Roteirista Wagner de Assis fala sobre os bastidores do filme Nosso Lar
A única certeza que temos ao nascer é de que vamos morrer um dia. Quase sempre cercada por temores e curiosidades, essa convicção nos acompanha ao longo da vida. Como será o lado de lá? O que encontraremos? São muitas as perguntas e, justamente por tratar o assunto de forma instigante, o livro Nosso lar, ditado pelo espírito André Luiz e psicografado por Chico Xavier, é destaque na preferência do público leitor, espírita ou não. Desde o lançamento de sua primeira edição (FEB editora), em 1944, já foram vendidos dois milhões de exemplares. A única certeza que temos ao nascer é de que vamos morrer um dia. Quase sempre cercada por temores e curiosidades, essa convicção nos acompanha ao longo da vida. Como será o lado de lá? O que encontraremos? São muitas as perguntas e, justamente por tratar o assunto de forma instigante, o livro Nosso lar, ditado pelo espírito André Luiz e psicografado por Chico Xavier, é destaque na preferência do público leitor, espírita ou não. Desde o lançamento de sua primeira edição (FEB editora), em 1944, já foram vendidos dois milhões de exemplares. O romance que conta a trajetória espiritual do médico foi traduzido para os principais idiomas do mundo e mereceu um honroso primeiro lugar entre os dez melhores livros espíritas publicados no século 20.
Por ser um best-seller, pode-se imaginar o tamanho do desafio enfrentado pelo cineasta Wagner de Assis para colocar nas telas do cinema a obra com a dimensão doutrinária que possui.
A partir de 3 de setembro, esse trabalho – cujos números da produção cinematográfica parecem seguir a obra escrita – poderá ser conferido em todo o país. Mais de cinco mil pessoas participaram do projeto, com mais de mil figurantes. Os efeitos especiais passaram por 90 profissionais e foram feitos em Toronto, no Canadá, para que a colônia espiritual Nosso lar ganhasse as dimensões descritas no livro.
Espírita, o cineasta Wagner de Assis fala em entrevista exclusiva para o Correio Fraterno sobre os bastidores dessa superprodução que retrata a problemática profunda do destino do ser.
Por que a história de Nosso lar foi escolhida para ir às telas?
Não há quem não leia Nosso lar e não tenha uma experiência única – desde a temática, passando pela força da narrativa, até a visualização de tamanhas novidades. É uma história poderosa em inúmeros aspectos, mas que precisava da hora certa para ser feita no cinema, com a tecnologia correta e viável. Acredito que o cinema reflete muito o seu tempo – entre outras tantas qualidades. Os tempos de hoje são os "chegados", como já anunciado.
Quais os desafios de um filme que trata sobre uma questão de difícil assimilação para a maioria das pessoas, a imortalidade do espírito?
Antes de tudo, sabíamos da importância do livro e respeitamos em todos os momentos a obra. Nunca pensamos em dar voos diferentes do que já estava nas páginas. Mas cinema é uma história contada em menos de duas horas. Há dezenas de histórias diferentes em Nosso lar. Tínhamos que exercitar a síntese, fazer as escolhas certas, em função do protagonista, para a narrativa ser bem contada na tela. Espero que tenhamos acertado. O roteiro buscou a essência do livro – um homem acorda no mundo espiritual. Esse é o plot dramático – descobrir um novo mundo. Mas há inúmeras questões: que mundo é esse? O que acontece com ele? O que fazer a partir dali? Acho que roteirizar é ver o filme antes de todo mundo e colocar no papel. E, dentro dessa jornada de descobertas, vemos que ela se transforma numa jornada de superação e aprendizado. Há pessoas que cruzam o caminho deste homem, há novos paradigmas a serem vividos e questões ainda não respondidas no passado.
Como foi a pós-produção?
Os efeitos são um ponto vital para a história. Precisávamos criar uma cidade no computador e lidar com ela durante as filmagens. Filmamos sempre no limite do cenário construído e do cenário virtual que seria acrescido. Tivemos dias com mil figurantes, equipes de preparação enormes, virando 24 horas por dia para que tudo pudesse ser feito. E isso apenas no mundo encarnado!
Em quanto tempo se deu esse trabalho até a finalização?
Filmamos em oito semanas. Pré-produzimos em doze. E pós-produzimos em quase nove meses. Ao todo, desde que os direitos foram negociados, passaram-se quatro anos. Nem planejávamos estrear em 2010; não tínhamos consciência do grande momento em relação ao Chico Xavier. Mas estava tudo planejado na espiritualidade. Fomos apenas os mecanismos. Não houve um dia sequer durante este trabalho que não senti a magia presente em nossas vidas. Um aprendizado e tanto!or
As questões transcendentais que sempre acompanharam a jornada humana se fazem agora mais presentes?
