Dialogo com as Sombras 2ª PARTE (7) - RENOVAÇÃO DO GRUPO
Já discutimos
ligeiramente o problema da exclusão de algum participante do grupo mediúnico.
Não creio que o assunto esteja esgotado, mas não parece necessário esmiuçá-lo
mais. A disciplina e a coesão da equipe devem ser mantidas serenamente e com
firmeza. Se alguém destoar, a ponto de introduzir um fator de perturbação, deve
ser afastado, temporária ou definitivamente, se for o caso. Nada, porém, de
perseguições, de espionagem e de regras policiais. A disciplina deve ser
consciente, para que todos possam trabalhar de espírito desarmado e tranqüilo.
Se os componentes do grupo não se entenderem, como poderão oferecer, aos
companheiros desarvorados do mundo espiritual, o exemplo da solidariedade e da
compreensão? As organizações espirituais geradas e mantidas na sombra podem ter
inúmeros defeitos, mas são implacavelmente disciplinadas. Guardemo-nos de
imitar essas formas de disciplina brutal e cruel, mas estejamos sempre
conscientes de que nenhum trabalho de equipe se realiza sem um mínimo de ordem.
Por mais
que nos pese, e por mais que relutemos intimamente, é preciso dispensar o
companheiro que traga para dentro do grupo o fermento da dissidência, da
inquietação, da indisciplina, que pode neutralizar as melhores intenções e
provocar até a desagregação da
equipe.
Há,
porém, o anverso da medalha. Como nos portarmos diante das solicitações de
adesão aos nossos trabalhos?
Sempre
haverá um parente, ou amigo que, tomando conhecimento da nossa atividade,
deseje participar do grupo, em caráter permanente. Devemos admiti-lo?
Em
primeiro lugar: se já atingimos o número de componentes inicialmente fixado
como o máximo desejável, não podemos cogitar de receber mais companheiros,
ainda que bastante credenciados. Se ainda não alcançamos o número prefixado,
podemos considerar a possibilidade. Em qualquer caso, é necessário um exame
bastante criterioso, franco e leal, das qualificações e intenções daquele que
se oferece.
Não
contemos, para ajudar a decisão, com uma palavra decisiva dos companheiros
desencarnados que nos orientam. A experiência indica que, em grupos
responsáveis, dirigidos por Espíritos discretos e esclarecidos, as deliberações
quanto aos negócios, digamos terrenos, do grupo, são deixadas aos encarnados.
Os benfeitores espirituais, mesmo consultados, recusam-se a dar ordens ou
decidir se um novo companheiro deve ser admitido, ou se outro deve deixar o
grupo. O problema é nosso, dos que estão do lado de cá da vida. Respeitemos
esse ponto de vista e não tentemos forçá-los a dizer o que não pretendem. Nas
diversas vezes em que me vi diante do problema da admissão de um novo membro,
encontrei sempre, em diferentes grupos, a mesma atitude, por parte dos amigos
espirituais: o problema era nosso. Estejamos, pois, preparados para
enfrentá-lo.
Como se
faz isso?
É preciso
considerar, de início, que a decisão final deverá resultar de um consenso
geral dos componentes do grupo, evitando, tanto quanto possível, que predomine
a imposição ou a simples vontade de um só. A admissão de um novo componente pode
alterar profundamente a estrutura e os métodos de trabalho da equipe, tanto
num sentido, como noutro, ou seja, tanto para o lado positivo como para o lado
negativo.
O novo
companheiro pode trazer um bom acervo de conhecimento ou de experiência, e dar
impulso às tarefas, revitalizando o grupo, trazendo uma contribuição
construtiva, dinamizadora e eficiente. Se, porém, está mal preparado, ou
infestado de frustrações, ou se deseja brilhar, poderá, com sua influência,
aniquilar o grupo.
Cabe-nos,
pois, examinar com serenidade, e desapaixonadamente, as suas credenciais. Que
tem ele a oferecer? Qual a sua experiência em outros grupos ou em tarefas
semelhantes? Qual o seu tipo de personalidade? Ajustado, tranqüilo, leal,
disciplinado? Ou agressivo, crítico, fechado, mal-humorado? Que tipo de
trabalho pretende realizar? É médium? Que faculdade mediúnica tem em
desenvolvimento ou já desenvolvida? Tem conhecimento teórico da Doutrina?
