QUANDO A CIÊNCIA ADENTRA O TERRITÓRIO DA ESPIRITUALIDADE
Enquanto nos Estados Unidos o tema "Medicina e Espiritualidade" é pesquisado há décadas nas universidades, tendo como a disciplina, Saúde e Espiritualidade em mais de 50 escolas médicas, no Brasil os estudos a esse respeito ainda são bem recentes. O médico Sérgio Felipe de Oliveira, formado em Medicina pela USP (Universidade de São Paulo) e mestre em Ciências com a tese sobre "Estrutura da Glândula Pineal Humana", pela mesma universidade, abordou o tema "Saúde e Espiritualidade" no 6º Congresso Regional de Medicina, promovido pela APM (Associação Paulista de Medicina — Regional de Araçatuba), que ocorreu no último final de semana.
Apesar do médico ressaltar a importância das pesquisas espirituais (não envolvendo fatores religiosos ou crenças), ele acredita que o tema espiritualidade deve estar em congruência com a ortodoxia do tratamento clínico. Nesta entrevista, concedida na sede da APM, ele aborda as questões relacionadas à alma, à vida e aos seres.
Folha da Região — Sua formação espírita influenciou na busca pela espiritualidade relacionada à área médica? Por quê?
Sérgio Felipe de Oliveira — Sem dúvida, porque o Espiritismo prega que a religião deve estar ligada à Ciência como princípio fundamental, por isso e ao mesmo tempo, eu tenho uma ligação muito sólida com o pensamento científico.
FR — Como é visto o tema "Saúde e Espiritualidade" nas universidades norte-americanas?
Sérgio Felipe — Nos Estados Unidos o tema surgiu como uma reivindicação da população, que desfruta de um sistema democrático de muito acesso nas políticas de governo. O "National Institute of Health" (que é o Ministério da Saúde dos Estados Unidos) proibiu as práticas espirituais em saúde. A população contestou por considerar que a proibição da prática, sem provas de que não funcionaria, além de não ter dado nenhuma alternativa, uma vez que a medicina formal não cura todas as doenças. Então eles foram obrigados, sob o ponto de vista jurídico, a atender a população, e começaram a desenvolver modelos de pesquisas possibilitando o envolvimento da espiritualidade na prática médica, com os critérios da ética médica e com o rigor da ciência. Atualmente, mais de cinqüenta universidades nos Estados Unidos têm Saúde e Espiritualidade em sua grade disciplinar.
FR — E no Brasil, o tema Saúde e Espiritualidade ainda é muito recente?
Sérgio Felipe — Por enquanto existem núcleos isolados, estamos apenas no início. Entretanto, se as escolas médicas não enxergarem a importância de desenvolver esse tipo de pesquisa, continuaremos fadados a ficar nas mãos de esotéricos. A doença deve ser interpretada sob os aspectos patológicos, psicológicos e espiritual, levando em consideração o meio-ambiente.
FR — Sua tese de mestrado na USP foi sobre "Estrutura da Glândula Pineal Humana". Esta é a glândula mais misteriosa do corpo humano e fica localizada exatamente no centro do cérebro. Ela era chamada pelos antigos filósofos de "sede da alma" e "controlador do pensamento". Fale sobre a glândula pineal.
Sérgio Felipe — A glândula pineal é um órgão sensorial da telepatia, inclusive da mediunidade que seria uma telepatia transdimensional que os indivíduos têm com a dimensão espiritual. A glândula pineal é o órgão sensorial da capacidade de captar o que o outro sente, seja esse outro uma pessoa encarnada ou um espírito desencarnado. A glândula pineal gerencia todos os ritmos do organismo, como a que horas cada indivíduo vai produzir cada hormônio, as batidas do coração, os ciclos do humor, os hormônios sexuais, o ciclo da fome. Enfim, todos os ciclos, sempre ligados ao meio ambiente. Um desequilíbrio da pessoa leva à desarmonia desses ciclos. A pessoa em equilíbrio reflete isto para o corpo. E para onde ela reflete? Reflete para a glândula pineal que, captando essa energia equilibrada, transfere o equilíbrio para o organismo.
