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5 de jun. de 2010

Qualidade na Prática Mediunica (81 ao 86) - Projeto Manoel P. de Miranda


Organização, Médiuns, Doutrinadores


Organização

81. - Privacidade, seleção criteriosa de participantes, ambiente harmonizado exclusivamente reservado para as reuniões mediúnicas ou para atividades afins, e regularidade com a mesma equipe são padrões de qualidade para a prática mediúnica já amplamente justificados na obra Reuniões Mediúnicas de nossa autoria. Que outros padrões de qualidade inerentes à organização das reuniões poderão ser incluídas como indispensáveis?

Reputamos essenciais além dos itens citados dois outros: Adestramento da equipe, que tem conotação diferente de estudo. Este costuma ser teórico, podendo, também, ter uma certa abrangência prática, com simulações, troca de experiências e análises de casos, etc.
Adestrar, todavia, compreende um passo adiante; envolve exercício para as funções a desempenhar, supervisionado por pessoas que possuem experiência comprovada, aliada à competência.
Tem sido muito raro entre as práticas do Movimento Espírita os grupos mais experientes prestarem ajuda aos grupos iniciantes, seja porque os primeiros se fecham, não admitindo presenças de estranhos em suas práticas, com receio da quebra de harmonia, seja porque os segundos se isolam para não darem demonstrações de ignorância ou porque aspiram a descobrir, por si mesmos, o caminho para o auxilio dos Espíritos.
Tem havido exemplos felizes de experiências desse tipo em que os Espíritos formam os seus auxiliares, seguindo com eles o árduo trabalho de suprirem a falta de experiência. De valor incomensurável este adestramento promovido pelo Mundo Espiritual, o qual, todavia, não dispensa os esforços humanos para que se ajudem uns aos outros, pessoas ou grupos, na esfera do cotidiano, agilizando o processo de espiritização das Casas Espíritas e da própria Sociedade.
Espontaneidade das comunicações, que é de relevância inquestionável. Tão importante esse item, que recorremos a um resumo de artigo publicado na revista Presença Espírita, de março/abril de l998, da autoria de um membro da equipe do Projeto Manoel Philomeno de Miranda, com o título: De Ordinário São Eles que nos Dirigem, o qual resumimos e adaptamos:
- Ei-lo:
Com essa expressão fecha-se a questão 459 de O Livro dos Espíritos, a respeito da influência dos desencarnados na vida dos homens.
Pode parecer ao observador apressado que examine a frase superficialmente e fora do seu contexto que as criaturas da Terra não passam de autômatos, desprovidas de lucidez e vontade, vivendo ao sabor do que decidem os Espíritos.
Todavia, é uma evidência inquestionável para os que se interessam pelos temas imortalistas, que há mais intercâmbio entre os homens da Terra e os Espíritos do que se percebe objetivamente. (...) Desloquemos esses comentários para as questões inerentes à prática mediúnica em grupo, conforme vêm sendo realizadas nas Casas Espíritas, as chamadas reuniões mediúnicas. Esses trabalhos de intercâmbio espiritual são realizados em parceria com os bons Espíritos para que possamos aprender e servir.
Esses Espíritos nobres, que nos acolhem e inspiram, jamais podem ser dirigidos por nossa vontade pois deles procede a energia maior, a sabedoria maior, o amor de plenitude, não passando nós de meros aprendizes da "escola da vida" que o amor de Deus entregou aos cuidados deles, instrutores benevolentes e dedicados.(...) Tais comentários visam introduzir uma questão da maior relevância para o Movimento Espírita no que tange à direção e planejamento das Reuniões Mediúnicas de caráter terapêutico. A quem cabe a programação dos Espíritos sofredores que devem ser atendidos através dos médiuns? A eles, os nossos Guias espirituais, como os chamamos, ou a nós, os guiados? Se os guiados programam não deixando qualquer espaço decisório para eles, os sábios e competentes, tal procedimento implica em amarrá-los totalmente (como se fosse possível) e submetê-los ao talante de nossos caprichos e determinações. (...) As nossas reuniões mediúnicas - com as devidas exceções - estão tão cheias de petitórios, a lista de clientes preenchida de modo tão exclusivo pelos agentes e procuradores humanos que os bons Espíritos estão encontrando muita dificuldade em socorrer de fato, ademais porque eles somente o fazem pelo critério do mérito e da oportunidade real com chance de ser aproveitada e valorizada.