Relaciona-se bem com as pessoas?
Se essas
e outras inúmeras indagações forem atendidas satisfatoriamente, será
considerada a possibilidade de recebê-lo no grupo. Neste caso, e só então,
deverão ser expostas a ele, também com franqueza e serenidade, as condições dc
trabalho, às quais ele deverá subordinar-se, como os demais membros. Será
debatida com ele a natureza do seu encargo, ou seja, o que lhe competirá fazer
na equipe, e o que se espera dele.
Nada de
processos iniciáticos, de rituais de “batismo”, de simbolismos, de vestimentas
especiais ou cerimônias de qualquer natureza. Se nos convencermos de que ele,
ou ela, está em condições de integrar-se na equipe, é só apresentá-lo aos
demais companheiros e começar o trabalho.
Apreciemos
o problema, agora, do ponto de vista do candidato.
Se deseja
participar das tarefas de determinado grupo, deve certificar-se de que está
disposto ao trabalho construtivo e disciplinado. Certo, também, de que o grupo
lhe oferece as condições que ele entende como necessárias e desejáveis. É um
grupo sério, apoiado em boa base doutrinária, bem integrado e formado de pessoas
que se estimam e se respeitam? Mais ainda: ele deve ter o que dar. Juntar-se a
um grupo para tirar partido, para buscar vantagens e privilégios, não é estar
pronto para trabalho de tanta responsabilidade.
O
candidato não deve impor condições, nem insistir na sua admissão a qualquer
preço. Se perceber que sua adesão é inoportuna ou mesmo indesejada, ainda que
não indesejável, deve ter suficiente equilíbrio e bom senso para recuar ou
aguardar outra oportunidade. Sua presença não deve ser impingida sob condições.
Suponhamos
que seja admitido.
Deve
procurar integrar-se no trabalho, observando tudo sem espírito crítico
negativo, sem desejo de aferir virtudes e defeitos alheios. Mantenha-se
discreto e tranqüilo. Aguarde o amadurecimento de suas impressões e a sua
perfeita sintonização com os demais companheiros. Se tiver alguma contribuição
positiva a fazer, com a intenção de melhorar o trabalho, precisa de tato e bom
senso ao apresentá-la. Faça-o, de preferência, em particular, ao dirigente do
grupo, com habilidade e na oportunidade adequada.
É
possível que a sua sugestão seja acolhida, mas pode ser que o grupo tenha
razões para agir da forma que, de início, pode ter-lhe parecido suscetível de
correção. Aja com prudência, mas não deixe de expressar seus pontos de vista,
se os julgar oportunos e aplicáveis. Não se magoe, se não forem acolhidos; não
se vanglorie, se o forem.
Para
resumir: os trabalhos mediúnicos devem ser realizados em grupos fechados, mas
não herméticos, inacessíveis, inabordáveis. Tem que haver espaço para a
renovação de pessoas e de métodos. O próprio estudo, e a prática decorrente do
trato com os nossos companheiros desencarnados — tanto instrutores e
orientadores, como Espíritos em desequilíbrio — nos trazem contribuições importantes
que, aqui e ali, aconselham correções e reajustes no método de ação. Precisamos
ter a coragem e a humildade de abandonar práticas inadequadas e adotar novos
métodos, quando os antigos se revelarem insuficientes ou impróprios. Ouçamos
com atenção as recomendações e as sugestões dos dirigentes espirituais da
tarefa. Empenhemo-nos em aprender com os nossos próprios erros. Como estudantes
que somos, e nada mais do que isso, aprendemos
mais e melhor, para nunca mais esquecer, exatamente
aqueles pontos sobre os quais cometemos nossos piores erros, pois são eles que
fazem baixar a nota das nossas provas. E se estamos sinceramente dedicados ao
progresso espiritual, desejamos com todo o interesse o certificado de conclusão
do curso, a fim de sermos, tão cedo quanto possível, promovidos à admissão na
próxima escola que está à nossa espera.
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