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5 de jun. de 2010

Qualidade na Prática Mediunica (70 ao 80) - Projeto Manoel P. de Miranda



Exercicio Mediunico II, Assistência, Qualidade


70. - O médium de transe consciente pode fazer uma avaliação do seu desenvolvimento mediúnico? De que forma?
Através da facilidade com que as comunicações se dão.
A questão da consciência na mediunidade sempre foi um grande tabu pelos conflitos que engendra na personalidade do médium.
Por exemplo: estamos todos na reunião mediúnica, em estado de calma, de relax. De repente, em nosso corpo mental, irrompe uma volúpia de bem-estar ou de ira. Trata-se da aproximação de um Espírito. Não existe razão para o médium começar a fazer disto um motivo de conflitos: - Será que sou eu? Será que está no m eu inconsciente?
No inicio do desenvolvimento da faculdade, é possível que sejam conflitos arquivados no inconsciente, mas somente chegaremos ao estado mediúnico passando pelo de natureza anímica.
O médium consciente, portanto, pode avaliar o fenômeno pela facilidade com que se vão dando as comunicações. O estado de lucidez, a claridade mental, não importam.
O que se deve observar é a forma lúcida, rápida e escorreita com que o fenômeno da psicofonia ocorre.
Como na arte de falar, a pessoa fala escolhendo as palavras, formando as frases, errando as conjugações verbais, a harmonia do conjunto. Depois, vai aprimorando-se, e em breve fala corretamente sem raciocinar.
No fenômeno mediúnico dá-se a mesma ocorrência. O médium pode, dessa forma, avaliar o seu progresso, o seu estágio de desenvolvimento ou o seu atraso -pela facilidade que as manifestações se dão.
No entanto, ninguém suponha que qualquer comunicação seja sempre cem por cento do Espírito comunicante. Mesmo nos fenômenos de efeitos físicos, que independem do contributo intelectual do médium, o ectoplasma, a radiação, é do medianeiro. O Espírito pode materializar-se e trazer as feições do sensitivo, porque o perispírito do encarnado nem sempre deixa de influenciar.
Para ter-se uma boa idéia a respeito, tente-se assinar um cheque segurando a mão de uma pessoa que não sabe escrever, e veja-se como sairá a letra; nunca se consegue uma igual à que está no arquivo. Ou, então, com a mão envolvida por uma luva muito grossa, de boxeador, por exemplo, tente-se escrever para verificar a dificuldade que se encontra. Todavia, com o treinamento, através da técnica da repetição, é possível conseguir-se traços de razoável aceitação.
Pelo exposto, o médium não se deve preocupar. Deixando que o fenômeno flua com naturalidade, em breve já não será participante, porque o desfecho vai-se tornando tão veloz, que o sensitivo não pensa para dizer. Em vez disso, ouve o que está dizendo, deixa de ser agente para ser espectador, até o momento em que a consciência se apaga.
Considerem-se três pessoas de nível cultural diferente, para darem uma mesma mensagem: cada uma delas transmitirá de acordo com o seu grau de entendimento. Uma dirá o que não entendeu direito (não tem hábito de dar recado); outra traduzirá: - Ele disse mais ou menos assim, - repetindo a mensagem conforme compreendeu; mas a terceira, mais treinada, passará facilmente o conteúdo conforme o recebeu. Então, temos nestes três casos, o médium de transe consciente, semi-consciente e inconsciente.


71. - Quando um médium interrompe o exercício mediúnico por muito tempo, como deve proceder para retornar às suas atividades de intercâmbio espiritual?

Pelo começo.
Quando nos encontramos em qualquer atividade que interrompemos e desejamos retornar, deveremos submeter-nos a uma nova disciplina, a um novo exercício, porque durante esse período ficamos com as nossas possibilidades e reflexos muitos prejudicados. Na mediunidade, porque faltou o exercício, deveremos voltar a fazer parte de um grupo, para sintonizar com todos os membros, após o que voltaremos às atividades mediúnicas na condição de principiantes, até retemperarmos o ânimo e termos condições de sintonia.