Ocorre que essa forte ingerência humana no planejamento e organização das reuniões mediúnicas tem concorrido muitíssimo para que elas percam a qualidade e deixem de cumprir o papel terapêutico para o qual foram criadas.
Temos registrado nos seminários que realizamos alguns problemas relevantes relacionados à questão de que tratamos.
O primeiro deles é a perda gradativa de produtividade em trabalhos práticos antes tidos como eficientes. E as pessoas assim se colocam. - De uns tempos para cá as nossas sessões ficaram desinteressantes, as comunicações diminuíram em quantidade e qualidade e quase mesmo silenciaram.
E nós lhes dizemos: - É a misericórdia Divina agindo para precatar vocês de acontecimentos desagradáveis. Antes silenciar a boca mediúnica do que submetê-la ao trabalho do personalismo e das mistificações.
De outras vezes são médiuns a se queixarem:
- Tudo ia bem comigo, dentro naturalmente da relatividade de minha condição humana. Mas, de repente, me impuseram que trabalhasse mediunicamente atraindo Espíritos vinculados aos encarnados em estado de obsessão evidente e eu não tenho suportado essa carga nem me adaptado a esse método forçado de atuar na mediunidade. Que faço agora?
Pergunta difícil, a que só podemos responder de forma conciliatória para não estimular a indisciplina nem a desagregação.
- Esforce-se para adaptar-se, mas converse com o dirigente propondo adequações que sejam compatíveis com os precipícios doutrinários. Procure encontrar fatores de equilíbrio em você mesmo que prevaleçam em quaisquer circunstâncias, mas não ultrapasse o limite de suas resistências. Sentindo os sinais de desarmonias físicas e emocionais comunique o fato à direção dos trabalhos mediúnicos e não dê campo mental para atendimentos a Espíritos atormentadores.
Permitimo-nos tocar noutro ponto importantíssimo, introduzindo-o através da seguinte questão:
Para que as etapas mediúnicas da desobsessão aconteçam através da psicofonia ou da incorporação do desencarnado infeliz e infelicitador, é necessária a presença dos encarnados afetados pela obsessão, nas reuniões mediúnicas? Alguns defendem a tese de que a proximidade física entre vítima, algozes e socorristas favorece as ligações psíquicas entre os médiuns, agentes diretos do socorro, e com base nesse argumento desconsideram os vários inconvenientes provocados pela presença de pessoas despreparadas e estranhas entre as quais destacamos a perda de privacidade do grupo e as conseqüências disso decorrentes para a harmonização dos pensamentos (ver Influência do Meio, em O Livro dos Médiuns, Cap. XXI) e mais grave ainda, os riscos a que são submetidos os próprios doentes encarnados, despreparados e fragilizados como se encontram, de serem impressionados desfavoravelmente com as ameaças e a linguagem agressiva e chocante dos Espíritos brutalizados e odientos.
Somos favoráveis à idéia de que os bons Espíritos dispõem de recursos muito eficazes para trazer às reuniões mediúnicas as Entidades que desejam socorrer (e os fatos são inúmeros) independentemente de outras providências humanas que não a de estarmos preparados sempre, criando um padrão vibratório de superior qualidade para o Centro Espírita...
Não há necessidade, portanto, de franquear as reuniões aos apelantes do socorro desobsessivo, o que é prejudicial, sem dúvida, nem dificultar o trabalho dos Mentores Espirituais com o rosário de nossos pedidos, quase sempre carregados de preferências injustificáveis e improcedentes...


