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6 de dez. de 2011

Rochester de volta em novas descobertas


arandigomes





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Na década de 1940, a alagoana Arandi Gomes Teixeira mudou-se para São Paulo, onde se formou professora de curso profissionalizante. Mas foi no Rio de Janeiro, no Centro Espírita Luz e Caridade, que passou a frequentar por necessidade de um dos filhos, que ela se aprofundou nos estudos do espiritismo e educou a mediunidade presente desde a infância.
Desenvolveu a psicografia, trabalhando com diversos espíritos, até que um dia encontrou-se em sonho com  J. W. Rochester. O impacto desse misterioso reencontro já havia ocorrido antes, nos anos 70, quando uma vizinha lhe emprestara um livro, A vingança do judeu, um dos romances do autor espiritual. Arandi sentiu-se bastante  atraída pelo nome do autor, vivenciando uma grande emoção.
Segundo ela, o Conde Rochester lhe apareceu, sorrindo, no meio da sala. Arandi chorou muito e outros fenômenos se seguiram. Passaram a caminhar juntos quase todas as noites, em desdobramento, nas horas de sono. Da parceria surgiriam novas lindas histórias, outros livros desse consagrado autor de romances que trazem a incessante batalha entre o bem e o mal, com seus personagens envolvidos em relacionamentos atemporais de vingança e ódio. Amor.
Todos de autoria de Rochester, Arandi psicografou os livros A força do amor, O paradigma da humanidade, O processo, O exílio, A pulseira de Cleópatra e agora lança o seu mais novo romance Vós sois deuses, um envolvente enredo que retrata conflitos interiores, no enorme desafio que acompanha o despertar da alma humana. Confira a entrevista concedida pela médium ao Correio Fraterno.

Não deve ser fácil psicografar Rochester, pela quantidade de dados históricos. Como você mergulha nesses quadros? Consegue visualizá-los antes de escrever?
Sim. Mergulho, literalmente, com o Rochester nas situações. Em algumas vezes, assisto às cenas, como num filme, e psicografo. Em outras, ouço o seu ditado. E há aquelas em que eu apenas “escrevo”, como se fosse o próprio Rochester conduzindo a narrativa a seu bel-prazer; até que algo se desliga e tudo se interrompe. Perco a noção de tempo e algumas vezes de espaço. Acontece, também, que os hábitos e os costumes dos personagens tornam-se tão familiares para mim durante a “convivência”, que o meu contexto de vida e até o meu idioma, ao “retornar”, parecem-me muito estranhos e difíceis. Às vezes, Rochester me mostra cenas e me dá alguns nomes, muito tempo antes. Foi assim com  O processo e A pulseira de Cleópatra.
Você já psicografou cinco livros ditados por ele. Agora chega o Vós sois deuses. Como surgem os temas, os protagonistas das histórias? Os livros têm alguma continuidade?
Rochester traz tudo pronto e previamente definido. Eu preciso, apenas, fazer a psicografia. Os livros são histórias independentes. Poderíamos dizer que existe tão somente uma ordem cronológica, já que os personagens são quase sempre os mesmos no decorrer das diversas épocas.

Qual sua opinião sobre a afirmação de algumas pessoas de que os livros do Rochester não são espíritas?
Eles precisam ler as suas obras e analisá-las à luz da doutrina espírita, com isenção de ânimo. Das antigas, eu aconselho: A vingança do judeu, Herculanum e Os luminares tchecos, entre outras. Nessa nova fase, principalmente, é notável a confirmação do compromisso do Rochester com os princípios básicos e os postulados do espiritismo.

Yvonne Pereira teria sido filha de Bezerra de Menezes, autor por ela psicografado em várias obras. Você acredita que exista sempre uma ligação de vidas anteriores entre o espírito-autor e o médium que psicografa suas obras? Seria o seu caso?
Não penso que isso seja  uma regra. Mas é o meu caso, sim. Eu e o Rochester já caminhamos há muito tempo juntos e nem sempre fomos amigos. Hoje aprendemos a nos amar e a nos respeitar. É num compromisso de redenção mútua que fazemos este trabalho.

Há tantas obras psicografadas, tantos títulos, autores, médiuns. A que você atribui esse fato, observado ainda com mais intensidade ultimamente?
Para responder, vou usar a citação de Pedro;  Atos dos Apóstolos, cap. 2 - vers. 17 e 18: “Sucederá nos últimos dias, diz Deus, que derramarei do meu Espírito sobre toda carne. Vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões e vossos velhos sonharão.” Caberá sempre ao leitor analisar a fonte, humana e ainda imperfeita, para separar o joio do trigo, num compromisso de responsabilidade e fidelidade com as verdades de Deus.

