Inspirações da Pedagogia Espírita
Um dos núcleos da Universidade Livre Pampédia será a Pedagogia. Dentro deste núcleo, teremos núcleos temáticos como Clássicos da Educação, Educação para a paz, Educação para pais, Pedagogia Espírita, etc. Hoje, apresentaremos aqui um pouco sobre a proposta da Pedagogia Espírita, que se insere numa tradição de pensadores e educadores, todos militantes de propostas progressistas e libertadoras, que pretendem colocar a humanidade numa rota de transformação radical, individual e coletiva. É uma ideia que se dirige a todos os seres humanos, sem separatividades, preconceitos ou exclusões.
Nesse sentido, revive em primeiro lugar, o chamado de fraternidade universal que Jesus pronunciou dois mil anos atrás. Ele incluiu, em seu círculo de amor, todos os que eram discriminados e relegados à marginalidade e, ao mesmo tempo, usou de crítica enérgica contra os que se fechavam em preceitos rígidos e hipócritas, considerando-se puros e exploravam o próximo com seu poder.
Estabeleceu o princípio de igualdade essencial entre os homens, num tempo em que os povos mais civilizados, como Grécia e Roma, consideravam essencialmente inferiores os que chamavam de bárbaros, os que eram escravos e em que mulheres e
crianças eram mera propriedade do poder masculino. Naquele tempo, mesmo o povo que descobriu um Deus só, não O via como Pai de toda a humanidade, mas apenas como Senhor dos exércitos, que fizera exclusiva aliança com os judeus.
Os princípios de fraternidade e igualdade inaugurados por Jesus deixaram profundas marcas na civilização e, ainda hoje, quando falamos em palavras como inclusão, diversidade, pluralismo, mais não estamos fazendo do que laicizar princípios profundamente arraigados na filosofia do Cristo, embora seus seguidores, na maioria das vezes, tenham traído tais ensinos.
Em todos os cantos do mundo, no Ocidente e no Oriente, antes mesmo de Jesus, surgiram grandes Espíritos que abriram caminhos de libertação pessoal e social. A Pedagogia Espírita, dentro da visão universalista que tinha Kardec, embora se insira numa tradição cristã, porque o Espiritismo nasceu no caldo cultural do Ocidente, não desconhece ou menospreza a contribuição de Espíritos como Buda, Confúcio, Lao-Tsé.
Com seu exemplo e com seus ensinos, também criticaram estruturas de poder injusto, indicaram caminhos de realização moral e de mudança social – como Buda, o príncipe que rompeu com os sistemas de castas da Índia e tornou-se mendigo (numa atitude semelhante ao que faria Francisco de Assis, muitos séculos depois, na trilha de Jesus), como Confúcio que saiu pela China a educar o povo, ensinando a virtude, combatendo a corrupção dos costumes e preconizando uma sociedade melhor organizada.
As duas facetas dos grandes Espíritos sempre aparecem unidas, indissociáveis: o projeto de crescimento interior não é alienação do mundo, nem escapismo místico, mas é ao mesmo tempo militância que ilumina e transforma o próprio mundo. O entrar em si, como propunha Sócrates – outra grande alma da nossa tradição ocidental – é ao mesmo tempo o sair de si, do egoísmo, da indiferença, do imobilismo. Porque ao se ver como essência divina, o ser humano enxerga em todos os seus semelhantes a mesma essência, e nessa essência reside a verdade, a justiça, o belo e o bom (como queria Platão). Ao entrar em si, o ser humano sai fortalecido para lutar o bom combate, como diria Paulo, daquele amor “que não folga com a injustiça, mas folga com a verdade”. (I Cor.13, 6)
No século XX, Gandhi, um herdeiro das duas tradições – oriental e ocidental – pois inspirou-se em seus atos no Baghavad Gita e no Sermão da Montanha, mostrou de maneira atual e nova como essa busca da verdade interior pode dar ao ser humano a força de enfrentar um império, libertar um povo e morrer pela paz. Gandhi, depois seguido de perto por Martin Luther King, outro grande Espírito do século XX, apresentou um exemplo impecável de como espiritualidade e militância social, conquista de si e luta pacífica pela melhoria do planeta são projetos indissociáveis. “Transformar o mundo, pela transformação os homem, transformar o homem pela transformação do mundo – eis a dialética do Reino” – assim resumia Herculano Pires essa interação. (PIRES, Herculano, O Reino. 1967:133)
Como se vê, a Pedagogia Espírita, que inspira o projeto da Universidade Livre Pampédia e será também um dos objetos de estudo e atuação para seus integrantes, trabalha de forma plural e inter-religiosa. E a Universidade Livre Pampédia tem tais diretrizes de pluralismo e universalismo, por suas raízes comenianas, mas também pela marca da Pedagogia Espírita.
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