FR — Por que o senhor afirmou que existe uma sincronicidade entre algumas pessoas no nível da captação, da telepatia, ou seja, um pensa o que outro está pensando. Seria afinidade de almas?
Sérgio Felipe — Sim. A sintonia pode ser positiva ou negativa. A sintonia por afinidade positiva leva a uma integração e são afinidades de alma. Já a sintonia negativa é quando alguém está sempre com uma pessoa na cabeça, mas gerando o efeito contrário, leva para a ódio.
FR — Essas afinidades de alma podem ter vindo de vidas passadas, ao ponto de uma pessoa acabar de conhecer a outra e sentir uma sensação de familiaridade, proteção e até saudades?
Sérgio Felipe — Sim, há pessoas que se unem pela paixão e depois começam vir à tona as diferenças de vidas passadas. Começam surgir reações negativas na relação daqueles que se uniram pela paixão e não sabem de onde vem o sentimento ruim, uma mistura de amor e ódio. Isto acontece também nas relações de família. Entretanto, existem dois tipos de situação. Uma, que a pessoa projeta um mito ou uma imagem que ela criou de determinada pessoa pela qual ela se apaixonou. Conforme a pessoa vai convivendo com o "mito" criado, ela constata que foi uma projeção psíquica. A outra situação é que, factualmente, foi em reencontro de outras vidas em que se criam afinidades de trabalho, amorosas, fraternas, conforme o que representou aquela pessoa no passado. Esses reencontros são muito freqüentes em todas as situações de nossas vidas.
FR- As vidas passadas trazem os chamados "anjos da guarda", encarnado em outra pessoa, e nem sempre por não o enxergarmos acabamos não seguindo o caminho daquela luz?
Sérgio Felipe — As nossas relações na Terra são regidas por afinidades do passado. Existem pessoas com as quais temos que reaver a forma de lidar, de transformar o ódio em amor, o rancor em perdão. Há aquelas pessoas que têm sintonia com outro, numa missão de unir esforços para darem conta de uma determinada tarefa, têm as pessoas que vieram para ser cuidadas por alguém e tem aquelas pessoas que vieram para prover alguém. Eu acredito que cada pessoa tenha o seu mentor, o anjo da guarda, que é o responsável pelo seu projeto encarnatório aqui na terra. Os papéis mudam como numa peça de teatro, na dramaturgia da vida.
FR — A glândula pineal tem a ver com a sintonia de almas?
Sérgio Felipe — Não, o que acontece é que o corpo capta os reflexos dessa sintonia de almas, que pode se transformada em desejo sexual porque reagiu junto aos hormônios. Se essas pessoas viveram uma paixão em outra existência, pode ficar na memória. Quando elas voltam para a existência e ao reencontro, a paixão pode somatizar como produção hormonal e intensificar o desejo sexual. O envolvimento sexual é um catalizador de reações psíquicas e traz tudo o que a pessoa tem de bom e ruim.
FR — O senhor diz que "A ciência se cala quando a fé se inicia". Qual é a explicação pzara esta frase?
Sérgio Felipe — O conceito de fé é interpretado de várias formas. Há um tipo de fé que é sinônimo de conhecimento, o indivíduo acredita naquilo que ele conhece. Esse conhecimento pode ser o caminho de sua predestinação, a pessoa sabe que ela tem que seguir aquele caminho. Neste caso, é a fé raciocinada, é a fé da ciência. Entretanto, nem tudo nós conseguimos conceber pela razão porque o universo possui um território de nossa convivência que a razão não consegue alcançar. Por isso, às vezes, por mais que alguém queira se entender com determinada pessoa, ela nunca conseguirá se explicar. Por outro lado, com um sorriso, um abraço, tudo se resolve. Este comportamento é a fé que tem um sentimento de religiosidade, que lida com aquilo que a razão não consegue explicar. O território onde a razão e ciência não alcançam é do sentimento e da espiritualidade.
FR — Emoções negativas enfraquecem o sistema imunológico. Elas geram as doenças psicossomáticas?
