FATALIDADE OU LIVRE-ARBÍTRIO: QUAL ESTÁ NO COMANDO?
Vive-se no meio de variadas
atribulações e com certa frequência surge um novo espinho trazendo o
sofrimento. Nessa hora, o espírita pergunta:
“Essa situação já estaria
pré-determinada?”
Para responder, precisa-se
distinguir o sofrimento físico do
sofrimento moral.
O mundo físico é o corpo, a
família, a pátria, as condições socioeconômicas básicas que acompanham o ser
enquanto ainda não puder tomar as suas
decisões. O mundo moral é aquele do livre-arbítrio, da decisão, do pensamento e
das ações.
Então, a resposta será, sendo
o sofrimento físico, pode, sim, ter sido pré-determinado. É o que se costuma
chamar de fatalidade. Em se tratando de
sofrimento de natureza moral, não existe nenhum destino previamente formatado.
Nem pensar em dizer que uma
pessoa é mal humorada ou desonesta porque o destino assim quis. Ocorre que ela
não faz o suficiente para mudar, sua vontade é pouca. Se quisesse, ela
conseguiria se modificar. Nesse mundo de provas, as fraquezas da alma estão
sempre em jogo, enfrentando muitos arrastamentos para os vícios, mas com algum esforço, e boas
escolhas, toda má inclinação pode ser superada.
A mente toma diversas
decisões, do tipo: faço ou não faço?
Aceito ou não aceito? E até mesmo do tipo: sofro ou não sofro? O espírito
sempre decide, para o seu bem ou para o seu mal.
Nas decisões, um bom espírito
pode ajudar a fortalecer o desejo de superação, inspirando coragem, enquanto um
espírito atrasado pode atuar exagerando a dificuldade, tornando o problema algo
insuperável, fazendo aos olhos da vítima, tudo parecer muito pior do que
realmente é.
Quando uma pessoa tem uma
deficiência física este fato não depende mais da sua decisão, pois a causa vem
do passado, o efeito é que está no presente.
As escolhas feitas pelo
espírito criam um caminho, certo destino, que chamamos de fatalidade.
A pessoa que afetou seu
próprio corpo espiritual no passado, por ter ofendido as leis naturais,
gravadas na sua consciência, provoca, ao renascer na matéria, uma modificação involuntária do
seu corpo físico. É bem verdade que ela também pode ter pedido para nascer com
determinada deficiência, ou mesmo ter solicitado que algo lhe acontecesse no
transcorrer da vida física com um fim útil qualquer. O propósito de uma
deformação física mais severa é sempre o de resgatar compromissos do passado.
De um modo ou de outro,
as anomalias físicas têm
origem no livre arbítrio do próprio Espírito.Um exemplo de fatalidade: uma criança
que nasça com algum problema. A sua deficiência é um efeito resultante de uma
causa passada, e essa causa
veio das escolhas que esse espírito fez utilizando-se da sua liberdade de
decisão. Essa criança não nasce com problemas físicos porque algo “deu errado” na gestação
ou no parto. Não, esse espírito já viria a nascer com problemas físicos,
resultado de uma causa pretérita e geradora do problema atual.
Mesmo quando acontece uma
negligência de um profissional ou da organização do hospital, ainda assim não
há surpresa para os mensageiros responsáveis pelo processo da
reencarnação. Só nasce com problema o espírito que estava previsto assim
nascer. Caso contrário, a falha humana ali ocorrida será compensada
pelo mundo espírita. Não
nasce com problemas quem não deveria assim nascer.
Nada “sai errado” para o
planejamento espiritual.
Outro exemplo: uma futura mãe,
ao usar drogas, cria uma circunstância adversa ao processo reencarnatório. Um
espírito que já deveria nascer com deficiência orgânica poderá ser conduzido
àquela mãe.
Entretanto, se forem
diferentes os objetivos espirituais, seu filho nascerá sadio. No comando não
está uma mãe irresponsável, mas os responsáveis pelo desenvolvimento das criaturas na Terra.
É comum a fatalidade ser
compreendida como algo ruim, mas não necessariamente o destino é algo ruim, é
apenas um destino, algo que seria fatal que viesse a acontecer.
Por exemplo: para um futuro
atleta, que tem no seu destino atuar, com êxito, no mundo do futebol, será
fatal que seu corpo venha com os requisitos necessários que lhe possibilitarão
tornar-se esse grande atleta. Próximo do objetivo a que seu destino lhe ajudou
a chegar, vem o mundo moral, totalmente indefinido, e esse atleta
se entrega aos excessos, e aí
as consequências começam a traçar um novo rumo. Observe que era fatal que o seu
físico viesse apropriado ao que iria executar, mas suas decisões são soberanas,
capazes de mudar o curso de sua vida, de alterar seu destino.
Por essa razão, os Espíritos
da Codificação concluem na questão 853 de “O Livro dos Espíritos” que fatal
mesmo só o instante da morte. Ensinam
que o livre-arbítrio é tão poderoso que pode mudar acontecimentos
pré-determinados, até diante da morte. Quando soa a sua chamada, é necessário
curvar-se a essa força irresistível.
Sabe-se que a hora da morte
pode ser antecipada por decisão da própria criatura. É o livre-arbítrio, com
seu poder, atuando sobre a mais fatal das fatalidades.
Uma pessoa pode antecipar sua
partida do invólucro físico, devido às suas decisões imprudentes, pelos seus
vícios, pelo rumo que dá à vida, sem
respeito à Lei de Conservação, patrimônio do seu inconsciente. O poder da
liberdade de escolha é tão respeitado nesse Universo
que mesmo a morte se curva diante daquele que decide morrer mais cedo. Pode
também, no entanto, por algum motivo importante, receber uma moratória e estender seu
período de vida na Terra.Concluímos, portanto, que o espírito participa
ativamente do seu destino, seja por ter acertado ou ter
errado no pretérito, seja pelas decisões que tomou na vida espírita, antes da
reencarnação, seja pelas decisões que vem tomando no decorrer da atual
existência.
O livre-arbítrio proporcionará
ao espírito a construção da sua felicidade ou fatalmente lhe aprisionará nas
consequências dos seus atos equivocados.
É escolher.
George Abreu de Sousa
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