Casas e Causas
No Movimento Espírita é natural que exista a preocupação com a existência de sedes das instituições e, se possível, que sejam próprias.
Nessas sedes se desenvolvem as atividades em geral e, no contexto atual, é desejável que elas ofereçam conforto e boa aparência sem, no entanto, resvalar na grandiosidade e no luxo. Evidentemente que devem ser adequadas ao cumprimento de suas finalidades e também ao meio onde foram edificadas.
A propósito, Emmanuel assim define o Centro Espírita:
Um centro espírita é uma escola onde podemos aprender e ensinar, plantar o bem e recolher-lhe as graças, aprimorar-nos e aperfeiçoar os outros, na senda eterna.
E André Luiz sugere sobre as condições físicas: “O recinto das reuniões pede limpeza e simplicidade”.
A análise histórica poderá ser boa conselheira no sentido de se verificar o que ocorreu com os movimentos religiosos que se fundamentaram nas edificações materiais e na estrutura organizacional.
Com base em Paulo – “Temos um altar” – Emmanuel comenta sobre o “Altar íntimo”:
Até agora, construímos altares em toda parte, reverenciando o Mestre e Senhor. [...] Materializado o monumento da fé, ajoelhamonos em atitude de prece e procuramos a inspiração divina. [...] Apresentemos, portanto, ao Senhor as nossas oferendas e sacri fícios em quotas abençoadas de amor ao próximo, adorandoo, através do altar do coração, e prossigamos no trabalho que nos cabe realizar.
Sobre o assunto, também merecem atenção as sedes de Órgãos e de Entidades Federativas,que têm a tare fa de dinamizar a união e a unificação.
O documento de trabalho Orientação aos Órgãos de Unificação, aprovado pelo Conselho Federativo Nacional da FEB, define conceitos relacionados com o tema, como as ações de Entidade Federativa como Centro Espírita e campo experimental:
Em algumas condições a Entidade Federativa pode executar ações chamadas de campo experimen tal.O campo experimental, agregado à própria Entidade Federativa, ou a um ou mais Centros Espíritas por ela designados, deve ser entendido como um local onde estão sendo implementados projetos, pesquisas e programas de estudo e de prática, inclusive com o objetivo de avaliá-los e convalidá-los. Historicamente, a Entidade Federativa pode ter se estruturado em um Centro Espírita e este pode ter mantido suas atividades, que não devem ser confundidas com as de campo experimental. A estrutura e as atividades que caracterizam um Centro Espírita devem atender às recomendações de Orientação ao Centro Espírita. A Entidade Federativa que mantém campo experimental ou um Centro Espírita deve priorizar suas atividades federativas, de forma coerente com seus estatutos. O campo experimental ou o Centro Espírita podem colaborar com a formação de equipes de trabalho para as atividades federativas, nas quais devese privilegiar a participação representativa e as experiências bem sucedidas de todo o território de abrangência da Federativa.
A sede física de um Órgão ou Entidade Federativa deve ser entendida como um ponto de referência.Na realidade, devese trabalhar com o conceito ampliado de sede – estendida –, e relacionada com a seara espírita e a comunidade em que se inserem.
Entendese por atividade federativa as ações que visem a difusão da Doutrina Espírita, a união fraterna entre as instituições espíritas e os espíritas, bem como o apoio aos Centros Espíritas, propiciando o trabalho em equipe e a preparação de trabalhadores. As ações devem ser implementadas pela Entidade Federativa e seus órgãos, em todo o território de sua abrangência.
As sedes devem ser entendidas como postos de trabalho, prioritariamente voltadas para a preparação de trabalhadores espíritas.O foco de atenção dos trabalhadores e o públicoalvo não devem estar circunscritos a trabalhos internos, ou seja, às atividades intramuros.A ação envolve toda a área de abrangência do Órgão ou da Federativa.
O desenvolvimento de atividades com base em objetivos bem definidos enseja condições para o planejamento consubstanciado em prioridades. A execução do plano de trabalho da instituição é fim, enquanto a sede e as necessárias estruturas organizacionais são meios.A edificação física e a orga nização administrativa são im portantes, mas a dinamização das atividadesfim são indispensáveis, para que “prossigamos no trabalho que nos cabe realizar” .
As soluções para os problemas administrativos, inclusive das sedes das instituições, e as recomendações para as suas atividades “devem ter como parâmetro o que é simples e viável para a maioria das instituições” brasileiras, pois urge a difusão dos princípios espíritas em todas as faixas sociais, até mesmo favorecendo o acolhimento dos simples no Movimento Espírita.
A transição para a Nova Era já se inicia e o Espiritismo deve “cumprir seu papel – de consolo, apoio, esclarecimento e contribuição para a libertação espiritual” .
A Causa é mais importante do que a Casa!
Antonio Cesar Perri de Carvalho
Referências
1 AVIER, Francisco C. O centro espírita. Pelo Espírito Emmanuel. In: Reformador, ano 59, n. 1, p. 9(5), jan. 1951.
2 XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Desobsessão. Pelo Espírito André Luiz. 5. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 10.
3 HEBREUS, 13:10.
4 XAVIER, Francisco C. Fonte viva. Pelo Espírito Emmanuel. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 93.
5 CARVALHO, Antonio Cesar Perri de (Organizador). Orientação aos órgãos de unificação. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 8, it. 3.1, subit. Conceituações, p. 91-92.
6 ______. União com fidelidade, simplicidade e fraternidade. In: Reformador, ano 129, n. 2.185, p. 29(147)-31(149), abr. 2011.
7 ______. Acolhimento dos simples. In: Reformador, ano 129, n. 2.183, p. 22(60)-24(62), fev. 2011
2 XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Desobsessão. Pelo Espírito André Luiz. 5. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 10.
3 HEBREUS, 13:10.
4 XAVIER, Francisco C. Fonte viva. Pelo Espírito Emmanuel. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 93.
5 CARVALHO, Antonio Cesar Perri de (Organizador). Orientação aos órgãos de unificação. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 8, it. 3.1, subit. Conceituações, p. 91-92.
6 ______. União com fidelidade, simplicidade e fraternidade. In: Reformador, ano 129, n. 2.185, p. 29(147)-31(149), abr. 2011.
7 ______. Acolhimento dos simples. In: Reformador, ano 129, n. 2.183, p. 22(60)-24(62), fev. 2011
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