Sintonia
Em certos momentos, a literatura Espírita contemporânea menciona o termo FREQUÊNCIA, conectando-o ao entendimento de várias passagens [1 - 9]. A partir deste fato, considera-se de grande importância a sua compreensão, tanto que várias explicações já foram dadas a este respeito [2, 9]. A existência de vibração (ou seja, uma determinada FREQUÊNCIA – vide Revista SER ESPÌRITA, № 2 [9]), tanto na matéria como na decorrência desta, a energia1, proporciona explorar outro conceito importante para a vida diária, tanto material quanto espiritual, a SINTONIA. Inicialmente como a ciência e a literatura veem este termo... Em termos científicos, o conceito de sintonia é complexo. Considera-se que dois sistemas estão em sintonia quando emitem ou recebem uma mesma frequência fundamental, ou seja, ressonam2 em uma determinada vibração. É justamente quando a sua impedância3 para esta determinada frequência é a menor possível [10, 11]. Algumas fontes de informação mais populares, como o dicionário Aurélio [12], por exemplo, conceituam este termo, no que se refere a circuitos elétricos, como: “a condição de um circuito cuja frequência é igual à de outro; dispositivo que permite ajuste da antena de aparelho de rádio, de televisor, etc. para recepção ótima das transmissões de uma emissora”. Porém, há outra conceituação também mencionada neste dicionário, o “acordo mútuo; harmonia”. Já a Enciclopédia Larousse Cultural [13] cita que o termo vem do grego (syn – juntamente + tonos – tensão), significando o “estado resultante da concordância ou igualdade de frequências de diversos aparelhos ou fenômenos” ou a “concomitância, reciprocidade, acordo mútuo”. A sintonia é um fenômeno físico muito utilizado diariamente. Inicialmente, pode-se mencionar as situações mais comuns, como no caso dos rádios e televisões, onde, devido a alguns ajustes disponíveis, a escolha das estações radiotransmissoras ou canais televisivos pode ser realizada segundo o gosto do usuário. No entanto, estas são aplicações voltadas para dispositivos elétricos, que nos favorecem a informação todos os dias. Observando com mais atenção, verifica-se que tanto o dicionário como a enciclopédia mencionam outro significado para a SINTONIA. Algo que envolve acordo ou harmonia. Aqui, surge uma nova forma de observação deste termo, ou seja, é algo que deve se estabelecer de forma comum entre as partes envolvidas, para que não cause discórdia entre estas. Então, novos exemplos podem ser relacionados, como: um contrato, onde um acordo sobre algumas determinações serão cumpridas de forma mútua; ou ainda a participação em eventos, shows, feiras, congressos, etc., onde aqueles que as frequentam estão dispostos a discutir, ouvir, ver e participar dos assuntos apresentados. Outros exemplos mais poderiam ser considerados no cotidiano dos indivíduos: o envio de uma determinada informação a uma pessoa pode ser uma forma de fazê-la ficar sintonizada com aquele conteúdo; e assim, muitas vezes se realiza sintonias em questões corriqueiras, sem que se perceba. Ainda vale observar dois outros significados muito importantes para o termo SINTONIA: a reciprocidade e a concomitância. A amplitude destes dois significados é bem mais profunda, pois requer a participação ativa das partes envolvidas. A reciprocidade demanda a participação efetiva em ambos os sentidos daquilo que está em sintonia, daquilo que está acordado, da harmonia estabelecida. Sob o ponto de vista da concomitância, além da participação efetiva em ambos os sentidos, há ainda a realização desta sintonia no mesmo instante, simultaneamente. É claro que estas explicações só envolvem os fatos científicos e a linguística. No entanto, pode-se desdobrá-las ainda no sentido da Doutrina Espírita. Mas, primeiramente é importante identificar como a sintonia desejada, com algo ou alguém, pode ser estabelecida. Entendendo melhor para sintonizar... Explorando as escolhas que são feitas todos os dias, tem-se mais claramente o sentido de sintonia. Porém, esta clareza só aparece quando são respondidas certas perguntas. Por que assistimos um determinado jornal na televisão? Por que escolhemos certa profissão? Por que queremos nos aproximar de certas pessoas? Por que compramos este ou aquele produto? Poder-se-ia estabelecer mais uma questão: no que estas perguntas melhoram o entendimento da sintonia? A resposta é simples, pois, todas as escolhas ocorrem baseadas em alguma forma de conhecimento que são estabelecidas sobre estes assuntos. Então, quanto mais o indivíduo se capacita, amplia o conhecimento sobre algo, mais sintonizado está com este algo. Assim, buscar a sintonia é aproximar-se de algo, algum assunto, alguém, etc., com o maior número de detalhes possível, ou seja, é buscar o conhecimento sobre o objetivo em questão. Por isto, as questões são a chave para se descobrir melhor o sentido da