Acho que o cinema reflete seu tempo. Não sei se é um novo filão. Também não entendo o que são "filmes espíritas" – criando um gênero que não sei muito bem como é. Até agora, houve duas cinebiografias (Bezerra de Menezes e Chico Xavier) e teremos um drama, que é o Nosso lar. O tema espiritualidade certamente veio para ficar, sem medos, sem problemas em celebrar a espiritualidade. Já ouvi que é uma nova "invasão organizada" da realidade da vida espiritual, assim como houve no século XIX com Allan Kardec e as próprias Irmãs Fox na América do Norte.
Para você, qual o ponto alto ao fazer esse filme?
Acho que sair de uma vontade pessoal e encontrar tantas pessoas que tornem essa vontade real é um aprendizado para a vida toda. Aprender a acreditar cada vez mais, entender que somos apenas mecanismos e que cinema é a arte de todos juntos. Também perceber que a espiritualidade permitiu que esse trabalho fosse feito, porque deduzimos que se não fosse para ser feito, certamente não estaríamos aqui. Só isso já é um motivo de agradecimento eterno. Por isso, sempre haverá novas histórias e novos projetos. Afinal, André escreveu 16 livros. Que todos os espíritas sintam-se responsáveis por essa conquista, assistam ao filme e nos ajudem a divulgar. Precisamos que essa "maioria silenciosa" de espíritas e simpatizantes que, acredito, existe no país, se manifeste agora para ir ao cinema. E isso não é só pelo filme. É pela temática – vida espiritual – e pelos novos tempos.
Um estímulo à leitura e à reflexão
O telefone toca. Do outro lado dá para sentir o entusiasmo do ator Renato Prieto quando ouve a proposta de nossa entrevista: falar sobre seu personagem André Luiz, no filme Nosso lar. O capixaba que mora no Rio de Janeiro tem 25 anos de carreira em televisão e teatro. Espírita, foi buscar na obra de Chico Xavier a inspiração para o papel: “À medida que iam se aproximando as filmagens eu a reli diversas vezes. Compor o personagem foi uma grande e amorosa batalha, já que ele é diametralmente diferente de mim. Foi necessário vivenciar cada passo da sua jornada.” Renato emagreceu dezoito quilos em 45 dias para viver a condição de André Luiz em seu despertar. Clima de harmonia e emoção dominava os bastidores do filme e particularmente o ator nas cenas com a atriz Selma Egrei, que faz o papel da mãe do médico. Em reunião no início do ano com a Federação Espírita Brasileira, em Brasília, membros da equipe do filme Nosso lar narraram, segundo o secretário geral do Conselho Federativo Nacional da FEB, Antonio Cesar Perri de Carvalho, interessantes informações sobre a sensação de envolvimento espiritual que ocorreram durante as filmagens.” O risco de que o grande público veja a desencarnação de André Luiz como regra geral e experiência única é questionado. Afinal, dentre as cinco obras básicas que compõem a codificação espírita, está o livro O Céu e o inferno de Allan Kardec, que demonstra, além da imortalidade do espírito, a consequente condição do despertar de cada individualidade, em função do modo como viveu; a cada um segundo suas obras, como disse Jesus. Para Cesar Perri, Nosso lar abrirá portas. Segundo ele, “a desencarnação, atendimentos iniciais e adaptações do espírito André Luiz não foram nada fáceis. Os que tiverem dúvidas poderão buscar a leitura das obras correlatas. Todo o filme provoca estímulo à leitura do livro o que o gerou e de obras similares. Será um bom estímulo à leitura e à reflexão sobre as questões de vida e de morte. Caberá ao Movimento Espírita gerar uma onda de esclarecimentos e de analogias com obras sérias. Infelizmente, a obra O céu e o inferno é bem pouco estudada e divulgada entre os próprios espíritas e, sem dúvida, será um excelente momento de alavancar sua difusão.” O diretor Wagner de Assis concorda com Perri e revela que uma das preocupações foi justamente não deixar que as pessoas “rotulassem” o personagem. “Claro que sempre há riscos, quando se lida com meios de comunicação de massa. Para quem quiser se aprofundar, nada melhor que ler o Nosso lar e, quem sabe, os demais livros da série André Luiz”. Wagner recorre a uma afirmação do próprio André Luiz, que vai mais longe em sua análise: “O simples baixar do pano não resolve transcendentes questões do infinito. Uma existência é um ato. Um corpo, uma veste. Um século, um dia. Um serviço, uma experiência. Um triunfo, uma aquisição. Uma morte, um sopro renovador. Quantas existências, quantos corpos, quantos séculos, quantos serviços, quantos triunfos, quantas mortes necessitamos ainda?” O recado está dado.
Fonte: http://www.correiofraterno.com.br/
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