72. - O que o médium psicofônico consciente deve fazer para distinguir o pensamento que é do Mentor do que é do seu subconsciente?
No fenômeno psicofônico há uma preponderância da personalidade que se comunica. É muito difícil, no começo saber se está falando de si mesmo ou sob indução. Mas, a idéia é tão dominante que termina por perceber que não é sua. As palavras, sim, serão suas, e vestirão a idéia com vocabulário próprio, mas dar-se-á conta de que aquela idéia não lhe é habitual. Ademais, quando está numa reunião mediúnica e chegam-lhe idéias que não sôo convencionais, é porque vêm de um agente externo. Cabe-lhe abrir-se e acompanhá-las sem interferir.
Por esta razão, a educação mental, através da concentração, nos propicia observar sem pensar. No fenômeno mediúnico o sensitivo é o observador, não é o agente.


73. - Até quando uma mulher em gestação pode permanecer atuando em reuniões mediúnicas? É prejudicial ao feto o labor psicofônico exercido pela mãe?

Os processos da reencarnação, assim como os da psicofonia são muitos distintos. O primeiro permite ao Espírito vincular-se profundamente ao corpo em formação, nutrindo-se, de algum modo, das energias maternais, que contribuem eficazmente para a organização celular do futuro ser. O segundo ocorre através da imantação, perispírito a perispírito, entre o desencarnado e o médium, sem que isso afete o processo reencarnatório em andamento.
Não obstante, quando se tratar de uma gravidez com problemas, é justo que se interrompam quaisquer atividades que lhe agravem o desenvolvimento.
No transcurso de gestações normais, o inconveniente será sempre de natureza fisiológica, a partir do sétimo mês, mais ou menos, quando a postura se torna desagradável e a exigência de um largo período para a mulher permanecer sentada pode tornar-se cansativo.
Os Benfeitores espirituais, com os quais mantenho contato, informam que os médiuns em gestação podem exercer a faculdade normalmente, sem qualquer dano para a gravidez, evitando, porém, quando possível, as comunicações violentas, que a mediunidade disciplinada pela Doutrina Espírita sempre sabe conduzir com equilíbrio.




