradutor destaca no Prólogo a importância do Espiritismo e a sua admiração pelo Codificador:
Ainda que pouco versado no estilo português, porém movido da importância do assunto assombroso de que aqui se trata, e que está hoje maravilhando o mundo inteiro, e também da necessidade de espalhá-lo, quanto antes, por toda a parte, não duvidei de traduzir esta obrazinha elementar, já vertida em muitas línguas, a fim de levá-la ao conhecimento dos povos que falam a língua portuguesa, e pô-los em estado de se esclarecerem numa descoberta tão espantosa, por meio das obras especiais do homem eminente que foi o primeiro propagador, e ainda hoje o maior vulgarizador desta ciência sublime, que há certamente de transformar em pouco tempo a humanidade; descansando eu, quanto à tradução, na indulgência daqueles que, nas cousas desta ordem, antes consideram o fundo que a forma. Um trecho do extrato do Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro, de 23 de setembro de 1863, transcrito pela Revista Espírita, de julho de 1864 (FEB, 2009, p. 289-290, tradução de Evandro Noleto Bezerra), dá conta da presença da tradução de Canu, no Brasil:
É, também, o primeiro dos livros espíritas do mestre lionês em versão portuguesa integral, anônima, impressa no Brasil em 1866, mais precisamente, na capital de São Paulo, pela Typographia Litteraria, rua do Imperador, 94, com o título: O Espiritismo reduzido a sua mais simples expressão, traduzido do francês, com 36 páginas.
Naquele mesmo ano, Luís Olímpio Teles de Menezes traduziu apenas parte de uma obra de Kardec, ou seja, a “Introdução” de O Livro dos Espíritos, que foi impressa na Tipografia de Camillo de Lellis Masson & C., em Salvador, Bahia.
A Livraria Garnier, no seu Catálogo das Obras Fundamentais da Doutrina Espírita, de 1874, informa que O Espiritismo em sua mais simples expressão foi “já há muito traduzido em português” e, em 1875, registra: “vertido para o português”, tamanho in-4, custando mil réis a brochura de uma provável nova tradução, que ainda não teve nenhum exemplar localizado.
A Federação Espírita Brasileira editou, pela primeira vez, em 1904, O Espiritismo em sua mais simples expressão, a Biografia [parcial] de Allan Kardec, de Henry Sausse, ambos sem nome de tradutor, e a Memória Histórica, formando os três juntos o livro, de 102 páginas, Memória Histórica do Espiritismo, Alguns Dados, Publicação Comemorativa do Centenário de Allan Kardec, Codificador da Doutrina Espírita, impresso pela Tip. Besnard Fréres, rua do Hospício, 1.133, Rio de Janeiro. Com recursos mensais de uma chamada “Caixa de Propaganda”,4 instituída em 1920 pela Federação Espírita Brasileira, para publicação de folhetos de propaganda da Doutrina Espírita, foram distribuídos em 1921, gratuitamente, 2.469 exemplares5 de O Espiritismo na sua expressão mais simples – Exposição sumária dos ensinos dos espíritos e de suas manifestações –, traduzido por Guillon Ribeiro, reeditado em 1933, também para gratuidade. Outros títulos foram entregues aos leitores nessa mesma condição.
Existem traduções brasileiras modernas dessa obra como a de Dafne R.Nascimento, editada pela Federação Espírita do Estado de São Paulo, a de Salvador Gentile,6 pelo Instituto de Difusão Espírita (IDE), Araras, São Paulo, e a de Joaquim da Silva Sampaio Lobo (In: Iniciação Espírita, Edicel, São Paulo e Brasília).
Esse texto, pioneiro na divulgação do Espiritismo no Brasil, voltou a ser editado pela FEB, em 2007, juntamente com outros opúsculos de Kardec, traduzidos por Evandro Noleto Bezerra. A Edicei – Editora do Conselho Espírita Internacional – tem se responsabilizado pela publicação, em vários idiomas, das obras de Allan Kardec, bem como das psicografadas por Chico Xavier, além de outros autores, cujo catálogo atinge mais de 170 títulos. Em 2009, editou O Espiritismo na sua expressão mais simples, em francês e russo; em 2010, em sueco e espanhol e, em 2011, em finlandês, fato relevante que destaca o papel do Brasil na propagação do Espiritismo pelo mundo.
1BARREIRA, Florentino. Resumo analítico das obras de Allan Kardec. Trad. David Caparelli. São Paulo: Madras Editora, 2003. p. 116.
2KARDEC, Allan. O Espiritismo na sua expressão mais simples... Revista espírita: jornal de estudos psicológicos, ano 5, n. 1, p. 51, jan. 1862. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 3. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009.
3Espírita francês, culto e inteligente, muito convicto, e que viera do materialismo. Kardec chama-o colega. Residiu no Brasil de 1842 a 1845. Em 1863, foi secretário da Sociedade Parisiense de EstudosEspíritas (SPEE).
4Por sugestão dos confrades Alcindo Terra, Vespasiano Mendes, Eutychio Campos, Ruben Bello, Dirceu de Oliveira, Eduardo Carvalho e Acacio de Lannes. Ver Reformador, ano 38, n. 20, p. 416, out. 1920.
5Relatório da presidência, apresentado à Assembleia Deliberativa na sua Reunião Ordinária de 22 de janeiro de 1922, it. Propaganda. Reformador, ano 40, n. 3, fev. 1922, p. 63.
Fonte: Reformador Online
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