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12 de abr. de 2012

Dialogo com as Sombras 2ª PARTE (7) - RENOVAÇÃO DO GRUPO







      Já discutimos ligeiramente o problema da exclusão de algum participante do grupo mediúnico. Não creio que o assunto esteja esgotado, mas não parece necessário esmiuçá-lo mais. A disciplina e a coesão da equipe devem ser mantidas serenamente e com firmeza. Se alguém destoar, a ponto de introduzir um fator de perturbação, deve ser afastado, temporária ou definitivamente, se for o caso. Nada, porém, de perseguições, de espionagem e de regras policiais. A disciplina deve ser consciente, para que todos possam trabalhar de espírito desarmado e tranqüilo. Se os componentes do grupo não se entenderem, como poderão oferecer, aos companheiros desarvorados do mundo espiritual, o exemplo da soli­dariedade e da compreensão? As organizações espirituais geradas e mantidas na sombra podem ter inúmeros defeitos, mas são im­placavelmente disciplinadas. Guardemo-nos de imitar essas formas de disciplina brutal e cruel, mas estejamos sempre conscientes de que nenhum trabalho de equipe se realiza sem um mínimo de ordem.
Por mais que nos pese, e por mais que relutemos intimamente, é preciso dispensar o companheiro que traga para dentro do grupo o fermento da dissidência, da inquietação, da indisciplina, que pode neutralizar as melhores intenções e provocar até a desagregação da
equipe.
Há, porém, o anverso da medalha. Como nos portarmos diante das solicitações de adesão aos nossos trabalhos?
Sempre haverá um parente, ou amigo que, tomando conheci­mento da nossa atividade, deseje participar do grupo, em caráter permanente. Devemos admiti-lo?
Em primeiro lugar: se já atingimos o número de componentes inicialmente fixado como o máximo desejável, não podemos cogitar de receber mais companheiros, ainda que bastante credenciados. Se ainda não alcançamos o número prefixado, podemos considerar a possibilidade. Em qualquer caso, é necessário um exame bastante criterioso, franco e leal, das qualificações e intenções daquele que se oferece.
Não contemos, para ajudar a decisão, com uma palavra deci­siva dos companheiros desencarnados que nos orientam. A expe­riência indica que, em grupos responsáveis, dirigidos por Espíritos discretos e esclarecidos, as deliberações quanto aos negócios, diga­mos terrenos, do grupo, são deixadas aos encarnados. Os benfei­tores espirituais, mesmo consultados, recusam-se a dar ordens ou decidir se um novo companheiro deve ser admitido, ou se outro deve deixar o grupo. O problema é nosso, dos que estão do lado de cá da vida. Respeitemos esse ponto de vista e não tentemos forçá-los a dizer o que não pretendem. Nas diversas vezes em que me vi diante do problema da admissão de um novo membro, encontrei sempre, em diferentes grupos, a mesma atitude, por parte dos amigos espirituais: o problema era nosso. Estejamos, pois, preparados para enfrentá-lo.
Como se faz isso?
É preciso considerar, de início, que a decisão final deverá re­sultar de um consenso geral dos componentes do grupo, evitando, tanto quanto possível, que predomine a imposição ou a simples vontade de um só. A admissão de um novo componente pode alte­rar profundamente a estrutura e os métodos de trabalho da equipe, tanto num sentido, como noutro, ou seja, tanto para o lado posi­tivo como para o lado negativo.
O novo companheiro pode trazer um bom acervo de conheci­mento ou de experiência, e dar impulso às tarefas, revitalizando o grupo, trazendo uma contribuição construtiva, dinamizadora e efi­ciente. Se, porém, está mal preparado, ou infestado de frustrações, ou se deseja brilhar, poderá, com sua influência, aniquilar o grupo.
Cabe-nos, pois, examinar com serenidade, e desapaixonadamen­te, as suas credenciais. Que tem ele a oferecer? Qual a sua expe­riência em outros grupos ou em tarefas semelhantes? Qual o seu tipo de personalidade? Ajustado, tranqüilo, leal, disciplinado? Ou agressivo, crítico, fechado, mal-humorado? Que tipo de trabalho pretende realizar? É médium? Que faculdade mediúnica tem em desenvolvimento ou já desenvolvida? Tem conhecimento teórico da Doutrina? Relaciona-se bem com as pessoas?