Sérgio Felipe — O senso comum da pessoa percebe uma relação entre a emoção e as alterações do organismo, positivas ou negativas. Os poetas do século 19, por exemplo, quando entravam em tristeza profunda, acabavam morrendo. As emoções são uma produção das pessoas que projetam para o corpo, provocando alterações saudáveis ou doenças, conforme a tonalidade de suas impressões emocionais. Quando a tristeza da alma é profunda, as doenças podem surgir no organismo.
FR — Estudos da Johns Hopkins University demonstram que pessoas com problemas emocionais ou mal-humoradas estão mais propensas a adquirir doenças graves como o câncer, entre outras enfermidades. Como o senhor vê a questão?
Sérgio Felipe — As pessoas mal-humoradas são deprimidas, auto-referentes, são negativas consigo mesma e transportam esse negativismo em tudo que as cercam. Sob o ponto de vista endócrino, essas pessoas provocam o aumento do hormônio adrenocorticotrófico, que atua sobre as suprarenais, que aumentam a produção do cortizol, inibindo a defesa imunológica. É por isso que a tristeza que está na alma se transporta para o corpo. São as doenças psicossomáticas.
FR — Há como evitar captar energias negativas de outras pessoas?
Sérgio Felipe — Se uma pessoa entrar em sintonia com a outra que tem energia negativa, ela reforça e acaba fazendo parte dessa psicoesfera. Ma, se ela não entrar na onda da outra, ela consegue manter uma defesa. Entretanto, se a pessoa se ligar a uma mente perturbada e se deixar penetrar, a mente perturbada passa a interferir.
FR — Por que a Organização Mundial de Saúde colocou a espiritualidade na área da saúde?
Sérgio Felipe — Embora a doutrina médica pregue que a medicina tradicional deva ter um envolvimento da questão humanística e espiritual, a espiritualidade é recente na área. Entretanto, a OMS é bem assintótica no sentido de que a medicina deve ser bio-psico-socio-espiritual. Como a OMS se propõe a coordenar programas de Saúde para as comunidades e todas as populações têm problemas orgânicos, mentais, sociais que envolvem crenças, hábitos e visões de vida num contexto espiritualista, ela entendeu que as experiências científicas sobre a espiritualidade envolvendo saúde, são uma conseqüência da própria postura do órgão.
FR — O senhor é diretor do Projeto UniEspírito e disponibiliza dois cursos na Internet. Fale sobre isto.
Sérgio Felipe — O UniEspírito (Universidade Internacional de Ciências do Espírito) é um projeto da Fundação Espírita André Luiz que já tem dez anos de trabalho. Ele busca os pontos de encontro entre a filosofia, a ciência e a religião, visando a integração do homem numa abordagem bio-psico-sócio-espiritual. Construiremos uma universidade livre, aberta, democrática, popular e comprometida com a ciência e a cultura de alto nível. A Universidade envolve vários países com grupos que trabalham de forma coordenada. Estamos investindo em um ensino "on line", que são cursos multimídia, denominado de "e-learning", no qual a pessoa faz o curso por meio de várias mídias e também com aulas presenciais, marcadas no local com calendário específico. O governo estabelece regras para os cursos "e-learning". Estamos fazendo uma experiência pedagógica, na qual disponibilizamos dois cursos no site www.uniespirito.com.br. "Fenomenologia Orgânica e Psíquica da Mediunidade" (que eu ministrei em vários países da Europa e estou agendado para falar sobre o assunto na Johns Hopkins Universisty, que faz parte das 50 melhores universidades dos Estados Unidos sobre o tema) e "Viajando pelo Cérebro e a Mente".
FR — O cérebro é um órgão do corpo humano, mas não é raro confundir o cérebro com a mente. Qual é a diferença?
Sérgio Felipe — O cérebro nós pegamos com mão, e a mente é uma expressão do espírito, é o intelecto. Há pessoas com uma mente mais esperta, inteligente e ágil, e outras mais demensiadas.
FR — Estudos publicados em revistas científicas comprovam que as pessoas que têm fé vivem mais e se curam com mais facilidade. Como o senhor vê a questão?