O livro Vós sois deuses traça a trajetória do espírito em busca da religiosidade, da sua comunhão com Deus. Como você analisa a presença do aspecto religioso na condução da História da humanidade?
Você disse muito bem: religiosidade. Ao longo da nossa história, quantos males têm feito à humanidade muitas das chamadas religiões! Algumas fizeram mais vítimas que as guerras, em todos os tempos. O ser humano precisa aprender, desde o seu primeiro vagido, a ser ético. A personagem Sibila de Vós sois deuses jamais procurou o martírio cristão e nem mesmo a vaidosa “santidade”. Sua vida refletia, diuturnamente, as suas verdades íntimas, no exercício corajoso dos seus valores intelectuais e morais.

Você se emociona com as histórias que escreve? Sabe qual vai ser o final quando começa a psicografar um livro? Fale um pouco sobre esse processo.
Sim, emociono-me bastante. A emoção me alcança tão forte, que muitas vezes preciso parar para respirar e enxugar as lágrimas. Mas isso acontece quando das revisões. Porque, durante o trabalho de psicografia, estou muito concentrada e envolvida nesse processo mediúnico. Eu também nunca sei o final do livro, a não ser quando isso interessa ao próprio Rochester. E aí ele me dá as coordenadas finais, geralmente quase no fim da obra.

Rochester é sempre muito contundente, suas histórias são verídicas?
Ele é objetivo. Quanto à veracidade das suas histórias, nem eu mesma posso ter essa certeza, diante dessa inteligência brilhante, poderosa e criativa, com a qual trabalho e à qual reverencio, sincera e carinhosamente.

Você percebe a evolução de Rochester como espírito nas obras?
Não apenas ele tem crescido espiritualmente, nessa oportunidade de trabalho. Eu também, e todos aqueles que fazem bom proveito dos conteúdos das suas obras.

Há alguma passagem que mais a tenha sensibilizado nessa tarefa de psicografar livros espíritas?
Não psicografo apenas os livros do Rochester, mas também mensagens de diversos espíritos. E, no todo, tenho recebido alguns “presentes do céu”, que me fazem chorar de emoção e de gratidão. Deus é providência divina nas nossas vidas e sabe alegrar os nossos corações, nos incentivando e fortalecendo para a superação das nossas dificuldades, na caminhada redentora. São muitas passagens marcantes, sem dúvida. É difícil apontar apenas esta ou aquela. Mas algumas me vêm, agora, à memória. Em O paradigma da humanidade (Ed. Lorenz), quando no plano espiritual, encarnados e desencarnados são recebidos e orientados, numa avaliação espiritual. No capítulo que dá nome ao livro, na página 349, a partir do parágrafo cinco, Jesus surge e fala a todos os presentes. Difícil descrever aquilo que senti e ainda sinto. Em O processo (Ed. Lorenz), quase no final do livro, quando o padre François “assiste” o desligamento espiritual de Madelaine. E, em O exílio (Ed. Lorenz), os sentimentos de Zarik (Rochester), despedindo-se de tudo, para cumprir, como ele mesmo diz, o seu Maktub. E muitas outras passagens, tão emocionantes quanto e tão próprias do nosso querido Rochester.

Você  revelou que seus encontros com os autores espirituais acontecem em sonhos e em desdobramentos. Conte-nos um pouco a respeito.
O meu encontro com o Rochester foi fruto da materialização dele; vestido, ricamente, como um nobre do século 17 que foi. Depois disso, encontramo-nos durante os nossos desdobramentos pelo sono. Dessa forma, fui informada sobre o trabalho que faríamos. Além do Rochester, caminho em desdobramento também com outros espíritos que fazem parte da minha vida e das minhas tarefas espíritas.

Se é que é possível uma resposta, qual seria a sua parte e qual a parte do espírito Rochester na criação literária?
A minha parte é a da psicografia, da disciplina de horários e orações, e o esforço de uma concentração cada vez melhor para bons resultados no trabalho mediúnico. Há também as revisões das obras e os cuidados que elas me exigem.

O que você acha da literatura espírita hoje? As obras básicas estão sendo esquecidas?
Nós temos autores muito bons, além da codificação de Kardec, base sólida e indispensável, e das obras subsidiárias. Essa fonte abundante é rica, generosa e diversificada. Espero do fundo do meu coração que as obras da codificação de Kardec sejam sempre a base para o movimento espírita e a sua evolução, sob a direção e o olhar amorável do Espírito da Verdade.


Publicado na edição 441 setembro/outubro 2011 no jornal Correio Fraterno



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