Perante o mundo
Aqueles que fogem do convívio social e abominam o mundo, a pretexto de conquistarem a santidade, certamente não ponderaram o exemplo do próprio Cristo, em nome de Quem endossam isolamento e orgulho, egoísmo e deserção.
Descendo gloriosamente do Céu à Terra não recusa o Senhor o contacto da estrebaria que lhe serve de berço.
Na infância em Nazaré, não despreza a oficina singela em que se prepara à frente na luta.
Sua primeira manifestação messiânica surge, comovedora, numa festa de casamento, quando consagra em Caná a pureza serena da alegria familiar.
Para companheiros de apostolado não hesita aceitar homens rudes do campo e da pesca, sem qualquer preconceito religioso, humanamente considerado.
Desejando exalçar a missão da mulher, não vacila em estender mãos amigas à Madalena, reconhecidamente dominada por sete gênios sombrios.
Intentando esclarecer quanto à correta administração da fortuna terrestre, não se furta à companhia de Zaqueu, homem situado à margem da fé.
Por ser puro, não se subtrai à presença dos cegos e dos leprosos, dos paralíticos e dos alienados mentais, cujas chagas e dores toca e alivia.
Porque Judas fosse inclinado a conchavos políticos, não o expulsa da assembléia dos discípulos mais queridos e suporta com paciência a ilusão de que é vítima o apóstolo desditoso.
E, por último, como se quisesse ensinar-nos que a virtude do bem é sanar o mal e que a glória de luz é extinguir as trevas, aceita a morte de ignomínia entre dois malfeitores.
Observando tudo isso, com a desculpa de comunhão com o Senhor, não te ausentes do mundo, abençoado por sua Presença Divina, porque a Terra multimilenária é a nossa sublime escola, santuário de trabalho e fonte viva de amor, a fornecer-nos teto e consolo, esperança e alimento, flor e perfume, experiência e lição, habilitando-nos, generosa, para a ascensão divina ao seio augusto de Deus.
Fonte: Irmão – Chico Xavier/Espíritos Diversos
0 comentários:
Postar um comentário