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15 de jun. de 2012

O ADOLESCENTE: POSSIBILIDADES E LIMITES






Na quadra primaveril da adolescência tudo parece fácil, exatamente pela falta de vivência da realidade humana. O adolescente examina o mundo através das lentes límpidas do entusiasmo, quando se encontra em júbilo, ou mediante as pesadas manchas do pessimismo que no momento lhe dominam
as paisagens emocionais. A realidade, no entanto, difere de uma como de outra percepção, sem os altos vôos do encantamento nem os abismos profundos do existencialismo negativo.
A vida é um conjunto de possibilidades que se apresentam para ser experimentadas, facultando o crescimento intelecto-moral dos seres. A forma como cada pessoa se utiliza desses recursos redunda no êxito ou no desar, não sendo a mesma responsável pela glória ou pelo insucesso daqueles que a buscam e nela se encontram envolvidos.
Para o jovem sonhador, que tudo vê róseo, há muitos caminhos a percorrer, que exigem esforço, bom direcionamento de opção e sacrifício. Toda ascensão impõe inevitável cota de dedicação, como é natural, até que a conquista dos altiplanos delineie novos horizontes ainda mais amplos e fascinantes.
Assim, as possibilidades do adolescente estão no investimento que ele aplica para a conquista do que traça como objetivo. Nesse período, tem-se pressa, porque todas as manifestações são rápidas e os acontecimentos obedecem a um organograma que não pode ser antecipado, esperando que se consumem os mecanismos propiciatórios à sua realização.
Ansioso pelos vôos que pretende desferir, pensa que as suas aspirações podem ser transformadas em realidade de um para outro momento, e, quando isso não ocorre, deixa-se abater por graves frustrações e desânimo. No entanto, através desse vaivém de alegria e desencanto passa a entender que os fenômenos existenciais independem das suas imposições, provindo de muitos fatores que se conjugam para oferecer resultado correspondente.
Nessa sucessão de contrários, amadurece-lhe a capacidade de compreensão e aprimora-se a faculdade de planejar, auxiliando-o a colocar os pés no chão sem a perda do otimismo, que é fator decisivo para o prosseguimento das aspirações e da sua execução contínua.
Face à constituição da vida, não basta anelar e querer, mas produzir e perseverar. Esse meio de levar adiante os planos acalentados demonstra que há limites em todos os indivíduos, que não podem ser ultrapassados, e que se apresentam na ordem social; moral, econômica, cultural, científica, enfim, em todas as áreas dos painéis existenciais.
Os acontecimentos são conforme ocorrem e não consoante se gostaria que sucedessem, isto é, nadar contra a correnteza pode exaurir o candidato que vai atirado à praia, onde chega após grandes conquistas e ali morre sem alcançar a vitória.
A sabedoria, que decorre das contínuas lutas, demonstra que se deve realizar o que é possível, aguardando o momento oportuno para novos cometimentos. Especificamente, cada dever tem o seu lugar e não é lícito assumir diversos labores que não podem ser executados de uma só vez.
A própria organização física constitui limite para todos os indivíduos. Quando se exige do organismo além das suas possibilidades, os efeitos são negativos, portanto, desanimadores. Daí, o limite se encontra na capacidade
das resistências física, moral e mental, que constituem os elementos básicos do ser humano, e no enfrentamento com os imperativos da sociedade, da época em que se vive, etc.
Certamente, há homens e mulheres que se transformaram em exceção, havendo pago pesados ônus de sacrifício, graças ao qual abriram à História páginas de incomparável beleza. Simultaneamente, também, houve aqueles que mergulharam no fundo abismo do desencanto, deixando-se dominar por terríveis angústias que lhes estiolaram a alegria de viver e os maceraram, levando-os a estados profundamente perturbadores, porque não possuíam essas energias indispensáveis para as conquistas que planejaram.
Ao moço compete o dever de aprender as lições que lhe chegam, impregnando-se das suas mensagens e abrindo novos espaços para o futuro.
Quando arrebatado pelo entusiasmo, considerar que há tempo para semear como o há para colher; quando deprimido, liberar-se das sombras pelo esforço de ascender às regiões onde brilha a luz da esperança, compreendendo que a marcha começa no primeiro passo, assim como o discurso mais inflamado tem início na primeira palavra. Todas as coisas exigem planificação e tentativa. Aquele que se recusa experimentar, já perdeu parte do empreendimento. Não há por que recear o insucesso. Esse medo da experimentação já é, em si mesmo, uma forma de fracasso. Arriscar-se, no bom sentido do termo, é intensificar os esforços para produzir, mesmo que, aparentemente, tudo esteja contra. Não realizando, não tentando, é claro que as possibilidades são infinitamente menores. Sempre vence aquele que se encontra alerta, que labora, que persiste.
A atitude de esperar que tudo aconteça em favor próprio é comodidade injustificável; e deixar-se abater pelos pensamentos pessimistas, assim como pelas heranças auto-depreciativas, significa perder as melhores oportunidades de crescimento interior e exterior, que se encontram na adolescência. Esse é o momento de programar; é o campo de experimentação.


ADOLESCÊNCIA E VIDA       
DIVALDO PEREIRA FRANCO/JOANNA DI ÂNGELIS


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