82. - Há uma tendência natural, no Movimento Espírita, de classificar as práticas mediúnicas de caráter terapêutico em reuniões de educação da mediunidade e reuniões de desobsessão. Como se estrutura cada uma delas?


As reuniões de educação mediúnica, como o próprio nome sugere, são as que agrupam pessoas sem experiência, procedentes tanto dos cursos básicos de Espiritismo como das diversas áreas de atividades estruturadas na Casa Espírita.
Essas reuniões se formam, às vezes, em seqüência aos currículos de estudos sistematizados da Doutrina Espírita, quando o interesse de uma determinada turma de alunos direciona-se para os estudos teórico-práticos específicos sobre mediunidade e o Centro Espírita resolve dar guarida a esse interesse.
Todavia, semelhante modelo de formação de novos grupos mediúnicos - a partir dos de estudo - não é o único. Diversas Casas Espíritas, mesmo quando aproveitam alunos concluintes desses cursos, preferem distribuí-los pelos diversos grupos mediúnicos já existentes enquanto que outros Centros Espíritas só admitem candidatos a partir do corpo de seus trabalhadores, tenham eles feito cursos ou nã
Seja como for, torna-se necessário para quem não estudou o suficiente, que o faça o quanto antes, assumindo o compromisso de se instruir sempre, enquanto os que apenas estudaram - e devem estudar incessantemente porque ninguém está completo - se integrem no trabalho, evitando-se aquela tão velha e indesejável situação do Centro Espírita dividido entre os que apenas freqüentam reuniões mediúnicas e os que participam de modo amplo e diversificado de suas atividades.
Mas, para que ocorra essa maturação e o crescimento dos grupos mediúnicos, é preciso que, desde o início, se faça uma boa seleção, levando-se em conta, entre outras coisas, o valor moral do candidato.
Na fase inicial de vida das reuniões de educação mediúnica costuma-se reservar a maior parte de seu tempo de duração para o estudo das disciplinas teóricas, ficando a parte menor para os exercícios práticos.
Com o passar dos anos e à medida que os potenciais mediúnicos das pessoas vão sendo desvelados, a demanda de Espíritos sofredores atraídos para essas reuniões cresce, tornando-se necessário aumentar o tempo reservado para o intercâmbio espiritual, em detrimento da duração do estudo até o ponto em que o programa teórico informativo se esgota e o experimento passa a ter um caráter normal de reunião mediúnica. A partir daí, a preparação na sala mediúnica deve resumir-se a uma simples leitura, suprimindo-se o estudo, que passa a ser inconveniente por exigir dos participantes uma certa excitação intelectual, comentários, quando o que se quer é levá-los à quietude emocional e ao recolhimento íntimo, favorecedores da passividades mediúnica e da concentração. Isto não significa rejeição ao estudo que deverá ser feito em outra ocasião por iniciativas organizadas pelo grupo ou por autodidatismo.
Adquirida personalidade própria, a reunião mediúnica terá uma longa trajetória a trilhar, durante a qual a equipe irá adquirindo experiência e se capacitando para responsabilidades cada vez maiores.
Conquanto caiba aos dirigentes o recurso de ir injetando nos grupos elementos novos, em substituição aos que se afastam ou são afastados, ou promover permutas de pessoas entre os grupos, sempre objetivando o propósito-fim da lei de sintonia e da qualidade, é de se esperar que cada reunião mediúnica, a partir de seu grupo-base, promova a sua ascensão até o limite possível, de conformidade com o valor médio das possibilidades evolutivas de seus membros.
É nessa trajetória que chegará o momento para passar a se envolver com a desobsessão, primeiramente através de alguns médiuns que se adestraram e se fortaleceram mais rapidamente, depois com a maioria ou com todos.
O momento de começar a desobsessão não se dá por decreto humano. Queremos com isso dizer que não basta que o dirigente encarnado do grupo afirme: "A partir de hoje o nosso grupo será de desobsessão". Se o grupo não estiver maduro e preparado os Mentores não acatarão a vontade dos encarnados, prosseguindo a reunião conforme a capacidade da sua equipe. Havendo insistência dos dirigentes para se autopromoverem provocando atendimento para os quais o grupo não tem suporte, a obsessão se instalará nos médiuns ou então fará enveredar pelo desserviço das mistificações.
Quem examinou a obra de Manoel Philomeno de Miranda, Trilhas da Libertação, há de se lembrar da advertência do Espírito Carneiro de Campos, quando, textualmente, escreve no capítulo intitulado A Luta Prossegue: "O labor de desobsessão é terapia avançada que exige equipes hábeis de pessoas e Espíritos adestrados nas suas realizações, de modo a se conseguir os resultados positivos e esperados. Não raro, candidatos apressados e desaparelhados aventuram-se em tentames públicos e privados de intercâmbio espiritual, desconhecendo as armadilhas e a astúcia dos desencarnados, procurando estabelecer contatos com aqueles aos quais pretendem doutrinar ou impor suas idéias.
Arrogantes uns, ingênuos outros, permitem-se a leviandade de abrir portas mediúnicas a intercâmbio desordenado, na presunção de que se podem fazer respeitados, obedecidos, em grande risco de natureza psíquica." Sobre desobsessão é preciso ainda enfatizar que trata-se de um processo amplo, que envolve não apenas a reunião mediúnica, mas o conjunto das atividades do Centro Espírita, conforme elucidou o trabalho apresentado no 1º Congresso Espírita Brasileiro, outubro de 1999, intitulado "O Centro Espírita e a Desobsessão" do qual extraímos o seguinte e interessante tópico: "O Centro Espírita que se quer dedicar ao mister da desobsessão tem que ser preservado das desarmonias vibratórias geradas pelas mentes de seus participantes. Deve haver nele um clima fraternal preponderante e seus membros devem estar interessados sinceramente na proposta evangélica do amor e da solidariedade entre todos."








