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6 de abr. de 2012

Diálogo com as Sombras 2ª PARTE (5) - OUTROS PARTICIPANTES







Um grupo mediúnico não se constitui apenas de um doutri­nador e alguns médiuns já desenvolvidos e preparados para os seus encargos. Há sempre outros companheiros, sem mediunidade osten­siva, que podem e devem participar, respeitados o limite numérico e a qualificação pessoal anteriormente referidos.
Tais participantes merecem atenção e cuidados, como quaisquer outros que integrem o grupo. Devem obedecer à mesma disciplina, e entregar-se ao mesmo aprendizado doutrinário e à mesma atenta observação a que cada um dos demais é submetido, pois, ainda que não manifestamente, também trazem ao grupo a sua contribuição. São geralmente amigos e parentes de um ou outro membro, e sentem-se atraidos pelo trabalho. É necessário estudar bem e dis­cutir com franqueza as suas motivações. Estão interessados num trabalho sério, cansativo, contínuo e disciplinado? Acham-se apenas impulsionados pela curiosidade passageira? Integram-se bem no grupo, mantendo boas relações de amizade com os demais compo­nentes? Estarão dispostos a contentar-se com uma tarefa aparen­temente inútil e apagada?
O trabalho, nos grupos de desobsessão, não oferece atrativos àqueles que não estejam preparados para a dedicação, sem escolher funções e sem buscar posições de relevo. Não apresenta, ademais, fenomenologia espetacular, para distrair aqueles que buscam nos fatos mediúnicos apenas a manifestação mais dramática, como as de efeitos físicos (materializações, transportes, levitação e outras), nem comunicações de Espíritos luminosos ou célebres. Nada disso. O trabalho é muito mais humilde, exige dedicação, esforço concen­trado, renúncia, paciência. O grupo não se reúne para divertir-se com Espíritos, mas para servir e aprender. Não esperemos reve­lações extraordinárias, destinadas a abalar o mundo, nem convívio com os Espíritos redimidos, que fiquem à nossa disposição, para responder a qualquer pergunta ou fazer qualquer favor.
Por outro lado, o companheiro, ou companheira, sem mediuni­dade ostensiva, pode deixar-se envolver pela frustração, se não tem condições de “receber” Espíritos, escrever páginas psicográficas, ver ou ouvir os companheiros desencarnados. Muitos buscam aderir aos grupos na esperança de que isto aconteça e, de uma hora para outra, passem a funcionar como médiuns perfeitamente ajustados. Raramente a mediunidade eclode assim, espontânea e fulminante, pronta e afinada. Só excepcionalmente isso acontece. A norma geral é o desabrochar lento, muitas vezes penoso, a exigir estudo, dedi­cação, orientação e renúncias bastante sérias. Quando assistimos àmanifestação de um Espírito sofredor, ou de um dos instrutores anônimos do Mundo Superior, através de um médium perfeitamente ajustado, não imaginamos quanto trabalho preparatório foi neces­sário desenvolver, até chegar àquele ponto; quantas dores, quanta vigilância, e preces, incertezas, dificuldades e desenganos. Quem ouve o consumado virtuoso do piano, facilmente é levado a esque­cer os longos anos de aprendizado, as cansativas horas de exercí­cio, o esforço constante de aprimoramento. É como se contemplás­semos um produto de apurado acabamento, sem a menor noção de sua gênese e da técnica e adestramento que a sua confecção exigiu do artífice. E é por isso, também, que muitas mediuni­dades ficam, por assim dizer, inacabadas, toscas e primitivas, como obras que o artista não teve suficiente dedicação e tenacidade para concluir. Dizem que o gênio é dez por cento inspiração e noventa por cento transpiração; a mediunidade talvez guarde relação seme­lhante. Portanto, ao presenciarmos o suave fluir de uma bem treinada mediunidade, manifestemos, intimamente, nosso respeito pelo médium. Ele trabalhou muito e lutou muito para que assim fosse. Nada de ciúmes pelo que ele faz, nem de elogios balofos que o percam, mas nosso apreço, este sim, lhe é devido.