Assistência

74. - A função do médium e a do doutrinador, nas práticas mediúnicas, são facilmente identificadas. De que forma os outros integrantes de uma reunião mediúnica devem participar? Eles se tornarão um dia médiuns ou doutrinadores?
O capitulo XXIV de O Evangelho Segundo o Espiritismo dá-nos a resposta. No estudo ali realizado, Allan Kardec refere-se à mediunidade como sendo uma certa predisposição orgânica inerente a todas as pessoas, como a faculdade de ver, de falar, de ouvir...
Numa prática mediúnica temos três elementos básicos no plano físico: o doutrinador, o médium(de psicografia, psicofonia ou de outra faculdade qualquer, como a clarividência, clariaudiência) e o assistente, que não é platéia.
A prática mediúnica sempre faz recordar uma sala cirúrgica, onde existem as equipes de cirurgiões, para-médica e de auxiliares. Todos eles em função do paciente, que é o Espírito sofredor.
O trabalho mediúnico pode ter o caráter simultâneo de educação do médium e de desobsessão. De educação, porque somos sempre principiantes; e de desobsessão, porque os Benfeitores espirituais trazem Espíritos perversos, imbuídos de sentimentos maus, perseguidores contumazes para serem doutrinados.
Todos já conhecemos as funções do doutrinador e do médium. Todavia, nem sempre isto acontece quando se trata de assistente, que não sabe como conduzir-se.
Numa sala cirúrgica o assistente é alguém sempre disposto a cooperar com o que seja necessário.
Como todo assistente é um médium em potencial, ele pode dar uma comunicação em qualquer momento, esteja à mesa ou fora dela. A tradição de que as comunicações devem apenas operar-se à mesa está superada. A mesa foi um artifício de que Allan Kardec se utilizou para dar mais comodidade, pois as pessoas apóiam os braços, têm uma postura mais confortável, mais repousante, contudo em qualquer parte onde esteja situada a pessoa na sala mediúnica, pode estar em sintonia para os labores de intercâmbio espiritual.
Anteriormente havia uma tradição equivocada que atribuía a existência de uma primeira e de segunda correntes. São superstições. O importante é o conjunto; e o assistente comum deve ser alguém que participe através da mentalização, da meditação ou mesmo cooperando emocionalmente com o doutrinador, porque nem sempre este é feliz na identificação do móvel da comunicação, no momento de definir se se trata de um Espírito sofredor ou mistificador. na linguagem da perversidade.
Não raro, o doutrinador, fica sindicando, num diálogo ainda não direcionado, para identificar o problema que traz o comunicante e assim conversar com segurança. Além disso, o doutrinador, às vezes, se equivoca, o que é natural e humano. Inicia a doutrinação de uma forma, que não corresponde à necessidade do Espírito, e os Mentores sentem dificuldade em induzi-lo para que haja uma boa recepção. No entanto, um assistente pode identificar perfeitamente o problema. Cabe-lhe, neste caso, concentrar-se, ajudando o doutrinador, enviando mentalmente a mensagem acertada para que ele encontre a diretriz segura na orientação a ser ministrada.
É muito comum, em todos os grupos, por indisciplina mental dos assistentes, quando se trata de Entidade zombeteira ou perversa, fazer-se o jogo do desencarnado, não colaborando com o doutrinador, principalmente quando se trata de discussão que, aliás, deve sempre ser evitada.
Freqüentemente o assistente fica torcendo para que o Espírito perturbado vença a querela e até sente uma certa euforia quando nota o embaraço do orientador. Não se dá conta que, nesse estado mental, entra em sintonia com o Espírito malfazejo, que exterioriza uma radiação capaz de ser absorvida por qualquer pessoa na mesma faixa mental.
Ou seja, o assistente tem um papel preponderante para o êxito do trabalho mediúnico. Se às vezes, o processo das comunicações não está correndo com sucesso, em grande parte a responsabilidade é da equipe auxiliar. São a eficiência e a qualidade do trabalho dessa equipe que sustentam o valor da obra.
Por outro lado, nos trabalhos mediúnicos, o assistente deve aproveitar o momento para meditar, acompanhando as comunicações, ao invés de se deixar envolver pelo cochilo. Realmente, fica monótono o transcorrer de uma prática mediúnica, quando a pessoa não se integra nos detalhes do que ali acontece. Somente assim procedendo consegue o assistente libertar-se do desejo de dormir ou de ser acometido por mal-estar, o que sempre ocorre quando a pessoa não se concentra para acompanhar atentamente as comunicações que estão acontecendo.
Para dinamizar a sua participação, o assistente deve manter-se em atitude oracional para auxiliar o comunicante, penetrando no seu problema, porque isso é de muita relevância. Observa-se com freqüência que alguns embaraços do terapeuta espiritual são decorrência não só do seu despreparo, como também, da falta de cooperação mental do grupo, que não estando sintonizado deixa de oferecer os meios para uma ligação mental com os Mentores e com a Entidade comunicante.
Por fim, todos os assistentes devem manter-se em atitude receptiva, porque a manifestação mediúnica pode irromper a qualquer momento, em qualquer um deles, não necessariamente com caráter obsessivo, mas também inspirativo positivo. Pode surgir uma idéia edificante, um pensamento feliz, e cabe, à pessoa, no momento do silêncio, exteriorizar essa emoção, que pode ser o começo de uma manifestação no desdobramento de faculdades embrionárias.
Desta forma, o assistente deve colaborar positivamente com as suas emissões positivas no transcorrer das comunicações, pois ele é uma espécie de auxiliar de enfermagem na cirurgia mediúnica. Da sua mente devem sair recursos energéticos para o trabalho anestésicos a benefício do paciente desencarnado. A sua participação deve ser ativa e vigilante em todas as atividades ocorridas durante os trabalhos ali desenvolvidos. Suplicando ajuda espiritual, acompanhando e observando os diálogos, ele se transforma numa peça imprescindível na cooperação para o bom êxito das tarefas de intercâmbio espiritual.
Isto posso constatar, muitas vezes, em estado de desdobramento, pois enquanto os Amigos Espirituais escrevem, ou mesmo estando incorporado, acompanho os acontecimentos e anoto o que se passa no transcorrer dos labores.
Quando a prática mediúnica termina e as pessoas fazem perguntas sobre esta ou aquela particularidade, lembro-me perfeitamente da ocorrência, dos vários detalhes, como sejam: os diálogos, as comunicações, as condições das Entidades sofredoras, os Espíritos amigos que estão presentes na reunião, etc.. É a lucidez da mediunidade.


75. - Quando, um dos componentes da prática mediúnica percebe que determinada doutrinação não está sendo bem conduzida, ele pode ou deve interferir? Qual o momento adequado? De que forma?