Sérgio Felipe — Depende. Se a pessoa tem uma "fé de barganha", ou seja, ela dá uma coisa para Deus para receber algo em troca, ela nunca conseguirá nada. Mas se a pessoa se utilizar da fé como força de vida, de coragem, como uma visão existencial, contextualizando sua vida na busca de destinos superiores, do auto-conhecimento, sabendo aliar a transcendência à nossa realidade prática aqui, sabendo mobilizar suas forças positivas, praticando o bem, lhe fará bem para a saúde. A pessoa quando está acometida de um câncer, e não tem uma esperança conduzida pela sua fé, ela se entrega.
FR — De que forma se produz energia positiva?
Sérgio Felipe — A física entende que quando se imprime uma força que desloca a matéria se produz energia, realizando o trabalho. Quando a pessoa utiliza as forças dela para a realização transformadora da vida, como profissional, cidadão, como pais, filhos, enfim quando ela produz positivamente ela utiliza a sua energia positiva, transformando o meio que rodeia. O estado de euforia saudável da pessoa depende daquilo que ela realiza no mundo de acordo com a sua vocação aptidão.
FR — Distúrbios psicóticos podem estar envolvidos com casos de possessão e transe?
Sérgio Felipe — Sim, no contexto patológico de certos distúrbios psicóticos pode haver um envolvimento da questãitual como os estados de transe e possessão, inseridos no CID 10, item 44.3 (Código Internacional de Doenças). A possibilidade de interferência de um mundo espiritual nos processos de cura ou doença são fenômenos cuja visualização científica permeia a raridade. Tanto a doença como a cura são processos de conquista diária, e no caso de cura árdua luta que leva tempo. Neste caso somente no momento em que a pessoa se faz merecedora é que advém a cura (lei de ação e reação espiritista). Esta cura está centrada na transformação do espírito em direção de determinados valores como a fraternidade, a humildade, o perdão, o trabalho e o amor.
FR — Afinal, o que faz bem para o espírito?
Sérgio Felipe — O que faz bem para o espírito é a capacidade de amar porque tudo que existe no universo é amor. Biblicamente Deus é amor, tudo que Ele construiu é amor. Mas existem os objetos da criação divina que apesar de serem amor não são capazes de amar porque são seres inanimados. Os seres vivos de diferenciam dos seres inanimados porque eles são capazes de amar. O importante para o esporte é sustentar a capacidade de amar.
Apesar do médico ressaltar a importância das pesquisas espirituais (não envolvendo fatores religiosos ou crenças), ele acredita que o tema espiritualidade deve estar em congruência com a ortodoxia do tratamento clínico. Nesta entrevista, concedida na sede da APM, ele aborda as questões relacionadas à alma, à vida e aos seres.
Folha da Região — Sua formação espírita influenciou na busca pela espiritualidade relacionada à área médica? Por quê?
Sérgio Felipe de Oliveira — Sem dúvida, porque o Espiritismo prega que a religião deve estar ligada à Ciência como princípio fundamental, por isso e ao mesmo tempo, eu tenho uma ligação muito sólida com o pensamento científico.
FR — Como é visto o tema "Saúde e Espiritualidade" nas universidades norte-americanas?
Sérgio Felipe — Nos Estados Unidos o tema surgiu como uma reivindicação da população, que desfruta de um sistema democrático de muito acesso nas políticas de governo. O "National Institute of Health" (que é o Ministério da Saúde dos Estados Unidos) proibiu as práticas espirituais em saúde. A população contestou por considerar que a proibição da prática, sem provas de que não funcionaria, além de não ter dado nenhuma alternativa, uma vez que a medicina formal não cura todas as doenças. Então eles foram obrigados, sob o ponto de vista jurídico, a atender a população, e começaram a desenvolver modelos de pesquisas possibilitando o envolvimento da espiritualidade na prática médica, com os critérios da ética médica e com o rigor da ciência. Atualmente, mais de cinqüenta universidades nos Estados Unidos têm Saúde e Espiritualidade em sua grade disciplinar.