Serão, então, dispensáveis os componentes do grupo que não ofereçam condições mediúnicas? Não. Sua participação é desejável. Se estão bem entrosados com as demais pessoas e mantém atitude construtiva, contribuem para a concentração das mentes no clima de segurança e de harmonia, e prestam serviços relevantes de apoio. Ainda que inconscientemente, muitas vezes têm papel importante no grupo, fornecendo recursos vibratórios de alto valor.
É muito freqüente ouvirmos desses companheiros uma palavra de desânimo e desinteresse, por acharem que nada estão fazendo no grupo, o que é falso. Os nossos instrutores espirituais estão can­sados de insistir em que todos os recursos humanos colocados à disposição do trabalho são aproveitados. Não é necessário que todos, indistintamente, sejam médiuns, nem mesmo desejável. Os compa­nheiros sem mediunidade ostensiva precisam convencer-se de que devem manter, em qualquer circunstância, e ao longo dos anos, uma atitude construtiva e disposta à cooperação. Deixem aos ope­radores desencarnados a incumbência de decidir quanto à utilização dos recursos de cada um. A atitude negativa acarreta dificuldades e desarmonias que prejudicam seriamente as tarefas mediúnicas, da mesma forma que o espírito Crítico, ou de fria observação, como se o membro do grupo fosse mero espectador.
Por mais de uma vez, tive oportunidade de verificar casos espe­cíficos de atitudes assim, quando o companheiro, ou a compa­nheira, questionou a validade da sua presença no grupo. A um desses, um dos Espíritos que se incumbiam da orientação do grupo afirmou que, ao contrário, tal pessoa nos prestava excelentes ser­viços, como “dínamo de vibrações amorosas”, de que estava pleno o seu coração. Esses recursos eram amplamente utilizados no tra­balho, sem que ela tivesse consciência do fato.
Além do mais, é comum desenvolverem-se nesses companheiros preciosas mediunidades, que se acham apenas em potencial, em pe­ríodo de expectativa e de provas, para experimentar-lhes a paciên­cia e a tenacidade. Com o decorrer do tempo, começa a ensaiar-se timidamente a faculdade, numa rápida vidência, na captação de uma ou outra palavra ou intuição. Quase sempre podem também ser muito úteis como médiuns de passes, dado que praticamente todos os seres humanos dispõem dessa condição em potencial, se tiverem desejo de servir e pureza de intenções. Há condições para desen­volvê-la harmoniosamente, sob supervisão de alguém mais experi­mentado. Neste caso, aqueles que não dispõem de faculdades para incorporação, psicografia ou vidência, poderão incumbir-se da nobre tarefa do passe reparador, tão necessária num grupo de trabalhos práticos. A juízo do dirigente, e por ele orientados darão passes nos médiuns, após comunicações particularmente penosas, a fim de ajudá-los no reequilíbrio de suas energias e. aliviar aflições residuais deixadas pelas vibrações dolorosas do manifestante em desar­monia. Podem ainda Contribuir para a fluidificação da água.
Quanto ao mais, tenham paciência e portem-se com humildade e respeito. É possível que, com o tempo, venham a manifestar indícios indubitáveis de excelentes faculdades, que poderão ser cultivadas e aproveitadas. Mantenham-se em calma, sem açoda­mento ou excitação. Estudem e observem.
O  dirigente do grupo deverá ter sensibilidade bastante para identificar os indícios e acompanhar cada caso individual, com sabe­doria e bom senso.
O  participante, porém, precisa estar preparado para a even­tualidade de conviver com o grupo por longos anos, sem que ne­nhum fenômeno ostensivo se passe na intimidade de seu ser. Não pense, porém, que é inútil, só porque não incorpora, não vê ou não ouve Espíritos; às vezes, sua participação é preciosa. Conser­ve-se firme e tranqüilo; contribua para manter um bom ambiente de vibrações amorosas, vigie seus pensamentos, permaneça concen­trado e em prece nos momentos mais críticos. Não se aflija se a sua contribuição é menos ostensiva. Num grupo bem harmonizado, todos são úteis e necessários, como já ensinava Paulo, ha tantos séculos:
      - Com efeito — dizia ele aos Coríntios (Primeira Epístola, capítulo 12, versículos 14 e seguintes) — o corpo não se compõe de um só membro, senão de muitos. Se o pé dissesse: “Como não sou mão, não pertenço ao corpo”, deixaria de ser parte do corpo, por isso? E se o ouvido dissesse: “Como não sou olho, não per­tenço ao corpo”, deixaria de ser parte do corpo, por isso? Se todo o corpo fosse o olho, onde ficaria o ouvido? E se fosse todo ou­vido, onde ficaria o olfato?