O ideal será a pessoa ficar colaborando através das vibrações oracionais. Excepcionalmente, a depender do laço de confiança e da humildade do doutrinador, pode-se dizer: "Fulano, você não acha que se aplicássemos tal recurso seria melhor?"
Notando-se qualquer sinal de agastamento, por parte do doutrinador, deve-se imediatamente calar.
Com freqüência ocorre o assistente sintonizar melhor do que aquele que está doutrinando. Isto porque, quando alguém se aproxima do médium que está dando a comunicação, se contamina com as vibrações do Espírito comunicante e aquela irradiação envolvente, quando negativa, leva o doutrinador a entrar num verdadeiro pugilato com o Espírito, em decorrência do envolvimento emocional.
Torna-se difícil para alguém inexperiente manter o tipo de serenidade capaz de impedir esta contaminação.
Por isso não é recomendável que os doutrinadores sejam médiuns atuantes, para que não haja facilidade de assimilação da carga fluídica do comunicante. Ao assimilá-la, deixa-se envolver pelas provocações do Espírito.


Qualidade

76. - Recentemente, Joanna de Ângelis apresentou uma proposta de responsabilidades para o Centro Espírita baseada numa trilogia: Espiritizar, Qualificar e Humanizar. Será possível resumir a proposta do Espírito Amigo?
Esses conceitos foram apresentados, por primeira vez, pelo médium e tribuno baiano Divaldo Pereira Franco, inspirado pela Benfeitora Espiritual, em memorável palestra pública, sendo, mais tarde, colocados em letra de forma num opúsculo intitulado Novos Rumos para o Centro Espírita, publicado pela Livraria Espírita Alvorada Editora.
Preparando a apresentação da tese, Divaldo evoca, na palestra, o lema kardequiano: Trabalho, Solidariedade e Tolerância, lembrando-nos que o Codificador o houvera tomado de empréstimo a Pestalozzi, o grande educador, pai da Escola Nova, quando este afirmara que "o êxito da educação é conseqüência de três elementos indissociáveis: o Trabalho, a Solidariedade e a Perseverança. O último conceito - perseverança - Pestalozzi o escolhe porque entendia que o esforço de educar impõe ao educador as disciplinas da paciência, da determinação de repetir a lição o quanto fosse necessário para fixá-la. E Kardec, ao adaptá-lo para tolerância, pensava certamente numa direção equivalente, pois os convertidos ao Espiritismo viriam das várias correntes do Pensamento e da Religião, com seus limites, possibilidades e idiossincrasias, e iriam precisar de tolerância recíproca para se ajustarem à idéia nova que estariam interessados em construir e a ela vincular-se.
No entendimento de Divaldo, as duas propostas, a de Kardec e a de Pestalozzi, representam um convite à união. Afirma ele: "a solidariedade é o passo que leva de imediato à união... Os espíritas devem-se unir, consoante a recomendação de Jesus, no sentido de formarem um feixe de varas, invencível, pois jamais poderia ser quebrado, enquanto no conjunto formando uma unidade." Kardec há de ter pensado no Centro Espírita como uma célula viva e pulsante, lugar de trabalho (para todos), de solidariedade (entre todos) e de tolerância (para com todos) ou, quem sabe, nesse sentido moderno como tem sido concebido pelos idealistas que vieram depois dele: uma escola, uma oficina, um hospital (de almas) e um templo, simultaneamente, diferente das práticas de alguns distraídos ou equivocados que fazem do Centro Espírita um lugar onde se freqüenta simplesmente para receber benefícios. Esta falsa concepção de um certo modo tem sido estimulada quando se institucionalizam na Casa Espírita as práticas clientelistas, as promessas de curas, o descompromisso para com a participação responsável, além de outras práticas de massificação, dificultadoras do processo de conscientização e de adesão real de quantos se adentram por semelhantes portas, sofrendo a influenciação de tão inoportunos exemplos.
Então o espiritizar, o qualificar e o humanizar constituem um novo lema, filho dos anteriores, não para instituir novidades, mas para resgatar Kardec, a forma como Ele idealizou a Igreja Viva a que Paulo de Tarso se referira, inspirado, que não é de pedra e cal, mas de gente, de irmãos que se devem amar entre si como Ele a todos amou.
Espiritizar, na proposta de Joanna de Ângelis, tem esse sentido de resgate, de atrair a pessoa que apenas freqüenta para que se torne praticante, adotando o Espiritismo e não querendo ser por ele adotado, de permitir-se que o Espiritismo entre nela e não apenas entrar no Espiritismo. Mas, também, espiritizar tem o sentido de viver o Espiritismo como ele é, na sua essência, sem adulterações, modismos, sincretismos, sem adaptações ou concessões a outras correntes de idéias, por mais respeitáveis sejam ou pareçam. Existem propostas muito boas, mas no lugar onde elas estão; se transplantadas para o Espiritismo deperecem, além de asfixiarem o Movimento Espírita.
Divaldo afirma: "Joanna de Ângelis, como muita veemência, teve a oportunidade de nos propor a espiritização de nossa Casa, porque, se o indivíduo vai ao templo budista ali estão as suras do pensamento de Sakia Muni, o grande príncipe Sidartha Gautama. Se vai a uma entidade protestante encontra a presença da Bíblia. Se vai a um culto católico, submete-se aos dogmas da Igreja... Por que a Casa Espírita deverá ser o lugar de ninguém, o recinto no qual tudo é válido, como se fosse o tour de force para que cada qual exiba aquilo que se aprouver...? " A segunda proposta de Joanna de Ângelis é a qualidade, este conceito moderno que é quase uma doutrina, uma metodologia científica para se alcançar resultados exitosos, mas que já fazia parte (como faz) do pensamento espírita, graças à visão grandiosa e notável de Allan Kardec.
Diz Divaldo: - Para que nos tornemos espíritas, deveremos adotar a qualidade de uma pessoa de consciência... buscar a qualificação espírita, e tentar saber realmente o que é o Espiritismo... procurar melhorar as qualidades morais, sociais, familiares, as funcionais e as de trabalhadores da Casa Espírita... - Aliás, essa idéia de competência, em oposição à pressuposição de que a boa-vontade basta, lembra Goethe, o célebre poeta alemão, quando propôs que nada há pior do que a pessoa de boa vontade sem conhecimento, pois atrapalha mais do que ajuda.
A terceira proposta é a humanizar, que representa o sentimento de humanidade, de caridade. É o saber oferecer-se, despersonalizar-se, libertando-se do ego e colocando-se no lugar do outro para o ajudar com prazer, com alegria. Enfim, perceber que tudo o que se faz há de visar o homem, a qualidade de vida, e não aliar-se à filosofia chã dos resultados pelos resultados. O humanizar reflete bem a solidariedade do lema de Kardec, e a tolerância também, que não é convivência, não sacrifica a verdade nem o amor, a nada nem a ninguém.
Encerra brilhantemente a sua proposição com as seguintes palavras: "com esses requisitos eu devo ser bom, nobre, justo, paciente, gentil, e se eu tiver algumas dessas qualidades, já terei o suficiente para ser um homem de bem, embora outras tantas ainda me faltem, mas que eu procurarei conquistar através dos tempos futuros."