sintonia e entender como se consegue encontrá-la em relação ao objetivo desejado. Um exemplo clássico pode ilustrar melhor o que foi posto: quando alguém vai assistir a um filme no cinema e a língua falada não é o português, só aqueles que estudaram e tem a prática da língua original do filme vão entendê-lo, os outros não sintonizarão a língua original. Para contornar este problema, as legendas em português foram idealizadas, resolvendo a questão de sintonia para o entendimento das cenas apresentadas. Então ... Agora, pode-se colocar a sintonia em termos da Doutrina Espírita. Quem a estuda com regularidade adquire uma sintonia com o seu conteúdo, tornando-se afim às suas orientações, ou seja, sintonizado com o Espiritismo e, consequentemente espírita. Mas isto não vale somente para esta Doutrina, vale para tudo na vida, em todas as escalas. Porém, voltando a falar do Espiritismo, encontra-se num dos seus fundamentos uma das melhores aplicações para a sintonia: a mediunidade. Nela, pode-se perceber o quão importante é o estabelecimento da sintonia, pois, a comunicação espírita só irá ocorrer quando esta ligação for mútua, harmônica e por vontade própria de ambos os participantes (encarnados e desencarnados). O mais interessante é que a frase sublinhada, imediatamente anterior, manifesta o próprio conceito de sintonia que os dicionários e enciclopédias trazem em seu conteúdo (acordo mútuo; harmonia; concomitância; reciprocidade). Por fim ... Sintonizar algo alguém ou alguma coisa é estabelecer uma relação afim com estes objetivos. Relembrando: a relação científica dada à sintonia no segundo parágrafo deste texto (onde é citada a redução de impedâncias), pode ser reforçada pelo que acabou de se mencionar, pois, reduzir impedâncias significa diminuir os impedimentos, desimpedir, facilitar a ligação entre coisas. Devido a isto, a sintonia é tão importante para o Espiritismo, já que cada um é o que pensa e emite de si para todos os outros o pensamento do que é (determinadas FREQUENCIAS – vide Revista SER ESPÌRITA, № 2 [9]). Muitos irão receber estas frequências e sintonizar-se com elas estabelecendo ligações que informam e comunicam4, desimpedindo os caminhos para que o que foi informado chegue e alcance o objetivo de comunicar. Da mesma forma, os espíritos desencarnados, que são afins a estes pensamentos, aproximam-se dessas relações de conteúdo e estabelecem comunicações. O inverso também é verdadeiro: encontrando algum encarnado que simpatize com os conteúdos de conhecimentos dos desencarnados, também é possível ao encarnado estabelecer uma ligação comunicativa. No entanto, pode-se deixar para discutir em outra oportunidade como se estabelecem estas conexões mais detalhadamente se estabelecem, pois a comunicação mediúnica é bastante complexa e exige o entendimento de muitos conceitos mais profundos. Referências [1] Xavier, Francisco Candido; Vieira Waldo. Evolução em Dois Mundos, (pelo espírito André Luiz). Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2003, pg. 71. [2] ______. Mecanismos da Mediunidade, (pelo espírito André Luiz). Rio de Janeiro Federação Espírita Brasileira, 2002, pg. 19, 21, 38, 41, 65. [3] Xavier, Francisco Candido. Nos Domínios da Mediunidade, (pelo espírito André Luiz). Federação Espírita Brasileira, 2000, pg. 7, 24, 123. [4] Melo, Jacob. O Passe, seu estudo, suas técnicas, sua prática. Rio de Janeiro: FEB, 1992. [5] Cruz, Maury Rodrigues da. Cadernos de Psícofonias 2005 – Doutrina Social Espírita, (pelo espírito Antonio Grimm). Curitiba: Sociedade Brasileira de Estudos Espíritas, 2006, pg. 126. [6] ______. Cadernos de Psícofonias 2006 – Doutrina Social Espírita, (pelo espírito Antonio Grimm). Curitiba: Sociedade Brasileira de Estudos Espíritas, 2007, pg 116. [7] ______. Cadernos de Psícofonias 2007 – Doutrina Social Espírita, (pelo espírito Antonio Grimm). Curitiba: Sociedade Brasileira de Estudos Espíritas, 2008, pg 69. [8] Notas de Aula proferida por Maury Rodrigues da Cruz através do espírito Antonio Grimm em 19.06.2009. Curitiba: Sociedade Brasileira de Estudos Espíritas, 2009, 3p digitado. [9] Oliveira, Raul J. F. O que você entende por Frequência? Revista Ser Espírita, № 2. Curitiba: Editora MundoGEO, 2009. [10] Sears, Francis Weston e Zemanski, Mark W. Física – Eletricidade, Magnetismo e Tópicos de física moderna. Vol. 3. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora, 1979. [11] Hayt Jr., William H. e Kemmerly, Jack E. Análise de Circuitos em Engenharia. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1975. [12] Miniaurélio Eletrônico versão 5.12. Corresponde à 7a. Ed., revista e atualizada, do Minidicionário Aurélio, da Língua Portuguesa. Curitiba: Editora Positivo, 2004. [13] Grande Enciclopédia Larousse Cultural. São Paulo: Nova Cultural, 1998. Vol. 22, p.5409 |
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