      Nada, pois, de ambicionar, ou mesmo desejar, faculdades para as quais não estamos preparados, ou, pelo menos, ainda não esta­mos preparados. Tenho, sob este aspecto, uma experiência pessoal. Durante vários anos freqüentei um grupo mediúnico, sem saber ao certo o que fazia. Sentava-me entre os companheiros, procurava portar-me com respeito, atenção e vigilância interior. Nenhum fe­nômeno, nenhuma forma de mediunidade, nem mesmo uma palavra perdida, que eu tivesse captado, ou a fugaz visão de um compa­nheiro desencarnado. A tudo ouvia, participando dos dramas e aflições dos irmãos desarvorados, que então nos procuravam, acompanhando com interesse as instruções e observações dos nossos benfeitores desencarnados. Esse grupo, constituído de pessoas que muito se estimavam e se mantinham bem afinadas, não tinha, porém, a rigidez de uma disciplina mais rigorosa. Vários dos seus compo­nentes conversavam com os Espíritos, ao sabor dos acontecimentos. Os resultados eram bons, por certo, porque nos esforçávamos por manter a harmonia. Sentíamos, no entanto, que poderíamos fazer melhor a nossa tarefa, e, uma noite, antes da reunião, tomamos algumas decisões mais drásticas. Como o grupo não tinha uma liderança clara e específica, as tarefas foram distribuídas por uma espécie de consenso geral: A, B e C se limitarão às suas respectivas mediunidades, D fará as preces de abertura e encerra­mento. E, voltando-se para mim, disse aquele que estava com a palavra:
— Só você falará com os Espíritos.
Senti um “frio por dentro”. Eu? Que diria, meu Deus! Aos irmãos aflitos e desarmonizados.
O aprendizado dos tempos em que fiquei como simples obser­vador revelou-se precioso, e, ainda que thnidamente e sentindo cuidadosamente o difícil terreno em que pisava, comecei a tarefa que me fora atribuida procurando corresponder às esperanças da­queles que ma concediam.
E foi assim que, inesperadamente, me achei investido de uma responsabilidade que nem suspeitava me seria conferida.
Não Posso dizer se dei boa conta dela, mas, como me conser­varam no posto pelo resto do tempo em que o grupo funcionou, creio que Correspondi à confiança que em mim depositaram.
Este episódio é aqui documentado, apenas para enfatizar a cir­cunstância de que, muitas vezes, estamos, no grupo, sendo imperceptivelmente preparados e testados para responsabilidades futuras. Esperemos com paciência. E se não chegar o dia de uma partici­pação mais dinâmica e efetiva, ou, por outra, mais ostensiva, não importa; não perdemos o tempo, ofertando O Pouco de que dis­pomos: alguém se beneficiou mesmo com esse pequeno óbolo da viúva. Não somos julgados pelos resultados, mas pela boa-vontade que evidenciarmos.
O dirigente do grupo deve estar bem atento a toda e qualquer contribuição dessa natureza, estimulando-a com interesse, Colocando à disposição do companheiro sua experiência e orientação, procuran­do ajudá-lo, assisti-lo no esclarecimento de dúvidas, estudando junto com ele (ou ela) as dificuldades da tarefa, oferecendo sugestões, sem colocar-se na Posição de mestre infalível que tudo sabe, pois em questão de mediunidade precisamos ser humildes e sensatos para admitir que não sabemos tudo, longe disso; aquele que souber um pouco, utilize seus conhecimentos de maneira construtiva, sem­pre disposto a aprender mais, a rever pontos de vista, a reapren­der. Cada caso é diferente, cada manifestação é diferente, uma vez que cada um de nós é um ser diferente, a atestar a infinita capacidade criadora dAquele que nos formulou no seu pensamento e nos deu forma, vida e consciência.

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