MERECER MORRER
Morrer é o momento culminante de uma existência, um momento de libertação, deixaremos de ser lagartas para sermos borboletas. Até lá, estaremos sendo convidados a existir em um corpo adequado as nossas necessidades individuais, que está em constantes transformações, portanto supô-lo uma realidade é um equívoco lógico e, ao mesmo tempo, uma ilusão que colocamos dentro de nós. Nós gostaríamos de não morrer, de não perder a realidade que é uma utopia e acabamos esquecendo de aprender a viver, muitas vezes só lembrando nos momentos derradeiros. Até adquirirmos o merecimento de partir, estaremos sendo convidados a aproveitá-la em plenitude, até, quem sabe, conseguirmos o direito de chegar a velhice. Ah, a velhice, como deve ser belo chegar lá, como nos fala o poeta Cícero, no seu livro “Da Velhice”, “(...) não pode haver nada mais belo do que envelhecer”, o melhor período da existência, não ser mais tentado pelas paixões, egoísmo, ambições e posses, onde amamos a vida e não as coisas da vida, modificando os conceitos dos verdadeiros valores humanos. Nesse período, deveríamos ser chamados de “experientes” e não de velho ou idoso (srsr). Reflexionando na nossa existência, acreditamos que o importante não é como vamos morrer, mas como estamos vivendo, pois a morte não transformará nenhum de nós em anjos ou demônios (Emmanuel), continuaremos a ser o que sempre fomos, por mais maquiado, banhado, vestido ou cirurgia plástica que nos façam para ficarmos com uma expressão sorridente ou que coloquem num caixão de ouro no nosso velório, nada mudará nossa essência. Morreremos como vivemos, com os mesmos conteúdos psicológicos. Quanto tempo ainda lhe resta amigo/a? Ainda lhe restam “x” dias e, por mais longos que sejam, existem apenas duas possibilidades: vivê-los em desespero ou vivê-los completamente, fazendo com que tenham importância. Portanto, que possamos viver intensamente cada segundo, nunca permitindo que um dia se passe sem acrescentar nada de bom no nosso existir, sempre com muita responsabilidade, para fazer da cada segundo uma eternidade, pois a vida vale não pelo número de anos que se vive, mas pela profundidade com que se vive cada momento, em viver plenamente o tempo que temos, com a consciência em paz de termos feito o melhor que poderíamos fazer, partindo em paz, a fim de prestarmos conta da nossa administração, pois ninguém morre, a morte é uma ilusão dos sentidos e um passaporte para a verdadeira vida, como dizia o pensador Dogen em pleno século XIII “(...) certa é a morte de tudo o que nasce, certo é o nascimento de tudo o que morre, mas verdadeira é a vida que emana de Deus! Pensemos nisso!
César Rocha
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