Médiuns

83. - As funções de um trabalho mediúnico são específicas?
De relevância o papel de cada um no contexto do grupo que se dedica ao labor mediúnico solidário com finalidades terapêuticas.
Há funções bem definidas que, de um certo modo, correspondem a importantes especializações. André Luiz anotou em Desobsessão, Capítulo 20: "Todos os componentes da equipe assumirão funções específicas." Portanto, constitui-se indicativo de qualidade organizacional a condição de um grupo mediúnico em que cada um está consciente das atribuições inerentes à função que desempenha, sejam o dirigente, os doutrinadores, os médiuns ostensivos, nas suas variadas espécies, e os assistentes-participantes, aqueles que funcionam como auxiliares para a sustentação vibratória do trabalho.
Uma discussão que ainda perdura no Movimento Espírita é a de se saber, ao certo, se um médium ostensivo pode desempenhar as funções de doutrinador. Embora a maioria, hoje, opte para que se respeite a aptidão específica de cada um, vez que outra surgem questionamentos quais o seguinte: - Quando um médium detém os conhecimentos e qualidades inerentes à função de doutrinador e o grupo se vê privado de doutrinadores competentes, por motivos variados, não é preferível contar com o médium ostensivo capaz do que improvisar-se com um doutrinador reconhecidamente deficientes? A solução para este caso é convocar doutrinadores de outros grupos mediúnicos da Casa, em se tratando de uma situação passageira.
Em casos que requeiram uma solução definitiva, os Mentores podem utilizar-se de um médium ostensivo que atenda ao perfil desejado de doutrinador, mas reorientarão a mediunidade desse sensitivo, do transe para a intuição, fazendo-o, todavia, de uma forma duradoura ou definitiva. E somente assim procederão para atender necessidades relevantes, jamais para sustentar a vaidade de tudo querer fazer ou para fomentar improvisações oriundas da desorganização humana, compreensivamente superáveis.


84. - Que padrões de qualidade apontaríamos para o médium se auto-avaliar?
Se compreendermos que a mediunidade transita da insipiência para a automatização, quando o trabalho do sensitivo se caracterizará pela segurança, facilidade e rapidez de entrar em contato com os Espíritos para interpretar os seus pensamentos, perceberemos que esse trabalho depende fundamentalmente da concentração.
Saber concentrar-sem asserenar a mente discursiva, reduzir o fluxo dos pensamentos, interiorizar-se, expandir a aura e encher-se de misericórdia para doar-se, acolhendo nas próprias entranhas a dor dos infelizes ou a doação do amor dos Espíritos nobres a ser repartida entre os necessitados, eis o fanal. Enfermeiro especializado que é, ou mensageiro de esperanças, o médium haverá de compreender a superior importância de promover a disciplina mental e o aquietamento emocional para obter uma boa concentração, de que dependerão os demais parâmetros, tais como facilidade de estabelecer a comunicação, ou seja: mensagem escorreita, fluindo rapidamente, sem repetições e frases entrecortadas, o que depende de uma boa filtragem; a regularidade no exercício, que confere ao médium uma produtividade aceitável sem aqueles silêncios demorados que caracterizam perda de sintonia, por vários motivos a considerar, uns inerentes ao próprio médium e outros ao meio; diversidade de tipo de Espíritos comunicantes, o contrário da mesmice, deficiência que pode ser um indicativo de uma rigidez de personalidade mediúnica que não dá margens à afinidade perispiritual com Espíritos de temperamentos diferentes ao do próprio sensitivo ou a um processo de obsessão simples em instalação.
Naturalmente que, em oposição aos aspectos positivos retrocitados como parâmetros aferidores da qualidade mediúnica, estariam os clássicos obstáculos da mediunidade; os conflitos e dúvidas na feição de agentes congeladores da energia mediúnica; a inibição, oriunda de problemas de personalidade mal resolvidos; o animismo nos seus vários aspectos, desde a centração excessiva do médium em si mesmo, projetando fortemente o passado, aos ruídos de comunicação característicos de medianeiro desarmonizado ou excessivamente voltado para outros interesses incompatíveis com as disciplinas que o exercício mediúnico impõe. Por fim, a mistificação do ego, resultante de processos involuntários de exacerbação nervosa que acompanham o sensitivo desgastado ou mal atendido por um doutrinador inexperiente ou mal sintonizado.
Comporta nestes comentários, algumas sugestões para os médiuns, de ordem prática:
1ª) Aceite o pensamento do Espírito comunicante e deixe que essa idéia o empolgue, para expressá-la com a força de uma convicção. É preciso que o médium aguarde um pouco antes de dar a mensagem para fixar bem a sintonia.
2ª) Concluída a comunicação, retire o seu conteúdo da memória e nunca faça qualquer tipo de comentário sobre detalhes da ocorrência do fenômeno, a fim de que possa desconsiderar-se e, com o tempo, automatizar a sua função.