FR — E no Brasil, o tema Saúde e Espiritualidade ainda é muito recente?
Sérgio Felipe — Por enquanto existem núcleos isolados, estamos apenas no início. Entretanto, se as escolas médicas não enxergarem a importância de desenvolver esse tipo de pesquisa, continuaremos fadados a ficar nas mãos de esotéricos. A doença deve ser interpretada sob os aspectos patológicos, psicológicos e espiritual, levando em consideração o meio-ambiente.
FR — Sua tese de mestrado na USP foi sobre "Estrutura da Glândula Pineal Humana". Esta é a glândula mais misteriosa do corpo humano e fica localizada exatamente no centro do cérebro. Ela era chamada pelos antigos filósofos de "sede da alma" e "controlador do pensamento". Fale sobre a glândula pineal.
Sérgio Felipe — A glândula pineal é um órgão sensorial da telepatia, inclusive da mediunidade que seria uma telepatia transdimensional que os indivíduos têm com a dimensão espiritual. A glândula pineal é o órgão sensorial da capacidade de captar o que o outro sente, seja esse outro uma pessoa encarnada ou um espírito desencarnado. A glândula pineal gerencia todos os ritmos do organismo, como a que horas cada indivíduo vai produzir cada hormônio, as batidas do coração, os ciclos do humor, os hormônios sexuais, o ciclo da fome. Enfim, todos os ciclos, sempre ligados ao meio ambiente. Um desequilíbrio da pessoa leva à desarmonia desses ciclos. A pessoa em equilíbrio reflete isto para o corpo. E para onde ela reflete? Reflete para a glândula pineal que, captando essa energia equilibrada, transfere o equilíbrio para o organismo.
FR — Por que o senhor afirmou que existe uma sincronicidade entre algumas pessoas no nível da captação, da telepatia, ou seja, um pensa o que outro está pensando. Seria afinidade de almas?
Sérgio Felipe — Sim. A sintonia pode ser positiva ou negativa. A sintonia por afinidade positiva leva a uma integração e são afinidades de alma. Já a sintonia negativa é quando alguém está sempre com uma pessoa na cabeça, mas gerando o efeito contrário, leva para a ódio.
FR — Essas afinidades de alma podem ter vindo de vidas passadas, ao ponto de uma pessoa acabar de conhecer a outra e sentir uma sensação de familiaridade, proteção e até saudades?
Sérgio Felipe — Sim, há pessoas que se unem pela paixão e depois começam vir à tona as diferenças de vidas passadas. Começam surgir reações negativas na relação daqueles que se uniram pela paixão e não sabem de onde vem o sentimento ruim, uma mistura de amor e ódio. Isto acontece também nas relações de família. Entretanto, existem dois tipos de situação. Uma, que a pessoa projeta um mito ou uma imagem que ela criou de determinada pessoa pela qual ela se apaixonou. Conforme a pessoa vai convivendo com o "mito" criado, ela constata que foi uma projeção psíquica. A outra situação é que, factualmente, foi em reencontro de outras vidas em que se criam afinidades de trabalho, amorosas, fraternas, conforme o que representou aquela pessoa no passado. Esses reencontros são muito freqüentes em todas as situações de nossas vidas.
FR- As vidas passadas trazem os chamados "anjos da guarda", encarnado em outra pessoa, e nem sempre por não o enxergarmos acabamos não seguindo o caminho daquela luz?
Sérgio Felipe — As nossas relações na Terra são regidas por afinidades do passado. Existem pessoas com as quais temos que reaver a forma de lidar, de transformar o ódio em amor, o rancor em perdão. Há aquelas pessoas que têm sintonia com outro, numa missão de unir esforços para darem conta de uma determinada tarefa, têm as pessoas que vieram para ser cuidadas por alguém e tem aquelas pessoas que vieram para prover alguém. Eu acredito que cada pessoa tenha o seu mentor, o anjo da guarda, que é o responsável pelo seu projeto encarnatório aqui na terra. Os papéis mudam como numa peça de teatro, na dramaturgia da vida.
FR — A glândula pineal tem a ver com a sintonia de almas?