Se essas e outras inúmeras indagações forem atendidas satis­fatoriamente, será considerada a possibilidade de recebê-lo no grupo. Neste caso, e só então, deverão ser expostas a ele, também com franqueza e serenidade, as condições dc trabalho, às quais ele de­verá subordinar-se, como os demais membros. Será debatida com ele a natureza do seu encargo, ou seja, o que lhe competirá fazer na equipe, e o que se espera dele.
Nada de processos iniciáticos, de rituais de “batismo”, de sim­bolismos, de vestimentas especiais ou cerimônias de qualquer natu­reza. Se nos convencermos de que ele, ou ela, está em condições de integrar-se na equipe, é só apresentá-lo aos demais companhei­ros e começar o trabalho.
Apreciemos o problema, agora, do ponto de vista do candidato.
Se deseja participar das tarefas de determinado grupo, deve certificar-se de que está disposto ao trabalho construtivo e disci­plinado. Certo, também, de que o grupo lhe oferece as condições que ele entende como necessárias e desejáveis. É um grupo sério, apoiado em boa base doutrinária, bem integrado e formado de pes­soas que se estimam e se respeitam? Mais ainda: ele deve ter o que dar. Juntar-se a um grupo para tirar partido, para buscar vantagens e privilégios, não é estar pronto para trabalho de tanta responsabilidade.
O candidato não deve impor condições, nem insistir na sua admissão a qualquer preço. Se perceber que sua adesão é inopor­tuna ou mesmo indesejada, ainda que não indesejável, deve ter suficiente equilíbrio e bom senso para recuar ou aguardar outra oportunidade. Sua presença não deve ser impingida sob condições.
Suponhamos que seja admitido.
Deve procurar integrar-se no trabalho, observando tudo sem espírito crítico negativo, sem desejo de aferir virtudes e defeitos alheios. Mantenha-se discreto e tranqüilo. Aguarde o amadureci­mento de suas impressões e a sua perfeita sintonização com os demais companheiros. Se tiver alguma contribuição positiva a fazer, com a intenção de melhorar o trabalho, precisa de tato e bom senso ao apresentá-la. Faça-o, de preferência, em particular, ao diri­gente do grupo, com habilidade e na oportunidade adequada.
É possível que a sua sugestão seja acolhida, mas pode ser que o grupo tenha razões para agir da forma que, de início, pode ter-lhe parecido suscetível de correção. Aja com prudência, mas não deixe de expressar seus pontos de vista, se os julgar oportunos e aplicá­veis. Não se magoe, se não forem acolhidos; não se vanglorie, se o            forem.
Para resumir: os trabalhos mediúnicos devem ser realizados em grupos fechados, mas não herméticos, inacessíveis, inabordáveis. Tem que haver espaço para a renovação de pessoas e de métodos. O próprio estudo, e a prática decorrente do trato com os nossos companheiros desencarnados — tanto instrutores e orientadores, como Espíritos em desequilíbrio — nos trazem contribuições impor­tantes que, aqui e ali, aconselham correções e reajustes no método de ação. Precisamos ter a coragem e a humildade de abandonar práticas inadequadas e adotar novos métodos, quando os antigos se revelarem insuficientes ou impróprios. Ouçamos com atenção as recomendações e as sugestões dos dirigentes espirituais da tarefa. Empenhemo-nos em aprender com os nossos próprios erros. Como estudantes que somos, e nada mais do que isso, aprendemos
mais e melhor, para nunca mais esquecer, exatamente aqueles pontos sobre os quais cometemos nossos piores erros, pois são eles que fazem baixar a nota das nossas provas. E se estamos sinceramente dedicados ao progresso espiritual, desejamos com todo o interesse o certificado de conclusão do curso, a fim de sermos, tão cedo quanto possível, promovidos à admissão na próxima escola que está à nossa espera.

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