85. - Todos estes aspectos, que são indicadores do desenvolvimento da aptidão mediúnica, serão percebidos pelo médium, sozinho, sem auxílio de outrem?
Não dizemos propriamente sozinho, mas, por iniciativa pessoal, sim. Cabe-lhe interessar-se por seu desenvolvimento na mediunidade. Isso fará dele um observador atento em relação ao seu próprio e ao trabalho dos outros. E, quando necessário, ele perguntará, buscará opiniões dos mais experientes, conversará com outros médiuns, com os doutrinadores, comparando respostas e informações para formar o seu cabedal de conhecimentos, montar o seu banco de dados. É nesse sentido que o estudo se transformará em oficinas de realizações importantíssimas e eficazes.
O médium, assim, interessado, atrairá a simpatia e a confiança do dirigente e das pessoas mais aptas, que terão prazer em, espontaneamente, procurá-lo para oferecer-lhe orientação e ajuda, porque sabem que encontrarão nele boa-vontade e não o melindre, que é o disfarce mais grosseiro com que se veste o orgulhA mola mestra do sucesso é o interesse, a motivação. O médium haverá de se conscientizar de que a mediunidade é para ele uma honra, uma outorga divina que deverá emulá-lo a uma entrega feliz e prazerosa de si mesmo. O mundo precisa de médiuns entusiasmados, interessados em fazer com que a faculdade neles brilhe como um sol, conscientes de que são, na Terra, os legítimos representantes dos Espíritos de Jesus, diferentemente daqueles que, diante do convite, se tornam apáticos, envergonhados como se a mediunidade neles não coubesse bem, sendo-lhe um transtorno incômodo e pesado.
Para aqueles que assim positivamente se fazem, a autocrítica não pesa nem constrange, antes se torna um caminho para o aprendizado constante e a auto-iluminação.