Sérgio Felipe — Não, o que acontece é que o corpo capta os reflexos dessa sintonia de almas, que pode se transformada em desejo sexual porque reagiu junto aos hormônios. Se essas pessoas viveram uma paixão em outra existência, pode ficar na memória. Quando elas voltam para a existência e ao reencontro, a paixão pode somatizar como produção hormonal e intensificar o desejo sexual. O envolvimento sexual é um catalizador de reações psíquicas e traz tudo o que a pessoa tem de bom e ruim.
FR — O senhor diz que "A ciência se cala quando a fé se inicia". Qual é a explicação pzara esta frase?
Sérgio Felipe — O conceito de fé é interpretado de várias formas. Há um tipo de fé que é sinônimo de conhecimento, o indivíduo acredita naquilo que ele conhece. Esse conhecimento pode ser o caminho de sua predestinação, a pessoa sabe que ela tem que seguir aquele caminho. Neste caso, é a fé raciocinada, é a fé da ciência. Entretanto, nem tudo nós conseguimos conceber pela razão porque o universo possui um território de nossa convivência que a razão não consegue alcançar. Por isso, às vezes, por mais que alguém queira se entender com determinada pessoa, ela nunca conseguirá se explicar. Por outro lado, com um sorriso, um abraço, tudo se resolve. Este comportamento é a fé que tem um sentimento de religiosidade, que lida com aquilo que a razão não consegue explicar. O território onde a razão e ciência não alcançam é do sentimento e da espiritualidade.
FR — Emoções negativas enfraquecem o sistema imunológico. Elas geram as doenças psicossomáticas?
Sérgio Felipe — O senso comum da pessoa percebe uma relação entre a emoção e as alterações do organismo, positivas ou negativas. Os poetas do século 19, por exemplo, quando entravam em tristeza profunda, acabavam morrendo. As emoções são uma produção das pessoas que projetam para o corpo, provocando alterações saudáveis ou doenças, conforme a tonalidade de suas impressões emocionais. Quando a tristeza da alma é profunda, as doenças podem surgir no organismo.
FR — Estudos da Johns Hopkins University demonstram que pessoas com problemas emocionais ou mal-humoradas estão mais propensas a adquirir doenças graves como o câncer, entre outras enfermidades. Como o senhor vê a questão?
Sérgio Felipe — As pessoas mal-humoradas são deprimidas, auto-referentes, são negativas consigo mesma e transportam esse negativismo em tudo que as cercam. Sob o ponto de vista endócrino, essas pessoas provocam o aumento do hormônio adrenocorticotrófico, que atua sobre as suprarenais, que aumentam a produção do cortizol, inibindo a defesa imunológica. É por isso que a tristeza que está na alma se transporta para o corpo. São as doenças psicossomáticas.
FR — Há como evitar captar energias negativas de outras pessoas?
Sérgio Felipe — Se uma pessoa entrar em sintonia com a outra que tem energia negativa, ela reforça e acaba fazendo parte dessa psicoesfera. Ma, se ela não entrar na onda da outra, ela consegue manter uma defesa. Entretanto, se a pessoa se ligar a uma mente perturbada e se deixar penetrar, a mente perturbada passa a interferir.
FR — Por que a Organização Mundial de Saúde colocou a espiritualidade na área da saúde?
Sérgio Felipe — Embora a doutrina médica pregue que a medicina tradicional deva ter um envolvimento da questão humanística e espiritual, a espiritualidade é recente na área. Entretanto, a OMS é bem assintótica no sentido de que a medicina deve ser bio-psico-socio-espiritual. Como a OMS se propõe a coordenar programas de Saúde para as comunidades e todas as populações têm problemas orgânicos, mentais, sociais que envolvem crenças, hábitos e visões de vida num contexto espiritualista, ela entendeu que as experiências científicas sobre a espiritualidade envolvendo saúde, são uma conseqüência da própria postura do órgão.
FR — O senhor é diretor do Projeto UniEspírito e disponibiliza dois cursos na Internet. Fale sobre isto.