77. - E como deveremos aplicar a trilogia de Joanna de Ângelis nas questões da prática mediúnica?

Espiritizar: porque prática mediúnica espírita é para espíritas convictos, integrados na Casa Espírita. Não é para curiosos, amantes de benefícios, apelantes sistemáticos, distraídos em relação à transformação moral, muito menos para os "amadores de comunicações", interessados tão somente em fenômenos. Prática mediúnica espírita é para os verdadeiros espíritas, interessados em Espiritizar-se cada vez mais. Nenhum elitismo, nem preconceito, mas coerência doutrinária, zelo pelo investimento da fé. Nela não comportam: superstições, concessões indébitas ao sincretismo religioso; nada de cânticos, procedimentos importados para relaxar ou concentrar, mas pura e simplesmente os procedimentos espíritas, na sua simplicidade e naturalidade, conforme herdamos das tradições kardequianas e que os bons Espíritos, com o auxílio dos homens, vêm atualizando ao longo dos anos.
Qualificar: sobre este item, basta-nos lembrar o que o Codificador estabeleceu: - "As comunicações de além-túmulo cercam-se de maiores dificuldades do que geralmente se crê: não estão isentas de inconvenientes e perigos para os que não têm a necessária experiência. Sucede o mesmo a quem se mete a fazer manipulações químicas sem conhecer a Química: corre o risco de queimar os dedos" (O que é o Espiritismo) Humanizar: porque se exige do candidato já adepto, além de uma base intelectual, uma preparação emocional para o serviço de cooperação com os Espíritos, trabalho esse que tem por objetivo o homem, a sua transformação moral, e a da humanidade, a sua conversão ao bem, através da crença e do amor.
A falta desses critérios, que aparecem ampliados nesta Obra, tem conduzido ao desastre alguns experimentos mediúnicos, o que, de certo modo, emperra a marcha do Movimento Espírita, na atualidade.
Enquanto a questão da Prática Mediúnica não for equacionada e conscientizada, libertando-a de atavismos e crendices, o Movimento Espírita estará freado em sua marcha, permanecendo vulnerável às críticas, e retardando a obra de implantação do Espiritismo na Terra.