Doutrinadores

86 - Focalizando agora o doutrinador, quais os padrões de qualidade que deverão guiá-lo no exercício de suas funções?
A primeira consideração a fazer é que o médium doutrinador tem um perfil próprio que o deve caracterizar. E a tônica principal dentro desse perfil deverá ser a racionalidade, que não significa frieza, mas a base onde vai apoiar-se no campo das idéias, para expressar o seu trabalho num clima de segurança e estabilidade emocional capaz de infundir confiança naqueles que atende.
Diferentemente do médium de transe, que tem uma característica emocional muito vibrátil, o doutrinador ou terapeuta espiritual deverá ser emocionalmente menos oscilante, menos excitável, embora amoroso e disponível.
A mediunidade nele se expressará através da assimilação de correntes mentais, sem participação nervosa, através da intuição, a fim de que se ligue aos Espíritos socorristas que os inspiram sem se envolver mediunicamente com os sofredores que se comunicam e com os quais vai dialogar, o que não o impede de passar-lhes a energia dos bons sentimentos, a força da palavra abalizada e gentil, e as diversas terapias que complementam o aconselhamento.
Essa forma especial de ser médium garante-lhe a recepção das intuições enquanto ouve os Espíritos, mesmo racionando para organizar respostas adequadas e coerentes, estímulos e orientações, que passarão sob a forma de reflexões àqueles com quem dialoga.
Como importante se faz em todos os participantes de trabalhos mediúnicos o comportamento moral, no doutrinador essa qualificação se torna vital, essencial, pois como terapeuta espiritual ajudará muito mais com sentimentos do que com raciocínios, sendo a condição moral a única via capaz de estabelecer a sintonia com os Mentores Espirituais e a única força capaz de infundir respeito aos Espíritos rebeldes, ignorantes, primitivos, desarvorados, que são trazidos para receberem as terapias específicas.
Exige-se-lhe, ainda, um largo conhecimento doutrinário e do Evangelho pois que estes serão a fonte supridora de onde emanarão suas orientações.
A posse desses elementos em nível adequado e razoável enseja ao doutrinador alcançar os seguintes tentos, que lhe deverão constituir os indicadores com que avaliará o seu trabalho: Saber ouvir, fruto de uma observação atenta, concentrada, sem as tensões emocionais inquietantes do medo e da ansiedade; ouvir primeiro para depois orientar com segurança; rapidez de percepção, derivada de uma intuição clara, que, não acontecendo, fará perder-se em sindicâncias demoradas que prejudicam o atendimento no seu todo; intervenções oportunas e nas horas certas, resultado da interação das conquistas anteriores; e finalmente o uso das terapias complementares à palavra, tais o passe, a oração, a sonoterapia, a sugestão hipnótica e a regressão de memória, que são procedimentos indispensáveis em determinados momentos, e que deverão ser aplicados em consonância com os Mentores Espirituais, facilmente percebidas se estiver funcionando efetivamente a intuição.
Posturas corporais e psicológicas são ainda padrões de qualidade para o doutrinador pois se refletem nos resultados conforme o teor das mesmas, favorecendo o êxito ou limitando-o.
Postura correta é o doutrinador colocar-se atrás ou ao lado do médium em transe, evitando aproximar o seu rosto do dele, para não invadir o campo de aura do sensitivo, resguardando-o assim de constrangimentos e irritação. Caso o médium esteja falando baixo, o doutrinador pedirá para alterar um pouco mais o tom de voz em vez de se inclinar em demasia sobre seu corpo.
Assume postura incorreta o doutrinador quando se interpõe entre o médium e a pessoa sentada ao lado, colocando a mão sobre a mesa, o que limita os movimentos de ambos, principalmente do médium em transe. Certas posições, como esta, um tanto largadas ou sem aprumo, podem estar refletindo estados psicológicos ou emocionais não muito adequados: displicência, insegurança, cansaço...












Qualidade na prática mediúnica





Fonte: Mensagem recebida em de 2 de março de 2000


Manoel P. de Miranda & Divaldo P. Franco






O exercício saudável da mediunidade exige um conjunto de fatores que, no Centro Espírita, se encontram à disposição dos interessados, desde que o programa aí desenvolvido esteja fundamentado com rigor nos postulados exarados na Codificação kardequiana.
A mediunidade é uma faculdade portadora de intrincados, sutis e complexos mecanismos, que tem muito a ver com o passado do medianeiro, bem como se relaciona com as suas possibilidades de serviço e de integração no programa de iluminação da própria e de outras consciências.
Porta estreita, invariavelmente é instrumento de auto-encontro e de crescimento moral-espiritual, uma ponte por onde transitam os Espíritos que permanecem vinculados àqueles que prosseguem reencarnados nas paisagens terrenas.
Sendo o Centro Espírita a escola educativa e a oficina de trabalho onde o amor e o conhecimento orientam as vidas no rumo da autoconsciência, aí devem estar as possibilidades para que se adquira qualidade na prática mediúnica.
O médium é, essencialmente, um Espírito em prova, resgatando equívocos e débitos que lhe ficaram na retaguarda moral. A presença da faculdade não lhe concede qualquer tipo de privilégio ou destaque na comunidade, não devendo constituir-lhe motivo de orgulho ou de ostentação, antes sendo-lhe um especial instrumento para o ajudar na reparação de dívidas e adquirir o equilíbrio espiritual.
Mesmo quando o fenômeno se lhe apresenta ostensivo, isso não significa destinação para ser missionário de um para outro momento.
O mediunato é adquirido mediante sacrifício pessoal e muita renúncia, trabalho incessante e humildade no desempenho das tarefas que lhe dizem respeito.
A prática mediúnica, por conseqüência, deve ser realizada com seriedade, elevação e siso, seguindo-se, à risca as diretrizes estabelecidas em O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec e a contribuição complementar que vem sendo apresentada, após a Codificação, por estudiosos encarnados e pelos Espíritos encarregados de manter a Obra conforme se encontra consolidada na Doutrina Espírita.
Por isso, saudamos, neste trabalho cuidadoso e responsável, rico de informações e de conteúdos bem definidos, portador de valiosa contribuição para auxiliar a prática mediúnica, a ser cada vez mais eficiente, equilibrada e portadora de qualidade.

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