Sérgio Felipe — O UniEspírito (Universidade Internacional de Ciências do Espírito) é um projeto da Fundação Espírita André Luiz que já tem dez anos de trabalho. Ele busca os pontos de encontro entre a filosofia, a ciência e a religião, visando a integração do homem numa abordagem bio-psico-sócio-espiritual. Construiremos uma universidade livre, aberta, democrática, popular e comprometida com a ciência e a cultura de alto nível. A Universidade envolve vários países com grupos que trabalham de forma coordenada. Estamos investindo em um ensino "on line", que são cursos multimídia, denominado de "e-learning", no qual a pessoa faz o curso por meio de várias mídias e também com aulas presenciais, marcadas no local com calendário específico. O governo estabelece regras para os cursos "e-learning". Estamos fazendo uma experiência pedagógica, na qual disponibilizamos dois cursos no site www.uniespirito.com.br. "Fenomenologia Orgânica e Psíquica da Mediunidade" (que eu ministrei em vários países da Europa e estou agendado para falar sobre o assunto na Johns Hopkins Universisty, que faz parte das 50 melhores universidades dos Estados Unidos sobre o tema) e "Viajando pelo Cérebro e a Mente".
FR — O cérebro é um órgão do corpo humano, mas não é raro confundir o cérebro com a mente. Qual é a diferença?
Sérgio Felipe — O cérebro nós pegamos com mão, e a mente é uma expressão do espírito, é o intelecto. Há pessoas com uma mente mais esperta, inteligente e ágil, e outras mais demensiadas.
FR — Estudos publicados em revistas científicas comprovam que as pessoas que têm fé vivem mais e se curam com mais facilidade. Como o senhor vê a questão?
Sérgio Felipe — Depende. Se a pessoa tem uma "fé de barganha", ou seja, ela dá uma coisa para Deus para receber algo em troca, ela nunca conseguirá nada. Mas se a pessoa se utilizar da fé como força de vida, de coragem, como uma visão existencial, contextualizando sua vida na busca de destinos superiores, do auto-conhecimento, sabendo aliar a transcendência à nossa realidade prática aqui, sabendo mobilizar suas forças positivas, praticando o bem, lhe fará bem para a saúde. A pessoa quando está acometida de um câncer, e não tem uma esperança conduzida pela sua fé, ela se entrega.
FR — De que forma se produz energia positiva?
Sérgio Felipe — A física entende que quando se imprime uma força que desloca a matéria se produz energia, realizando o trabalho. Quando a pessoa utiliza as forças dela para a realização transformadora da vida, como profissional, cidadão, como pais, filhos, enfim quando ela produz positivamente ela utiliza a sua energia positiva, transformando o meio que rodeia. O estado de euforia saudável da pessoa depende daquilo que ela realiza no mundo de acordo com a sua vocação aptidão.
FR — Distúrbios psicóticos podem estar envolvidos com casos de possessão e transe?
Sérgio Felipe — Sim, no contexto patológico de certos distúrbios psicóticos pode haver um envolvimento da questãitual como os estados de transe e possessão, inseridos no CID 10, item 44.3 (Código Internacional de Doenças). A possibilidade de interferência de um mundo espiritual nos processos de cura ou doença são fenômenos cuja visualização científica permeia a raridade. Tanto a doença como a cura são processos de conquista diária, e no caso de cura árdua luta que leva tempo. Neste caso somente no momento em que a pessoa se faz merecedora é que advém a cura (lei de ação e reação espiritista). Esta cura está centrada na transformação do espírito em direção de determinados valores como a fraternidade, a humildade, o perdão, o trabalho e o amor.
FR — Afinal, o que faz bem para o espírito?
Sérgio Felipe — O que faz bem para o espírito é a capacidade de amar porque tudo que existe no universo é amor. Biblicamente Deus é amor, tudo que Ele construiu é amor. Mas existem os objetos da criação divina que apesar de serem amor não são capazes de amar porque são seres inanimados. Os seres vivos de diferenciam dos seres inanimados porque eles são capazes de amar. O importante para o esporte é sustentar a capacidade de amar.
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