Aprendendo Hoje para Construir o Amanhã
Durante palestra em pequeno centro espírita, o responsável pelo estudo da noite desenvolvia seu raciocínio sobre a temática programada que, baseada em O livro dos espíritos, de Allan Kardec, envolvia as questões 114 a 131, distribuídas entre os assuntos “Progressão dos Espíritos” e “Anjos e Demônios”.
Considerando a estrutura simplificada do ambiente, comportando um público médio de 30 a 40 participantes, a palestra é desenvolvida sem microfone e com uma proximidade física de todos, dispensando a tribuna ou qualquer outro recurso que iniba a participação dos presentes. O palestrante em questão, rotineiramente escalado para falar em semana previamente determinada de cada mês das atividades, gosta de aproveitar a opinião do público ao longo do estudo.A prática é interessante pois percebe-se uma disciplina natural dos envolvidos, muitas vezes representada por um levantar de mão para pedir a fala ou, mesmo na ausência deste recurso, uma improvisada e educada organização do público em permitir a fala de cada um no momento adequado.
Em determinado instante, quando apresentava seu entendimento de que a encarnação e o processo reencarnatório, a partir da leitura das obras básicas da doutrina espírita, de Allan Kardec, representavam antes de tudo um instrumento de aprendizado do espírito imortal, não podendo ser restringido a mero processo de resgate de débitos passados, um dos presentes questionou quanto à informação recebida em outros ambientes espíritas que o processo reencarnatório basicamente era para corrigir erros de outras vidas, numa permanente quitação de dívidas.
Convidando os participantes a acompanharem a leitura da questão 115 e sua resposta, como também a instrução do Espírito S. Luís sob o título “Necessidade da Encarnação”, inserida no capítulo IV do O evangelho segundo o espiritismo, o palestrante buscou dialogar com os presentes que talvez a informação prestada pretendesse exemplificar casos específicos que, pelos desafios experimentados e a forma como vivemos tais situações, podem representar uma repetição de experiências, um ajuste de conduta, mas que mesmo assim tal situação não pode ser percebida como mero resgate do passado, pois ele por si não resolve a necessidade evolutiva do indivíduo. O que a resolve é transformar tal experiência em aprendizado, com a consequente mudança de valores e formas de agir, para seu desenvolvimento futuro.
Ao meditar sobre o momento observado, fazendo a leitura dos textos estudados, não podemos deixar de perceber o quanto que o sentimento de culpa, inerente àqueles que identificamos ignorância em nós mesmos, tem o poder de restringir a compreensão de um tema à nossa realidade pessoal imediata.
Pensando na responsabilidade do trabalhador e da casa espírita neste processo, lembramos do texto “A Ação Educativa da Casa Espírita” constante do livro Reflexões pedagógicas à luz do evangelho, de Sandra Maria Borba Pereira, que, caminhando para sua conclusão, registra:
“Como podemos observar, é tarefa da casa e do movimento espírita ‘mergulhar’ seus integrantes numa ‘atmosfera’ de autoeducação permanente, através da conquista de um novo olhar sobre a Vida e seu sentido, que deve auxiliar a cada um de nós na construção de um Novo Homem, cujo modelo nos foi oferecido pelo Mestre dos Mestres quando afirmou:
‘Sede perfeitos...’ (Mt 5:48)”
Não podemos deixar de destacar referências importantes que indicam a preocupação de se entender o momento vivido durante a encarnação para construir um futuro melhor, a partir da identificação dos desafios experimentados, mesmo que estes tenham como origem lições mal aprendidas no passado, mas que surgem agora para nos convidar a rever conceitos na busca da felicidade tão esperada, que virá com a nossa harmonia com a Vida, com Deus!
Ricardo Alves é contador, articulista e voluntário no movimento espírita de Natal/RN
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