78. - Quais as diretrizes a serem seguidas por uma equipe mediúnica para alcançar um padrão de qualidade ideal em seus trabalhos de intercâmbio espiritual?
A idéia de qualidade, pode-se dizer, nasce com a estruturação do próprio grupo mediúnico, antecedendo as primeiras gestões concretas para organizá-lo. Uma vez iniciado o seu funcionamento, deve-se incorporá-lo à consciência de todos os seus membros, como um dever inalienável.
Consegue-se o intento, quando cada um dos seus integrantes esforça-se para aprimorar-se no exercício da função que desempenha, cabendo ao dirigente definir os padrões inerentes a cada função bem como os parâmetros de avaliação, indicadores desses resultados felizes que se almejam, os quais, cada um se encarregará de verificar em si mesmo e por si mesmo, numa atitude permanente de reflexão e de auto-crítica.
Não deve ser cultivada pela Direção, nem pelo grupo, o hábito de identificar responsáveis ou culpados pela qualidade insatisfatória mas, ao contrário, envidar-se-ão esforços no sentido de resolver os problemas detectados, erradicando-se-lhe as causas através de estudos, encontros, seminários, para troca de experiências e, também, ajustando-se a capacidade de cada membro às expectativas da função que desempenha.
Imprescindível que a equipe não se acostume a conviver com erros ou deficiências, ao invés disso criando mecanismos rápidos para identificá-los e corrigi-los, até atingir-se um estágio mais avançado em que semelhantes falhas sejam evitadas pelas ações preventivas adotadas pelo grupo.


79. - Existem padrões de qualidade inerentes a cada função de que se compõe uma equipe mediúnica e outros, genéricos, inerentes a todas as pessoas do grupo. Fale-nos a respeito destes assuntos?
Sobre esses padrões genéricos relacionados a toda equipe mediúnica, independentemente de função, já nos referimos no primeiro livro da série Projeto Manoel Philomeno de Miranda, intitulado Reuniões Mediúnicas, na sua Segunda Parte.
Poderíamos agora, para melhor entendimento e à guisa de reforço, reuni-los em dois grupos: o primeiro, identificado com o conjunto das qualidades humanas e nele incluiríamos as inerentes à boa moral e à afetividade, que são valores capazes de promover a amizade e a cordialidade, bases essenciais para qualquer labor em equipe que tenha por meta um ideal elevado. O segundo, a consciência dos princípios fundamentais da atividade mediúnica, que são as noções de missão, objetivos e finalidades, conceitos estes que devem estar na mente de todas as pessoas que vivenciam a mediunidade, além da percepção clara dos compromissos que é preciso assumir para o êxito almejado, dentre os quais se incluem a ação no bem, o estudo, a oração, a meditação e outras disciplinas preparatórias.


80. - Pode-se conceituar cada um dos princípios fundamentais da atividade Mediúnica citados na questão anterior?
Missão: tomaríamos, a partir dos ensinos dos Espíritos, como sendo a regeneração da Humanidade através da canalização do pensamento dos Mentores Espirituais, sob o comando de Jesus, no seio das idéias humanas para fecundá-las de modo a promover ou acelerar o crescimento ético-moral das criaturas. Nesse particular, a missão da mediunidade se confunde com a do Espiritismo.
Objetivos: são as três grandes propostas do Codificador: instrução dos encarnados, erradicação da incredulidade e o trabalho terapêutico de aconselhamento aos Espíritos que sofrem e aos que fazem sofrer.
Finalidades: tomamo-las ao pensamento de Manoel Philomeno de Miranda, Espírito, na obra Temas da Vida e da Morte. Para os encarnados são as lições proveitosas que a prática mediúnica proporciona, a melhor compreensão da lei de causa e efeito que o fato mediúnico traz à tona em lições vivas, o exercício da caridade e da fraternidade anônimas entre os membros da prática mediúnica e destes em relação aos desencarnados que não vemos, sensibilizando-nos para ajudar aos que vemos e, por fim, a conquista de amizades entre os Espíritos que se comunicam conosco.
Para os desencarnados é o alívio de seus sofrimentos, para aqueles que não têm condições de sintonizar diretamente com os bons Espíritos, conseguindo-o através dos médiuns e doutrinadores, através do diálogo, do choque fluídico, das cirurgias perispirituais.




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