EDUCAÇÃO PARA O AUTO-AMOR
Quando não nos amamos, queremos agradar mais aos outros que a nós, mendigamos o amor alheio, já que nos julgamos insuficientes ou incapazes de nos querer bem.
O resgate de si mesmo há de se tornar meta prioritária das sociedades sintonizadas com o progresso. O bem-estar do homem, no seu mais amplo sentido, se tornará o centro das cogitações da ciência, da religião e de todas as organizações humanas.
Não podemos ignorar fatores de ordem educacional e social que estimulam vivências íntimas da criatura em sua caminhada de aprendizado. As últimas duas gerações que sofreram de modo mais acentuado os processos históricos e coletivos da repressão atingem a meia idade na atualidade. Renasceram ao longo das décadas de cinquenta e sessenta e se encontram em plena fase de vida produtiva, sofridas pelas sequelas psicológicas marcantes de autodesamor.
Nada, porém, é capaz de bloquear ou diminuir o fluxo de sentimentos naturais e divinos que emanam da alma como apelos de bondade, serenidade e elevação. Nem a formação educacional rígida ou os velhos condicionamentos são suficientes para tolher a escolha do homem por novos aprendizados. Paulo, o apóstolo de Tarso, asseverou: "Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço". (Romanos, 7:19).
Conectar seu conceito a fórmulas comportamentais para aquisição de felicidade instantânea é uma atitude própria de quantos se exasperam com a procura do imediatismo. Amar é uma lição para a eternidade.
Não somos bons ouvintes.
De fato, uma das habilidades que carecemos aperfeiçoar nas relações interpessoais é a arte de ouvir. Mas, da mesma forma que guardamos limitações para ouvir o outro, também não sabemos ouvir a nós mesmos. Que técnicas adotar para estimular nossa habilidade de ser um bom ouvinte:?
Ouvir a alma é aprender a discernir entre sentimentos e o conjunto variado de
manifestações íntimas do ser, sedimentadas na longa trajetória evolutiva, tais como instintos, tendências, hábitos, complexos, traumas, crenças, desejos, interesses e emoções.
Escutar a alma é aprender a discernir o que queremos da vida, nossa intenção-básica.
Amar-se não significa laborar por privilégios e vantagens pessoais, mas o modo como convivemos conosco. Resume-se, basicamente, como tratamos a nós próprios. A relação que estabelecemos como nosso mundo íntimo. Sobretudo, o respeito que exercemos àquilo que sentimos. A auto-estima surge quando temos atitude cristã com nossos sentimentos.
O amor a si não se confunde com o egoísmo, porque quem tem atitude amorosa consigo está centrado no self. Deslocou o foco de seus sentimentos para a fonte de sabedoria e elevação, criando ressonância com o ritmo de Deus.Amar-se é ir ao encontro do Si Mesmo como denominava Jung.
Alinhavemos alguns tópicos sugestivos que poderão constar no programa de debates para reeducação da vida emocional e psicológica à luz dos fundamentos do Espiritismo.
Responsabilidade - Somos os únicos responsáveis pelos nossos sentimentos.
Consciência - O sentimento é o espelho da vida profunda do ser e expressa os
recados da consciência.Nossos sentimentos são a porta que se abre para esse mundo glorioso que se encontra "oculto", desconhecido.
- Ética para conosco - Somos tratados como nos tratamos. Como sermos merecedores de amor do outro, se não recebemos nem o nosso próprio?
- Juízo de valor - Não existem sentimentos certos ou errados.
- Automatismos e complexos - O sentimento pode ser sustentado por mecanismos alheios à vontade e à intenção.
- Auto-amor é um aprendizado - Construir um novo olhar sobre si, desenvolver
sentimentos elevados em relação a nós, constitui um longo caminho de experiências nas fieiras da educação.
Domínio de si - Educar sentimentos é tomar posse de nós próprios.
- Aceitação - Só existe amor a si através de uma relação pacífica com a sombra.
- Renovação do sistema de crenças - Superar os preconceitos. Julgamentos
formulados a partir do sistema de crenças desenvolvidas com base na opinião alheia desde a infância.
- Ação no bem - Integração em projetos solidários. A aquisição de valor pessoal e convivência com a dor alheia trazem gratidão, estima pelas vivências pessoais.
Cuidando bem de nós próprios, somos, simultaneamente, levados a estender ao próximo o tratamento que aplicamos a nós, independente de sermos amados, passamos a experimentar mais alegria em amar. A ética de amor a si deve estar afinada com o amor ao próximo.
-Assertividade - Diálogo interno. Uma negociação íntima para zelar pelos limites do interesse pessoal.
-Florescer a singularidade - O maior sinal de maturidade. Estamos muito afastados do que verdadeiramente somos.
Ter as rédeas de si mesmo - Para muitos o personalismo surge nesse ato de gerir a vida pessoal com independência. Pelo simples fato de não saberem como manifestar seus desejos e suas intenções, abdicam do controle íntimo e submetem-se ao controle externo de pessoas e normas.
-Construção da autonomia - Autonomia é capacidade de sustentar sentimentos nobres acerca de nós próprios.
- Identificação das intenções - aprender a reconhecer o que queremos, qual nossa busca na vida. Quase sempre somos treinados a saber o que não queremos.
Sentir-se bem consigo é sinônimo de felicidade, acesso à liberdade. É permitir que a centelha sagrada de Deus se acenda em nós.
Livro: ESCUTANDO SENTIMENTOS
A ATITUDE DE AMAR-NOS COMO MERECEMOS
WANDERLEY S. DE OLIVEIRA
Pelo Espírito ERMANCE DUFAUX
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